Torcedores do Fla fecham "hotel fantasma" no Uruguai e ficam sem hospedagem
Imagine você se planejar antecipadamente para viver o sonho de ver ao vivo seu time disputar a final da Libertadores em outro país e, mesmo com tudo teoricamente garantido, ser surpreendido negativamente - a pouco mais de um mês da data do jogo — com a informação de que ficou sem hospedagem? Isso aconteceu com um grupo de torcedores do Flamengo que descobriu, por meios próprios, que havia reservado um "hotel fantasma" em Montevidéu (URU), palco da decisão entre o Rubro-Negro e o Palmeiras no dia 27 de novembro.
O estabelecimento era chamado de "Balmoral Plaza Hotel", com uma boa localização no centro da capital uruguaia e próximo ao estádio Nacional, local da partida. Os hóspedes ouvidos pelo UOL Esporte fizeram a reserva através do site "Airbnb".
A tranquilidade em saber que estava garantido no local da final passou a dar lugar à preocupação com os rumores que começaram a surgir de que o hotel específico já não estava em funcionamento.
"O hotel estava com um preço bom, próximo ao hotel que o Flamengo ficará e próximo ao estádio. Fiz a reserva sem problema nenhum. Depois de uma semana, porém, não conseguia falar com o anfitrião e vi uma notícia de que o hotel tinha falido, e aí percebi que era por isso que não estavam me respondendo. Daí então entrei em contato com o Airbnb, que me pediu de três a cinco dias para o anfitrião responder, até que eles me disseram que realmente o anfitrião não estava respondendo", declarou ao UOL Esporte o rubro-negro Fábio de Santana Moreira, que havia feito a reserva dos dias 25 a 28 de novembro.
Com a confirmação de que o hotel estava desativado, Fábio passou a cobrar uma solução ao Airbnb, mas nenhuma delas se tornou compatível com as condições que havia reservado anteriormente.
"Foi quando comecei a apertar e cobrar que eles tinham que me remanejar ou fazer uma logística que atendesse minhas condições. Me passaram uns quatro links de outros hotéis, mas não eram no mesmo valor e a localidade e a estrutura eram totalmente diferentes", ressaltou.
Atualmente, Fábio tem a sinalização de que o valor da reserva será estornado pelo Airbnb na fatura de seu cartão de crédito, mas a situação não o deixou satisfeito. Ainda sem hospedagem, ele tem toda a logística de transporte comprada, indo até Porto Alegre (RS) de avião e fazendo o restante do trecho em ônibus fretado.
Ainda "a ver navios" em relação à moradia, o torcedor pretende ingressar com uma ação por danos morais e também solicitar que a empresa banque a diferença de valor em um outro hotel, já que os preços das diárias dispararam com a confirmação do Flamengo na final.
"Se um novo hotel custar R$ 30 mil e eu tiver gastado R$ 2 mil no primeiro, quero que eles paguem os R$ 28 mil de diferença", enfatizou.
Advogado de Fábio, Eduardo Magalhães, do escritório "Oliveira e Magalhães Advogados Associados", afirma que o Airbnb possui responsabilidade pelo caso mesmo se dizendo um intermediador de hospedagem.
"O Airbnb cobra taxas pelos serviços e aufere rendimentos, sendo sua obrigação, portanto, garantir a credibilidade das relações ali estabelecidas. E no caso específico, chega a beirar o absurdo o Airbnb não verificar que seu parceiro (hotel) está fechado há bastante tempo por conta da pandemia", declarou Magalhães, complementando:
"Não basta a devolução do valor pago, entendemos que deve a plataforma garantir uma nova hospedagem, mesmo que num valor maior, devendo se responsabilizar pelo pagamento da diferença que o consumidor pagaria. Tudo isso porque a procura de torcedores tem sido enorme e os preços, por conta disso, cada vez mais altos. Além das vagas cada vez mais escassas".
Mesmo com tamanho contratempo, Fábio garante não ter desistido de ir à final e tem procurado novas hospedagens enquanto não resolve o imbróglio com o Airbnb. Ele está na expectativa de que, com a divulgação dos caríssimos preços dos ingressos, alguns torcedores desistam de suas reservas e deixem a vaga liberada.
O ingresso mais barato para a final entre Flamengo e Palmeiras está US$ 200 (cerca de R$ 1,1 mil).
Grupo ressarcido fecha casa em outra cidade
Presente no título da Libertadores de 2019, em Lima (PER), Leonardo Ribeiro não pensou duas vezes em ter a chance de presenciar o bicampeonato em Montevidéu (URU). Rubro-negro otimista, garantiu passagem e hospedagem quando o Flamengo ainda estava nas quartas de final da edição deste ano. O que ele não esperava era que também faria reserva justamente no "hotel fantasma".
Porém, diferentemente de Fábio, o torcedor descobriu que o estabelecimento estava desativado mais cedo, o que o permitiu já ter sido estornado.
"Eu abri um protocolo e o Airbnb me ligou. Era até um cara com sotaque de outro país. Na ocasião, me passou umas orientações de que quando fosse alugar, procurasse falar com o anfitrião antes, e caso ele não respondesse, era para não efetivar a reserva. Aí eu falei: 'Tudo bem, mas isso não é obrigação minha. Se a reserva está lá disponível...'", declarou Ribeiro, que no entanto elogiou a agilidade da empresa para ressarci-lo.
"Mas ele foi super solícito, me informou que estava efetuando o cancelamento e dizendo que poderia demorar até duas faturas para receber o valor, mas que estava cancelado e que eu iria receber tudo. Aí entrei na minha fatura do cartão de crédito e já tinham reembolsado tudo", destacou.
Na ocasião, Leonardo havia feito uma primeira reserva à vista no valor de R$ 3 mil para ficar de 25 a 30 de novembro, mas quando soube que poderia parcelar, cancelou e fez uma nova reserva dividindo-a em quatro vezes. Tanto o cancelamento quanto o estorno foram executados pelo Airbnb.
"O cara do Airbnb até agradeceu o feedback e informou que ia adotar as punições previstas junto ao anfitrião e que estava retirando essa reserva do mercado. Foi rápido, questão de dias, só foi chato por toda a burocracia de entrar no chat, abrir protocolo...", comentou.
Com ele e seus cinco amigos já ressarcidos, Leonardo Ribeiro conseguiu reservar uma nova hospedagem, desta vez numa casa para abrigar todos, só que situada em outra cidade, a cerca de 40 minutos de Montevidéu, bem diferente da proximidade do já saudoso "Balmoral Plaza Hotel".
Airbnb: "Comunicação aos hóspedes deve ser feita diretamente pelo anfitrião"
O UOL Esporte procurou o Airbnb para que a empresa desse seu posicionamento sobre o caso envolvendo os torcedores do Flamengo e o "Balmoral Plaza Hotel". A plataforma informou que está apurando a situação, mas ressalta que nas ocasiões onde há fechamento de calendários de reservas ou retirada de anúncios das acomodações, "a comunicação aos hóspedes deve ser feita diretamente pelo anfitrião, seja de residência ou hotel. Em caso de falha do anfitrião nesse sentido, o Airbnb informa que o reembolso é feito ao hóspede e o anfitrião não recebe qualquer pagamento".
Confira íntegra do posicionamento do Airbnb ao UOL Esporte:
"O Airbnb informa que está apurando o caso relatado pela reportagem, destaca que possui políticas de uso e que qualquer usuário que desrespeite essas regras, sejam hóspedes ou anfitriões, de residências ou hotéis, estão sujeitos às medidas cabíveis, que podem incluir a remoção da plataforma. Além disso, o Airbnb ressalta que oferece suporte a hóspedes e anfitriões 24 horas por dia, 7 dias por semana, por meio da Central de Ajuda, que pode ser acionado para apoio em qualquer fase de uma reserva, desde a busca da acomodação, passando pela estadia até o check-out, ou mesmo para denúncias sobre quebra das regras da plataforma. Sobre fechamento de calendários de reservas ou retirada de anúncios das acomodações, a plataforma informa que a comunicação aos hóspedes deve ser feita diretamente pelo anfitrião, seja de residência ou hotel. Em caso de falha do anfitrião nesse sentido, o Airbnb informa que o reembolso é feito ao hóspede e o anfitrião não recebe qualquer pagamento".
Airbnb tirou do ar; outras plataformas ainda o oferecem
O UOL Esporte fez uma busca na internet para conferir quais sites de hospedagem ainda estavam oferecendo o Balmoral Plaza Hotel em seu portifólio. No Airbnb já não se encontra mais, porém, nos portais "Decolar", "Trivago" e "Kaiak" ainda era possível vê-lo sendo oferecido. No entanto, não se encontravam datas disponíveis.
O site oficial do Balmoral (balmoral.com.uy) está fora do ar. Já seu perfil no Facebook ainda é possível encontrar o estabelecimento, mas a última publicação feita na página foi em 2017.
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