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Sylvinho sai 'bravo e chateado' por derrota e rasga elogios ao Atlético

Sylvinho, técnico do Corinthians, junto com o jogador Róger Guedes - Fernando Moreno/AGIF
Sylvinho, técnico do Corinthians, junto com o jogador Róger Guedes Imagem: Fernando Moreno/AGIF

Yago Rudá

Do UOL, em São Paulo

10/11/2021 23h24

Na noite desta quarta (10), o Corinthians sofreu sua mais larga derrota sob o comando de Sylvinho ao ser superado pelo Atlético-MG, em Belo Horizonte, por 3 a 0. O treinador não escondeu a frustração pelo resultado negativo, mas fez uma análise ampla da temporada ao frisar que a equipe foi desacreditada no início do Campeonato Brasileiro e hoje briga por uma vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores 2022.

"Infelizmente, tomamos três gols e saímos chateados e bravos. Até ontem, antes do jogo, éramos a segunda melhor defesa. Somos um time limpo, forte e que marca forte. Ninguém é a segunda melhor defesa até ontem em um campeonato difícil e competitivo desse. Estivemos boa parte do 1º turno em 10º e 12º lugares, buscamos uma melhora e estamos variando entre o 6º e o 7º lugares. Estamos buscando o nosso objetivo, estamos buscando melhorar os nossos números e estamos em condições que ninguém imaginava. Conquistamos o direito de buscar uma vaga direta na Copa Libertadores, algo que ninguém dizia antes", frisou Sylvinho ao ser questionado sobre uma suposta falta de competitividade do Corinthians diante do Galo.

Foi a segunda vez em 31 partidas que a equipe sofreu três gols em um mesmo jogo sob o comando de Sylvinho. Além dos números ruins na defesa, o Corinthians não conseguiu ser efetivo no sistema ofensivo, tendo saído de campo sem conseguir nem uma finalização sequer em direção ao gol defendido por Everson. O técnico também comentou o assunto e fez questão de elogiar seu adversário.

"O Atlético é um time muito qualificado, a melhor defesa do campeonato, e um dos melhores ataques. Os números são extraordinários e não incomodamos, assim como muita gente passa por aqui [Mineirão] e não tem conseguido. Era um adversário muito difícil e não conseguimos incomodá-los. Outro detalhe importante é que cada vez que se erra diante de um adversário dessa qualidade você paga um preço muito caro. Ninguém fica feliz pelos três gols. Perder não é bom e com esse resultado elástico fica ainda pior, mas é o preço que se paga quando a qualidade do outro lado é grande e você comete erros", argumentou Sylvinho, reconhecendo a superioridade do adversário.

Com o resultado em Minas Gerais, o Corinthians estacionou nos 47 pontos ganhos e não saiu do lugar na tabela de classificação, se mantendo dentro da zona de classificação para a Copa Libertadores 2022. Na próxima rodada, o Timão recebe o Cuiabá, sábado (13), na Neo Química Arena.

Veja outros trechos da entrevista coletiva de Sylvinho:

Sobre estratégia adotada no jogo contra o Atlético-MG

"Eu não tinha o Cantillo no banco. Algumas vezes comecei jogando com o Cantillo e não agradou A ou B. Ele é uma grande revelação no ano conosco jogando de 1º volante, tem uma saída muito boa. Ficamos limitados no setor com um atleta com uma outra característica, essa que você pedia para jogar. O Gabriel marcou bem, jogou bem, emprestou isso ao time, mas a saída ficou comprometida. Com relação ao Renato é um jogador que pode fazer várias funções, veio para trás no segundo tempo e rendeu. No primeiro tempo, o Renato fez as maiores retenções que tivemos para atravessar o campo. Não é fácil atravessar o campo do outro lado com um time muito forte, potente, que marca bem. [O Atlético] É a equipe menos vazada do campeonato, tem números extraordinários dentro de casa e está trabalhando com seriedade e mérito para se sagrar campeã brasileira. Essa é a explicação com o caso que tínhamos. O time tentou sustentar e criar a possibilidade de um empate. O segundo gol realmente nos prejudicou muito porque praticamente ficamos fora do jogo."

Por que entender que o trabalho nos treinamentos é bem feito mesmo com os problemas apresentados nos jogos?

"A pergunta está errada. Não tivemos sete dias para trabalhar como você comentou, tivemos poucos dias. Em relação aos nossos números estamos em condições diretas para buscar uma vaga na Libertadores, coisa que faz um tempo que o Corinthians não está em uma situação como esta. Éramos a segunda melhor defesa do campeonato, então a organização tem e tem muita. É só enxergar. Estamos buscando conhecimento dos atletas, atletas que chegaram recentemente e atletas que são qualificados e estão ajudando o grupo. Sempre digo dos jovens que estão subindo, muitos deles do sub-20, e estão jogando e se revelando."

Há a possibilidade de mudança no esquema tático do Corinthians?

"Você vai mudando peças, temos buscado isso. Quando se faz uma análise de futebol fica muito curto fazer uma análise de um jogo ou dos dois últimos jogos. Temos que fazer uma análise mais completa de um período de tempo curtíssimo que são esses quatro ou cinco meses. O nosso centroavante era o Luan, passou a ser o Jô, passou a ser o Roger e depois o Renato. Estamos buscando a formatação e isso leva tempo, mas sempre com o carro andando. São jogos difíceis, complicados. A Chapecoense está dando trabalho porque o campeonato é muito difícil. É um país a nível continental com distâncias enormes, temperaturas, é complicado. Muitas vezes mudamos o time no meio-tempo e estamos buscando. O futebol tem o primeiro tempo e o segundo tempo, o jogo se mostra, se abre. Gostaria de vencer todos os jogos por 5 a 0, mas o jogo se mostra. Você faz um trabalho. Tem gente que prefere olhar e dizer tal coisa. Quem me garante? Futebol se joga em 90 minutos e mais acréscimos. Estamos trabalhando e vai continuar difícil. Quero acreditar e assim tenho entendimento que isso vai continuar. As vagas serão disputadas a palmo e dedos para que cada um consiga o seu objetivo."

Como colocar a torcida do Corinthians ao seu lado para o jogo contra o Cuiabá?

"São três dias para enfrentar o Cuiabá, não quatro. O importante é que os atletas performem e se sintam bem. Esse cenário há quatro meses, quero saber quem é assinava embaixo e dizia : 'olha, o Corinthians vai buscar uma vaga direta na Libertadores em quinto ou sexto'. Esse não era o cenário externo e estamos construindo ele. O Corinthians está lutando pelo nosso objetivo. Me preocupo demais com o dia a dia, são 12, 14 horas de trabalho no CT. Tenho uma harmonia com a diretoria, o presidente e os atletas, que é algo importantíssimo. O entendimento deles com relação ao trabalho, haja visto tantas entrevistas. Os atletas reconhecem o nível de trabalho, o momento do clube. Tudo isso me satisfaz no lado pessoal, mas no lado corporativo queremos mais e essa camisa exige. Fico preocupado com o trabalho, queremos trabalhar e continuar performando."

Hoje, qual é a diferença do Corinthians para equipes como Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras? E como diminuir essa distância?

"Difícil mensurar onde nós estamos em relação a três equipes que estão disputando praticamente todos os campeonatos, inclusive Libertadores dos últimos dois ou três anos. Nosso clube é muito grande, é enorme, já passou por esse momento. Ganhou Brasileiro, Libertadores, já teve Mundial, aliás o último campeão sul-americano do Mundial é o Corinthians. Muitos desses atletas qualificados que ainda estão aqui. É difícil mensurar. O futebol é muito dinâmico, muito rápido. Chegaram quatro atletas e qualificaram o nosso elenco, temos atletas do sub-20, temos uma outra base de atletas que estão há um tempo no clube. Você vai trabalhando e se moldando. Infelizmente, o futebol pede tempo, mas é difícil. Não tem por onde escapar. Esses times qualificados que você citou são pontas nesse momento porque já fizeram um trabalho, foi feito um trabalho de construção lá atrás. É difícil mensurar o tempo, mas é óbvio que tem que ser rápido. O trabalho está sendo feito."

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