Vini Jr. tem menos de 180 minutos na seleção e não se encaixa com Tite
Esqueça o jogador insinuante, que tem sido um dos destaques do Real Madrid, com nove gols em 16 jogos na temporada atual. A realidade de Vini Jr. na seleção — e por consequência, seu status junto à comissão técnica — é um quadro bem distinto. A presença na convocação atual acabou sendo fortuita. No que dependesse de Tite, Vini. Jr não estaria com a delegação da seleção brasileira para os jogos contra Colômbia e Argentina. O corte de Roberto Firmino abriu mais uma chance de conexão entre eles, mas a sinergia ainda é insuficiente.
Com Tite, Vinicius acumula 177 minutos em campo, considerando acréscimos, ao longo de sete partidas. A estreia foi em setembro de 2019, na derrota contra o Peru. Nada de gols e sequer uma atuação que tenha se aproximado aos bons momentos no Real Madrid. De quem é a responsabilidade?
Ao olhar para as partidas em questão, o técnico da seleção já usou Vini Jr. de diversas formas. A mais desconfortável de todas, talvez, tenha sido contra o Chile, na única oportunidade como titular. Focado na marcação de Isla em um primeiro tempo terrível do Brasil, Vini foi sacado logo no intervalo — Éverton Ribeiro, seu substituto, fez o gol da vitória. Tite também já o usou aberto pelo lado direito, embora a preferência e o melhor rendimento do atacante sejam pela esquerda. Nos menos de 180 minutos em ação —nem dois jogos completos, afinal—, o roteiro tem de muitas tentativas e muitos erros.
Em contrapartida, na Espanha Vini Jr. tem ganhado moral, elogios da crítica, de dirigentes e de companheiros como o francês Benzema, com quem tem feito uma parceria interessante, independentemente do peso das partidas (Campeonato Espanhol ou Liga dos Campeões). O quesito finalização, motivo de crítica desde o início da carreira no Flamengo, mostra evolução, tornando-se um aliado ao drible.
Mesmo com a diferença de desempenho entre Real Madrid e seleção, Tite surpreendeu ao deixar Vini Jr. fora da lista inicial para os jogos contra Colômbia e Argentina. Embora em posições diferentes, o sarrafo para medir o desempenho de um Coutinho ainda longe da melhor forma, no cambaleante Barcelona, parece ter sido mais baixo.
O técnico da seleção até citou que o atacante do Real Madrid é "um grande jogador, com potencial de crescimento importante, num grande momento no clube, que concorre com aqueles atacantes agressivos que atacam espaço nas pontas". Mas o recado que falou mais alto foi a inclusão de Antony e Raphinha, que foram bem nos jogos mais recentes pela seleção.
A frustração por ter sido preterido foi natural para Vini Jr. Mas a convocação tardia para substituir Roberto Firmino é uma nova chance que veio a galope. A tarefa que Tite deixou pendente é achar um papel para ele. O time titular do Brasil tem nas pontas Paquetá e Raphinha. De um lado, Coutinho pode ser opção. Do outro, Antony. No centro do ataque, as opções são Gabriel Jesus e Matheus Cunha (Richarlison ficou fora da lista).
Então, Vini Jr. seria reserva de Neymar? No treino de titulares x reservas, pode ser. Mas são funções e características muito diferentes — Neymar, inclusive, não tem sido substituído nem quando joga mal.
Como Vini Jr. vai se encaixar? Todos os lados desse debate ainda precisam descobrir.
Jogos de Vini Jr. na seleção
1 - Brasil 0 x 1 Peru (amistoso) - 10 de setembro de 2019
Tempo de jogo: 18 minutos
Entrou aos 28 minutos do segundo tempo no lugar de Richarlison em sua estreia pela seleção. Ocupou mais o lado esquerdo do ataque. Um cruzamento do flamenguista gerou sua única finalização na partida.
2 - Brasil 3 x 0 Venezuela (Copa América) - 13 de junho de 2021
Tempo de jogo: 9 minutos
Entrou aos 39 minutos do segundo tempo no lugar de Gabriel Jesus. Ocupou mais o lado esquerdo do ataque. Tentou um drible, mas errou, e venceu uma de duas jogadas um contra um. Também perdeu uma vez a posse de bola e sofreu uma falta.
3 - Brasil 1 x 1 Equador (Copa América) - 27 de junho de 2021
Tempo de jogo: 33 minutos
Entrou aos 17 minutos do segundo tempo no lugar de Roberto Firmino. Ocupou mais o lado esquerdo do ataque, mas também apareceu muito pela direita. Acertou um drible na única tentativa, e venceu três de quatro duelos pessoais. Acertou 80% dos passes, perdeu quatro vezes a posse de bola e teve uma boa chance de gol num cruzamento de Paquetá. Talvez seu melhor jogo pela seleção.
4 - Brasil 1 x 0 Peru (Copa América, semifinal) - 5 de julho de 2021
Tempo de jogo: 13 minutos
Entrou aos 38 minutos do segundo tempo no lugar de Richarlison. Ocupou mais o lado esquerdo do ataque. Tentou um drible, mas errou, e não levou a melhor em suas três jogadas um contra um. Perdeu uma posse de bola, fez uma falta e tomou um cartão amarelo.
5 - Brasil 0 x 1 Argentina (Copa América, final) - 10 de julho de 2021
Tempo de jogo: 32 minutos
Entrou aos 17 minutos do segundo tempo no lugar de Éverton Cebolinha. Ocupou mais o lado esquerdo do ataque. Tentou três dribles e não acertou e levou a melhor em dois de cinco duelos pessoais travados com a marcação argentina. Acertou 80% dos passes, sendo que um deles criou uma boa chance perdida por Gabigol. Perdeu seis vezes a posse de bola e sofreu duas faltas.
6 - Chile 0 x 1 Brasil (Eliminatórias) - 2 de setembro de 2021
Tempo de jogo: 48 minutos
Fez sua estreia como titular da seleção brasileira e foi substituído por Everton Ribeiro no intervalo. Ocupou mais o lado esquerdo, mas numa função defensiva para anular as investidas do lateral Isla. Acertou 88% de seus passes, sendo que um deles criou uma boa chance perdida por Casemiro. Acertou um drible em três tentativas e foi melhor em duas jogadas um contra um de quatro que tentou. Perdeu a posse de bola cinco vezes. Defensivamente, fez um desarme.
7 - Venezuela 1 x 3 Brasil (Eliminatórias) - 7 de outubro de 2021
Tempo de jogo: 34 minutos
Entrou aos 17 minutos do segundo tempo no lugar de Lucas Paquetá. Ocupou mais o lado esquerdo do ataque. Acertou uma finalização e um drible, com 100% de aproveitamento nos dois quesitos. Teve 90% de precisão nos passes e criou uma boa chance que rendeu pênalti sobre Gabigol convertido pelo Brasil. Em contrapartida, venceu só um em seis duelos pessoais, perdeu quatro vezes a posse de bola e cometeu três faltas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.