Cruzeiro tenta reformular imagem para buscar investimentos e reconstrução
O Cruzeiro completou 100 anos em 2021. O presente óbvio, para torcida e diretoria, seria o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, mas após a derrota para o Remo por 3 a 1 na última quinta-feira, a volta à elite do futebol brasileiro está praticamente descartada.
Lidar com a frustração da torcida e tentar dar esperança para que os torcedores não abandonem o clube, que deve ir para o seu terceiro ano consecutivo na segunda divisão, será uma das incumbências da nova diretoria de comunicação do Cruzeiro, que será anunciada nesta segunda-feira (1º).
"Temos um desafio que está posto e escancarado de redesenhar todo o clube. Isso se dá desde o início da minha gestão, mas, claro, são tantas as dificuldades que o intenso trabalho pode não ficar claro para quem vê de fora. A Comunicação do nosso clube precisa seguir alinhada a esse novo momento", afirmou ao UOL Esporte o presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues.
Para isso, o clube celeste iniciou uma reformulação no seu departamento de comunicação. Na sexta-feira (29), desligou o então diretor da área, Alisson Guimarães. O cargo agora será ocupado por Vinicius Lordello, que chega com a missão de aproximar o clube com a torcida, mas sem dar falsas esperanças aos machucados torcedores cruzeirenses.
"Precisamos ter clareza do que a gente quer. No caso, contar que o Cruzeiro precisa passar pelas trevas para ressurgir, traduzir os movimentos de gestão para que os torcedores entendam o que está acontecendo. Lembrar todo mundo que somos o Cruzeiro, isso não pode ser esquecido", explicou Lordello, em contato com a reportagem.
Com a permanência na Série B, o clube perde mais uma oportunidade de voltar para a primeira divisão nacional e, assim, a chance de voltar a aumentar suas receitas. Para alavancar os ganhos financeiros, o Cruzeiro aposta na transformação para o modelo do clube-empresa.
Desde abril o clube celeste trabalha na proposta. Para isso, conta com o auxílio da consultoria Alvarez & Marsal e da XP Investimentos. A implantação da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) deverá ocorrer até o final do ano. Os ativos do clube serão transferidos para a empresa e por 49% da nova empresa, o clube espera arrecadar R$ 300 milhões.
A realidade hoje, porém, é muito diferente. Com uma dívida que beira o R$ 1 bilhão, a previsão das receitas não ultrapassa R$ 150 milhões. Recentemente, funcionários do clube entraram em greve por conta dos salários atrasados.
"É fato que estamos trabalhando para essa adequação à SAF. Os passos estão sendo dados e temos clareza de que somos o clube do Brasil em processo mais avançado nesse sentido. Mas temos clareza de que viveremos a partir deste fim de ano um novo momento no clube. Estamos trabalhando arduamente para que seja um divisor de águas não apenas dentro da gestão atual, como também para a história do clube", justificou Sérgio Santos Rodrigues.
Fundado em 2 de janeiro de 1921, o clube se prepara para reescrever seus últimos anos, deixar de ser notícia nas páginas policiais e voltar a ser protagonista dos grandes momentos esportivos no país.
"A história não é o que é hoje. A capacidade de geração de receita, a força da marca, nada disso é de segunda divisão. Não posso imaginar que o torcedor só esteja engajado com o time com ele na Série A. É Cruzeiro na A, na B. É trabalhar na reputação da marca, para atrair investidores e potencializar a fidelidade da torcida. Tudo isso fortalece uma retomada esportiva", finalizou Lordello.
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