Diretor do Red Bull Bragantino justifica manobra contábil alvo de críticas
Clube-empresa bancado por uma multinacional, o Red Bull Bragantino já conseguiu retorno em campo, com resultados como a chegada à final da Copa Sul-Americana, assim como financeiro, com a negociação de atletas como Claudinho para o Zenit, mas sua gestão também sofre questionamentos em relação às informações demonstradas no balanço financeiro.
Na segunda parte da entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, o diretor executivo de futebol Thiago Scuro nega que tenha faltado transparência na apresentação do balanço financeiro e justifica que a escolha por não tornar públicas todas as informações é uma questão estratégica e comercial do Red Bull Bragantino.
"Nós não deixamos de cumprir a lei, nós publicamos o balanço como a lei exige, a gente simplesmente, por uma questão comercial e estratégica, decidiu não abrir as notas explicativas, onde daria todos os detalhes sobre cada operação de jogador, cada compra, todas essas informações são reportadas à CBF, à Fifa, porque eles têm sistemas de controles de compliance sobre isso, não tem nada escuso ou obscuro. Foi sim uma decisão comercial", afirma Scuro.
O diretor do Red Bull Bragantino afirma que as críticas recebidas pela gestão do clube foram injustas e passaram do ponto por parte de jornalistas especializados em finanças do futebol, como Rodrigo Capelo, do Grupo Globo.
"Enquanto não houver uma padronização para a publicação dos balanços dos clubes, um critério melhor elaborado do que nós temos hoje, a tendência é que a nossa postura seja essa, porque não é o melhor caminho do ponto de vista estratégico da gestão do clube, isso não significa que tem algo errado ou que a gente esteja omitindo as coisas. Então, no fundo, eu lamento muito, eu acho que as críticas passaram do ponto pela frustração do jornalista em não conseguir as informações que ele buscava para publicar análises e artigos", diz Scuro.
"Eu respeito, mas eu vejo essas críticas como bastante injustas, porque por um aspecto mínimo você afirmar que alguém não é sério, não é honesto ou não é transparente, como foi o caso, eu acho que é exagerado, é desproporcional e eu espero que a gente consiga convencer melhor as pessoas no futuro das nossas decisões estratégicas do que foi esse caso, porque, de fato, incomoda ser taxado da forma como nós fomos, sem que a gente esteja fazendo nada de errado", completa
Scuro diz que não considera contraditório que um clube que se apresente pela gestão profissional e como referência para clubes-empresa no Brasil deixe de apresentar todas as informações das notas explicativas no balanço financeiro.
"Eu respeito o ponto de vista. Agora, nós somos uma limitada, nós não temos o processo de aprovação de contas em conselho e esta é a razão pela qual os clubes acabam publicando. Como eu disse, o mesmo número, o mesmo assunto, é contabilmente tratado de maneira diferente nos diferentes clubes do Brasil, então, na verdade, a comparação publicada que é feita, ela não é válida, ela não é legítima", diz o dirigente.
"A partir do momento em que eu contabilizo uma informação de uma forma e você de outra, ser eu comparar a minha declaração com a sua, eu não estou comparando a mesma coisa, e é isso que a gente tem no mercado brasileiro hoje. Tanto é que ano a ano os clubes vão atualizando aqui, regularizando ali", completa.
O diretor explica que as informações detalhadas revelariam custos em operações em relação a contratações de jogadores, o que poderia balizar negociações futuras e que o Red Bull Bragantino não pretende mudar a sua forma de apresentar o balanço financeiro até que haja uma padronização no futebol brasileiro.
"No fundo, é isso, as notas explicativas só dariam as informações detalhadas de quanto custou cada jogador exatamente e qual o detalhe disso. E aí foi essa a decisão comercial e empresarial que a gente preferiu reservar, nós não falamos publicamente sobre os números envolvidos em transações de jogadores, por exemplo, isso vai criando referências no mercado, isso vai balizando as próximas negociações, então foi muito mais uma decisão estratégica", afirma Scuro.
"Agora, é óbvio que se em algum momento houver uma padronização, uma exigência, onde todos tenham que cumprir as coisas da mesma forma, nós vamos fazer. A gente vive um mercado em que os clubes deixam de cumprir com as suas obrigações e continua tudo certo, em que os clubes publicam as informações de maneiras muito diferentes, e aí o mercado respeita e entende. Agora, os números principais ali de receita, despesa, quanto custa a operação do futebol, tudo isso eu posso afirmar que é 100% fiel ao que aconteceu no Red Bull Bragantino e não há nenhum tipo de desdobramento de dado ou manipulação ali", conclui.
O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.
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