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OPINIÃO

Marluci Martins: "Finalmente não tivemos sono vendo a seleção jogar"

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

15/10/2021 00h50

Atuando em Manaus, o Brasil venceu o Uruguai por 4 a 1, na noite de hoje (14), pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo, em atuação que animou a torcida. Neymar, que abriu o placar, e Raphinha, autor de dois gols, se tornaram os destaques do triunfo — Suárez, para o Uruguai, e Gabigol foram os autores dos outros gols do jogo.

No Fim de Papo, transmitido pelo UOL Esporte após as partidas da seleção, os colunistas Marluci Martins, Mauro Cezar Pereira e Rodolfo Rodrigues analisaram a atuação da equipe comandada por Tite e fizeram elogios ao desempenho.

"Finalmente não tivemos sono vendo a seleção brasileira jogar. Aconteceu o que a gente esperava há um tempo. Para mim, foi a melhor atuação da seleção nos jogos recentes. Uma seleção rejuvenescida, placar poderia ser até mais elástico. Vimos uma seleção jovial. Raphinha deu um gás, uma oxigenada nesse time. A seleção era meio preguiçosa, meio sem ambição, cansada, e o Raphinha trouxe uma alegria já nos dois jogos anteriores e, hoje, na primeira oportunidade como titular, pode ser ainda mais desenvolto. Foi um titular que não sentiu em nenhum momento o peso, tentou as jogadas, foi um excelente parceiro para o Neymar. Foi além das minhas expectativas porque uma coisa é entrar sem nada a perder, entrar sem tanto compromisso, responsabilidade... Titular é diferente, tem de mostrar serviço por mais tempo. E ele deu conta. Estou falando nele porque é bom a gente ver. A gente critica o Tite, merecidamente, pelo que a seleção não vinha jogando, e ele foi um achado do Tite", disse Marluci.

Mauro Cezar Pereira apontou que, apesar de não ter uma geração que salta aos olhos, o Brasil tem sempre possibilidade de ver surgir um nome que pode fazer a diferença, como é o caso atual de Raphinha.

"É sempre bom não perdermos a noção de que a seleção brasileira, independentemente dos jogadores, momento, geração, sempre estará entre as principais seleções. E é o que está acontecendo. Não tem a melhor geração, longe disso, mas ainda assim é uma reunião de bons jogadores, e com a possibilidade de aproveitamento de alguns que, eventualmente, não são utilizados e surgem, o que poucos países têm. A França tem uma seleção melhor que o Brasil, essa geração francesa é melhor, mas o Brasil, talvez, tenha até mais fatura. O Raphinha tem a formação toda na Europa. Começou no Avaí, mas foi jogar profissionalmente na Europa", apontou.

Raphinha iniciou no Avaí, mas ainda cedo foi para Portugal, onde atuou por Vitória de Guimarães e Sporting. Posteriormente, transferiu-se para o Rennes, da França e, atualmente, está no Leeds United, da Inglaterra.

"Ele vem em uma escalada muito interessante. Talvez, pudesse ter sido chamado há mais tempo, mas claro que, às vezes, não encaixa tão bem. E ele aproveitou bem. Raphinha jogou algumas partidas entrando na parte final, que é mais fácil, mas agora jogou de saída e foi muito bem", salientou Mauro.

O colunista do UOL Esporte lembrou o momento conturbado pelo qual o Uruguai passa, mas salientou que isso não diminui o desempenho que o Brasil teve nesta noite.

"As pessoas têm de lembrar que as cobranças e críticas foram pertinentes, como os elogios são pertinentes. A seleção brasileira jogou bem, foi um jogo que o Uruguai não incomodou, assim como não incomodou a Argentina. É um time fraco, jogo coletivo ruim, apesar de bons nomes. Independentemente disso, o Brasil se impôs e venceu. E já vimos o Brasil, contra este Uruguai e adversários fracos, jogando mal. Hoje jogou bem, houve um progresso, time teve mais movimentação, jogou mais solto. Neymar fluiu mais também, fez uma bela partida, liderou tecnicamente a equipe. Hoje o Tite ganha elogios e a seleção ganha elogios. Hoje está todo mundo satisfeito com o nível que o futebol apresentou".

Rodolfo Rodrigues concordou com os companheiros de bancada sobre o desempenho do Brasil frente ao Uruguai e avaliou ter sido uma das melhores atuações do time canarinho sob o comando de Tite, com elogios também a Neymar.

"Foi uma atuação de gala da seleção brasileira, uma das melhores sob o comando do Tite. A seleção foi objetiva, rápida, eficiente, e só não fez mais porque parou no [goleiro] Muslera. Jogou bem do início ao fim, massacrou o Uruguai. Na volta ao público aos jogos da seleção brasileira, vimos uma atuação muito boa de quase todos os jogadores. O Raphinha levantou a seleção com sua vontade, acho que isso contagiou. Mostrou que tem lugar. Acho que o Brasil estava um pouco carente deste jogador na posição, tentou Firmino, o próprio Jesus, Richarlison, Everton Ribeiro... Acho que acertou o posicionamento pela direita. Destaque para o Paquetá pela esquerda. Neymar jogando centralizado voltou a jogar bem, esteve ligado em campo. No fim, foi o cara que comandou a seleção, fez o que a gente espera dele. Hoje foi muito bem", afirmou.

O também colunista do UOL Esporte enalteceu a leitura de jogo do treinador brasileiro, e colocou como ponto negativo o jejum que o atacante Gabriel Jesus atravessa pela equipe nacional.

"Acho que o Tite escalou bem o time, fez boa leitura do time uruguaio. No segundo tempo, sentiu um pouco a queda e colocou o Antony, isso deixou o Brasil pressionando o Uruguai, que conseguiu um gol de falta no talento do Suárez. Jesus acho que fez boa apresentação, mas são 15 jogos sem marcar. Talvez, ainda não esteja encontrando seu espaço, parece ainda inseguro. Críticas à seleção são pertinentes porque a gente sabe o quanto essa seleção pode render. Como consegue jogar tão bem contra o Uruguai e faz apresentações tão pífias na Copa América e Eliminatória recentemente?".

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL