Coutinho rejeita 'mimo' de Tite e cita trabalho para voltar à seleção
Além da questão envolvendo o terceiro goleiro, a presença de Philippe Coutinho na convocação da seleção brasileira foi o item que mais surpreendeu na lista de Tite para os jogos contra Colômbia e Argentina, pelas Eliminatórias.
Normalmente avesso a entrevistas, o meia foi o primeiro a falar com jornalistas na semana de preparação para os jogos de quinta-feira (11), em São Paulo, e do dia 16, em San Juan.
O retorno de Coutinho, mesmo sem estar em grande fase e ainda buscando o melhor momento após cirurgia no joelho, faz lembrar uma declaração de Tite em 2020. Em entrevista ao jornal "As", da Espanha, o treinador citou na época que Coutinho é o tipo de jogador que "precisa de carinho, conversa, precisa ser mimado". O meia, no entanto, rejeitou a ideia de que o retorno à seleção agora tenha a ver com esse aspecto.
"Isso aí fica sempre com vocês jornalistas, que criam bastante coisa. Eu acredito muito no meu trabalho, no meu potencial, é claro que o professor e o estafe me conhecem de um tempo, não é a primeira vez que sou convocado. Eu venho com bastante confiança para desempenhar meu melhor com o grupo da seleção", respondeu Coutinho.
O retorno à seleção se dá porque Tite resolveu chamar só jogadores que atuam no exterior para evitar desfalques em clubes brasileiros — a exceção é Gabriel Chapecó, goleiro do Grêmio. O encaixe de Coutinho foi na vaga de Everton Ribeiro, do Flamengo. Para permanecer e voltar à relevância que teve no primeiro ciclo de Tite na seleção, entre 2016 e 2018, Coutinho cita "trabalho", embora seja meio clichê.
"É o trabalho, é a tecla que sempre bato. Eu batalhei bastante para ser convocado pela primeira vez, batalhei bastante para me manter e trabalhei muito depois de três cirurgias para poder voltar. O segredo disso é o trabalho e a dedicação, é isso que proponho a mim a cada dia que passa. Não tive sequência de cinco, seis jogos seguidos jogando para estar no meu melhor nível, mas com trabalho as pessoas vão voltar a me olhar com outros olhos", comentou o jogador.
Na temporada atual, Coutinho ainda não se consolidou como titular de um Barcelona em reconstrução. Inclusive, houve mudança de técnico, com a demissão de Ronald Koeman e a chegada de Xavi. O contexto todo é um desafio ainda maior para quem ficou tanto tempo fora, passou por um empréstimo relativamente recente ao Bayern e precisa se afirmar no clube e na seleção.
"Eu me sinto muito bem, óbvio que ficar nove meses parado não é fácil vindo de três cirurgias seguidas no mesmo joelho. Mas desde o momento em que voltei não sinto dor ou incômodo, fisicamente me sinto bem. Precisamos de tempo para estar na melhor forma, mas já tem um tempo que voltei, estou jogando desde de setembro. Essa volta para mim é como se fosse a primeira vez, é assim que encaro em todas as vezes, porque é uma grande honra defender a seleção brasileira", afirmou Coutinho.
A presença de Coutinho entre os convocados não significa titularidade. O retorno se dá a uma seleção com esquema tático diferente. Nada de 4-1-4-1. Agora é um 4-4-2, que faz com que Coutinho dispute posição com Paquetá ou Raphinha, ambos em boa fase nos clubes e com desempenho recente satisfatório na seleção.
"Paquetá é um grandíssimo jogador, vejo a evolução dele e isso é bom para a seleção contar com grandes jogadores. Como falei, eu venho aqui na base do trabalho, quero poder trabalhar, dar meu máximo. Aqui na seleção sempre foi assim com estafe e treinador, quem estiver no melhor momento é o que joga, é o que merece jogar. Aqui sempre foi leal. Eu venho para trabalhar forte e buscar meu espaço", afirmou.
A seleção brasileira enfrenta a Colômbia, quinta-feira, na Neo Química Arena, às 21h30.
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