Corintiano desde o berço, Donelli substitui Cássio e realiza sonho do avô
Para um público de mais de 40 mil pessoas, o Corinthians encara hoje (1º), às 21h30 (horário de Brasília), a Chapecoense na Neo Química Arena pela 29ª rodada do Brasileirão. A equipe não terá o goleiro Cássio, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, e quem ganha oportunidade é Matheus Donelli. Cria do Terrão, o jogador realiza o sonho do avô ao entrar em campo.
Nascido em uma família de corintianos no bairro de Pirituba, zona noroeste da cidade de São Paulo, Donelli não estranhará os cânticos da torcida ou o ambiente de pressão em Itaquera. Afinal, desde criança, o hoje goleiro do Alvinegro se acostumou a frequentar as arquibancadas do Pacaembu ao lado do pai Eduardo Donelli e do avô Sylvino Donelli Neto, o Pitbull.
O avô de Matheus Donelli morreu em 2012 e sua partida é marcada de simbolismo. Em seus últimos dias de vida, Pitbull teve a oportunidade de ver o neto fazer a estreia na base do Corinthians. O curioso é que o goleiro começou o jogo no banco de reservas e entrou no segundo tempo, algo que não é habitual para a posição. Foi a única vez que Sylvino pôde acompanhar Matheus jogando pelo clube do coração.
Naquela mesma semana, o time comandado por Tite enfrentava o Santos pelo segundo jogo da semifinal da Copa Libertadores. No Pacaembu, a Gaviões da Fiel estendeu uma faixa em homenagem ao avô de Matheus Donelli: 'Pitbull, eternamente em nossos corações'. Hoje, a principal torcida organizada do Corinthians repete o gesto de respeito e exibe a mesma mensagem.
"Meu pai está muito orgulhoso do (Matheus) Donelli. Era um sonho vê-lo jogando no Corinthians, o clube do coração da nossa família. A emoção será a mesma de quando ele jogou contra o Palmeiras e contra a Ponte Preta (ambos pela fase de grupos do Campeonato Paulista). Vai ser difícil segurar o choro", confessa Eduardo Donelli, o pai do goleiro, em entrevista ao UOL Esporte.
De 2012 para cá, Matheus passou por todas as categorias de base do Corinthians, foi campeão do mundo sub-17 defendendo a Seleção Brasileira e acabou eleito o melhor goleiro da competição. O caminho até o profissional era visto como natural e com a saída de Walter, no início da temporada, ganhou vaga no CT Joaquim Grava.
'Enteado' de Cássio
Nascido em 2002, Donelli cresceu em uma das décadas mais vitoriosas do Corinthians e viu de perto o goleiro Cássio chegar ao clube e conquistar a idolatria da torcida. A identificação aconteceu facilmente e sua maior referência na posição é também seu companheiro de trabalho.
Assim que Donelli chegou ao profissional foi 'adotado' por Cássio. O experiente goleiro costuma aconselhar o pupilo em tudo, seja algo relacionado ao posicionamento debaixo das traves ou assuntos que extrapolam o futebol, como a escolha de um carro, disciplina necessária para a carreira e questões financeiras.
A dupla treina junto há praticamente um ano e a relação é das melhores possíveis. Quem não soube lidar muito bem com a proximidade do ídolo foi o pai de Matheus, que relata uma brincadeira da família de Cássio.
"A primeira vez que o vi chorei. O Cássio orienta muito meu filho, até na hora de comprar carro e esse tipo de coisa. As três primeiras vezes eu chorei, a esposa do Cássio até brinca comigo e pergunta se eu vou parar de chorar. Quando eu tive covid, o Cássio mandou mensagem pra mim. É um cara do bem, mas daqui a pouco vou perder o lugar de pai (risos)", brinca.
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