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Liga dos Campeões - 2021/2022

Como Ajax e Borussia Dortmund podem inspirar projetos de clubes brasileiros

Haaland custou 20 milhões de euros e poderá ser vendido por valor muito maior - Thilo Schmuelgen / Reuters
Haaland custou 20 milhões de euros e poderá ser vendido por valor muito maior Imagem: Thilo Schmuelgen / Reuters

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

19/10/2021 04h00Atualizada em 19/10/2021 09h20

Ajax e Borussia Dortmund se enfrentam hoje (19), às 16h (de Brasília), pela terceira rodada do grupo C da Liga dos Campeões. Em campo, holandeses e alemães disputam a liderança da chave, já que ambos têm seis pontos, com 100% de aproveitamento. E fora das quatro linhas, seguem projetos que podem servir de inspiração para clubes brasileiros, de maneiras diferentes.

O foco em jogadores jovens e na reversão de lucros de vendas para base ou prospecção de talentos é comum aos clubes. Assim, tanto Ajax quanto Borussia conseguem melhorar seus times e manter a saúde financeira.

Ajax aposta alto na formação

O Ajax tem uma das academias mais famosas do mundo da bola. O histórico aproveitamento na formação de talentos da 'De Toekomst' (O futuro, em tradução livre) é reflexo dos conceitos estabelecidos desde a época de Johan Cruyff.

Embasado em pilares que estabelecem uma relação forte dos jogadores com clube e a busca pela qualidade aliada ao resultado, a equipe procura desde suas categorias mais jovens abastecer, primeiro, sua equipe, para depois a recuperar valores.

O Ajax aposta no DNA do clube, adota uma forma de jogar específica, ofensiva, que defende a qualidade individual, incentiva o drible e a posse de bola. E tem como regra aproveitamento de atletas egressos da base em suas equipes, muitos deles descobertos no 'Talent Day', quando a academia abre as portas para equipes amadoras de crianças e jovens atrás de novos atletas. Em média, há ao menos cinco jogadores no time de titular egressos das categorias inferiores.

Sob tal bandeira, o clube formou, aproveitou e vendeu muito bem recentemente. A soma das negociações de De Ligt (Juventus), De Jong (Barcelona), Dest (Barcelona), Dolberg (Nice), Lassina Traoré (Shakhtar Donetsk) e Van Beek (Manchester United), totaliza 262,3 milhões de euros (R$ 1,6 bilhão na cotação atual).

Mais da metade do valor de vendas de atletas da base é repassada exatamente para a academia do Ajax. O investimento é um dos mais altos da Europa, proporcionalmente, em profissionais de análise de mercado, treinadores, estrutura e tecnologia. O que sobra ainda garante investimento em funções pontuais para equipe, como Haller, que custou 22,3 milhões de euros (R$ 142,7 na cotação atual), e Antony, comprado por 16 milhões de euros (R$ 102,4 na cotação atual).

Prospecção é a arma do Borussia Dortmund

O Borussia Dortmund também dá atenção à formação de jogadores, mas a grande aposta do time alemão é a prospecção. Observar o mercado, contratar atletas por um valor inferior, dar oportunidade de crescimento, chance no time, e vender posteriormente por cifras muito maiores é a receita básica do sucesso.

Sobram exemplos de boa observação, investimento, crescimento e venda posterior. O caso mais recente é Jadon Sancho, que chegou do Manchester City na temporada 2017/2018 por 7,8 milhões de euros (R$ 50 milhões na cotação atual). Depois de estourar, foi negociado por 85 milhões de euros (R$ 544,2 milhões na cotação atual) com Manchester United.

Não foi ato isolado. Ousmane Dembélé foi comprado do Rennes por 35 milhões de euros (R$ 224 milhões na cotação atual), e vendido ao Barcelona por 135 milhões na moeda europeia (R$ 864,2 milhões na cotação atual). Aubameyang chegou do Saint-Étiene por 13 milhões de euros (R$ 83,2 milhões na cotação atual), e saiu para o Arsenal por 63,7 milhões (R$ 407,8 milhões na cotação atual). Pulisic, cria da base prospectado nos Estados Unidos, rendeu 64 milhões de euros (R$ 409,7 milhões na cotação atual).

O tratamento dado aos jovens ecoa no futebol. O aproveitamento sem medo de jogadores ainda inexperientes atrai promessas ao clube. Tanto que o meio-campista Jude Bellingham rejeitou oferta do Manchester United sob argumento de ter projeção maior no Dortmund.

"A maneira como eles integram os jogadores jovens ao time principal é outro nível. Não existe nenhum clube na Europa que faça isso como eles. Eles revisam suas atuações. Tem uma pessoa lá para cada jogador. Todo mundo tem esse sistema de apoio para trabalhar por uma chance na equipe principal", disse quando foi comprado por 23 milhões de euros (R$ 147,2 milhões na cotação atual).

Hoje, Erling Haaland é um "cheque em branco". Comprado por 20 milhões de euros (R$ 128 milhões na cotação atual), certamente será o próximo exemplo de lucro gigantesco do clube do Vale do Ruhr.