Gol do Flamengo contra Cuiabá foi legal? Ex-árbitros analisam lance
O jogo entre Flamengo e Cuiabá, realizado ontem pelo Campeonato Brasileiro e encerrado em 0 a 0, ficou marcado por uma polêmica envolvendo um gol anulado do atacante Michael, do time carioca.
A jogada se deu ainda no 1° tempo. Após a zaga do Cuiabá afastar mal, Matheuzinho, já na linha de fundo, ficou com a bola, acionou Gabigol e se movimentou para receber de volta. O atacante tocou para o companheiro e o zagueiro Alan Empereur fez o corte, mas o lateral conseguiu recuperar e permitiu a Michael balançar a rede de Walter.
A jogada, no entanto, parou no VAR e foi invalidada pelo árbitro Flávio Rodrigues de Souza. O motivo? Impedimento de Matheuzinho no momento do passe de Gabigol. O fato gerou dúvidas nos torcedores: o lateral participou efetivamente do lance antes do corte de Empereur? O zagueiro do Cuiabá deu origem a uma nova jogada ao tocar na bola?
O que dizem os especialistas?
O comentarista de arbitragem da transmissão do duelo no SporTV, Sandro Meira Ricci, discordou da marcação de Flávio na "Central do Apito".
"O Matheuzinho estava adiantado, mas o Empereur joga a bola. Ao jogar a bola, ele habilita, tira o impedimento. A questão é saber se o árbitro considera que o Matheuzinho, pela proximidade, interfere na possibilidade de o Empereur jogar. Eu não considero. Considero que o Empereur tinha proximidade, mas jogou sem nenhum tipo de problema, sem dificuldade", disse ele à emissora.
Arnaldo Cézar Coelho, um dos mais famosos nomes do apito brasileiro, também questionou a jogada. Ele lembrou da final da Liga das Nações, quando Mbappé, impedido, aproveitou desviou do zagueiro para marcar um gol - validado pela arbitragem.
"Alguém pode me explicar por que o gol do Mbappé foi legal contra a Espanha e o gol do Michael foi anulado? Quero entender o critério", escreveu o ex-parceiro de Galvão Bueno no Twitter. "Aos teimosos, o toque do zagueiro habilitou o jogador que estava em posição de impedimento. Outra jogada. Gol legal e fim de papo", prosseguiu.
Assunto não é unânime
O UOL Esporte ouviu outros especialistas para esclarecer o assunto. Para o ex-árbitro Alfredo Loebeling, a decisão de Flávio após checagem de vídeo foi correta.
"O Matheuzinho estava em posição de impedimento. Lembrando que estar em posição de impedimento não é estar impedido. O VAR chamou o árbitro para ele ver se aquela movimentação era suficiente para chamar a atenção dos outros jogadores. Ele participa da jogada. Pra mim, é muito bem anulado o gol. Ele chama a atenção e o lance vem de uma dividida, inclusive. O gol é bem anulado, o jogador está impedido. É o que nós chamamos de passar de passivo para ativo no lance", disse ele.
Já Renato Marsiglia, que trabalhou no Grupo Globo e hoje é professor do curso Fifa/Cies (Centro Internacional de Estudo do Esporte) da FGV, considerou equivocada a anulação. Também aposentado do mundo do apito, ele foi outro que citou a jogada envolvendo Mbappé.
"Eu entendo que o jogador do Cuiabá 'ataca' a bola, ou seja, toma a iniciativa de interceptar a jogada. Não foi a bola que foi jogada ao seu encontro. A partir deste movimento voluntário, no momento em que toca na bola, o zagueiro habilita o jogador do Flamengo que estava em posição irregular. É um lance mais claro ainda que o do Mbappé na final da Liga das Nações, onde o zagueiro espanhol toca levemente na bola e habilitou ele, que estava em posição de impedimento. Pessoalmente, eu não gosto desta interpretação, pois um defensor não pode deixar de disputar um lance na expectativa de que o atacante esteja impedido. Existem lances ajustados até para quem utiliza recursos eletrônicos, imagina para o jogador dentro do campo. Mas, pela regra, o gol foi legal".
Por fim, um ex-árbitro que falou sob condições de anonimato concordou com Marsiglia. "Pra mim, gol legal. O Matheuzinho não disputa e depois recebe a bola do adversário. No momento do passe, tinha distância do Matheuzinho com o zagueiro."
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