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Campeão de Aspirantes crê em sequência na 'produção' do Grêmio: 'Valores'

Elias Manoel (e) e o técnico César Lopes, em título do Grêmio no Brasileiro de Aspirantes - Richard Ducker/C2 Sports
Elias Manoel (e) e o técnico César Lopes, em título do Grêmio no Brasileiro de Aspirantes Imagem: Richard Ducker/C2 Sports

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

29/10/2021 04h00

César Lopes conduziu o grupo de transição do Grêmio a uma virada de lembrar os grandes momentos do clube. Depois de perder o jogo de ida da final do Brasileiro de Aspirantes, se impôs na Arena, goleou o Ceará e ergueu a taça. Porém, tão importante quanto o feito é manter a sequência de atletas egressos da formação aproveitados no principal. E essa condução, na avaliação do técnico, está sendo bem feita e a 'linha de produção' que rendeu milhões nos últimos anos terá novos 'produtos' em breve.

"Nós temos grandes valores na transição, no sub-21. Mas cada jogador tem seu tempo de maturação, de formação, e isso é bem respeitado e avaliado no clube. Acreditamos que, futuramente, com certeza estaremos agregando ainda mais valores ao principal, seguindo essa rotina positiva dos últimos anos", explicou em entrevista ao UOL Esporte.

Grandes valores têm sido rotina na formação do Grêmio. Nomes como Luan, Everton, Matheus Henrique, Pepê, Ruan (ainda no clube, mas já vendido), Walace e Pedro Rocha cumpriram um processo que segue firme no clube. Passagem por grupos de formação, estágio no chamado "transição" e chegada ao principal. No time de cima, destaque e tempo para se valorizar. Posteriormente, venda por valores que fazem do Tricolor superavitário até hoje.

"Nosso objetivo é esse, colocar mais jovens para ter este desafio, se desenvolver, buscar a perfeição e avaliar o nível em que ele se encontra para servir ao principal", disse. "Quando o atleta enxerga e acredita no processo bem conduzido pelo clube, fica mais fácil o diálogo com ele. Todos entendem que terão sua chance, entendem que precisam estar preparados quando esta hora chegar. Somos bem claros com eles, e eles percebem essa verdade", completou.

Neste modelo de 'produção', o lucro tem sido evidente. Somando as vendas recentes de jogadores cuja formação se concluiu no clube, o Tricolor levou, aproximadamente, 60 milhões de euros (R$ 392,4 milhões na cotação atual). E completar o processo é tão importante quanto erguer taças.

César Lopes, técnico campeão do Brasileiro de Aspirantes pelo Grêmio - Richard Ducker/C2 Sports - Richard Ducker/C2 Sports
Imagem: Richard Ducker/C2 Sports

"Estou no clube há 17 anos, passei por várias categorias na base, e nunca fui cobrado somente por resultado, mas por desempenho. Meu papel é apresentar atletas e trabalhar para que evoluam no processo de formação. Se exige o ganho no quesito de resultado. Campeonatos e títulos são importantes, mas não pode ser a qualquer custo. Com um bom trabalho de formação, se chega lá", disse.

Próximo 'no forno'

O grande nome da conquista do Brasileiro de Aspirantes foi Elias Manoel. Com 19 anos, o jovem foi artilheiro da competição com 12 gols em 13 jogos, um deles no jogo do título. Ele já está entre os preferidos da torcida e tem presença solicitada na equipe principal, pela qual já tem dois gols, ambos marcados na Copa Sul-Americana. Para o treinador, trata-se de um atleta que está em fase final de maturação.

"Ele é um atleta que fez o Brasileiro conosco, e foi goleador da competição. Já está integrado ao principal e sua gestão faz parte do elenco principal. Ele tem desenvolvido suas características de força, velocidade, finalização. Ele já jogou muito tempo pelo lado, mas hoje é mais um atacante de referência, joga centralizado. Agora é uma questão de acabamento no principal. Lá, o atleta ganha um refino, tem uma outra jornada, uma outra dinâmica e característica. Mas acredito que em breve possa ingressar com mais frequência no time", contou.

O momento, porém, requer cuidados. Ainda que tenha jogadores que suportam melhor a pressão, a necessidade de tirar o time da zona de rebaixamento joga riscos sobre o lançamento de jovens talentos.

"A avaliação precisa ser individualizada. Há vários perfis de atletas. Uns conseguem lidar melhor com situações de adversidade, mantêm controle e desempenham seu trabalho. Outros precisam de um ambiente mais tranquilo para dar o melhor resultado. Às vezes, na necessidade é que o jogador aparece. Não tem uma teoria que abranja todos. A avaliação precisa ser qualificada e individualizada", explicou César.

Título, superação e modelo de trabalho

Time do Grêmio campeão do Brasileiro de Aspirantes 2021 - Richard Ducker/C2 Sports - Richard Ducker/C2 Sports
Imagem: Richard Ducker/C2 Sports

O título sublinha um trabalho sólido no Brasileiro de Aspirantes. O Grêmio passou em primeiro nas duas fases de grupos. Eliminou o Avaí na semifinal e superou o Ceará na final. Depois de perder o jogo de ida por 2 a 1, fez 4 a 1 no duelo de volta.

"Foi uma competição difícil. Mas fomos vencendo fase a fase com desempenho muito bom. Evoluímos e chegamos bem preparados na final. Sabíamos que era difícil, o Ceará tinha jogadores mais velhos (o limite do campeonato é sub-23, e ainda é autorizada utilização de quatro jogadores acima da idade. Na decisão, por exemplo, Klaus, ex-Inter, jogou), nossa média de idade era 20 anos. Nossos jogadores eram a maioria oriundos da formação. Perdemos o primeiro jogo, mas sabíamos que poderíamos usar a força da torcida a nosso favor na volta, contagiar a torcida, e foi o que aconteceu", comemorou o treinador.

Com título e planejamento, a 'linha de produção' gremista promete seguir rendendo ao time e aos cofres do clube. "A gente trabalha para dar repertório ao jogador. Quanto melhor preparado ele subir, maior a chance do resultado. Abastecemos a formação dentro e fora de campo, para lá na frente ele conseguir uma posição de destaque", finalizou.

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