Topo

Análise de dados no futebol tem subjetividade, mas passa por padronização

Do UOL, em São Paulo

16/10/2021 04h00

O desenvolvimento tecnológico permite que diversos aspectos possam ser trabalhados no esporte utilizando os números e dados estatísticos, que cada vez apresentam novas informações que podem servir para transmissões, análise de partidas e até mesmo para avaliação de desempenho dentro das próprias equipes em diferentes modalidades. Mas o futebol tem um particular, que é a maior subjetividade em alguns quesitos.

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, Augusto Oazi, editor de dados da Opta Sports, empresa que trabalha no segmento de fornecimento de dados para análise esportiva, explica que, para evitar a subjetividade em alguns quesitos, os analistas passam por repetidos treinamentos e contam com uma padronização para definir no momento de avaliar um passe certo ou uma chance clara de gol, por exemplo.

"Essa parte de como a gente define o que é um passe certo, o que é um passe errado, finalização na trave, bloqueada, defendida, tem um documento da Opta gigante, várias páginas, onde mostra para o analista o que ele tem que considerar em cada situação", explica.

"É claro que ainda tem um pouco de subjetividade daquela pessoa que está assistindo o lance de falar 'essa é uma grande chance perdida' ou 'essa é uma defesa do goleiro', mas isso é padronizado através de diversos treinamentos. Um analista para começar a analisar um jogo, ele fica fazendo muito jogo sem valer. Ele fica repetindo o que as outras pessoas estão fazendo para ver se a tomada de decisão dele está de acordo com os padrões da empresa", completa.

Oazi conta que, para evitar problemas e erros no momento de transmitir os dados de uma partida, cada uma delas conta com três pessoas responsáveis.

"Cada jogo tem três analistas assistindo à transmissão. Um analista fica com o time da casa, um fica responsável pelas ações do time visitante e um fica supervisionando esses outros dois analistas caso tenha algum lance mais polêmico, duvidoso, que não consegue ali, pela transmissão, na hora, saber o que aconteceu. Ele fica de backup para buscar essa informação. É tipo um jogo de videogame, só que ao invés de você comandar o jogador, você tem que, no computador, repetir o que está acontecendo em campo", explica.

Ele explica ainda que a marcação de cada número na análise do futebol é feita manualmente, enquanto outras modalidades podem contar com um sistema computadorizado para atualizar os dados.

"Hoje no futebol é tudo feito bem manualmente, apesar de ter muitos avanços do sistema de visão computacional. Esses avanços estão mais restritos, por enquanto, aos esportes americanos, basquete, que têm menos pessoas em campo, em que as ações são menos duvidosas do que acontece no futebol", explica.

No caso do futebol também há dados que acabam utilizados pelos clubes para a avaliação da atuação de seus jogadores, enquanto as informações mais básicas abastecem principalmente as casas de apostas.

"No futebol existem, praticamente, dois tipos diferentes de dados, um é o dado que as casas de apostas usam para as apostas em tempo real, que tem que ser um dado muito rápido, porque a casa de apostas precisa saber antes do apostador que aconteceu alguma coisa no jogo. Esse dado é coletado diretamente no campo por analistas que ficam nas arquibancadas ou em alguns lugares que os times proporcionam para que eles mandem instantaneamente os dados de gols, escanteios. São estatísticas mais básicas, essas estatísticas comuns que a gente vê como apostar", explica.

"Isso é feito instantaneamente por meio de celular por pessoas que estão no campo. Tem esse outro tipo de dado mais detalhado, que são os dados que a gente acaba utilizando nas transmissões e que os times utilizam nos departamentos profissionais, que são número de passes, número de desarmes, rebatidas, se a finalização é certa ou errada, se é na trave, com o pé esquerdo, com o pé direito. Isso é feito através de vídeo", conclui.

O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.