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Diretor do São Paulo: queda no preparo físico dificultou o jogo do Crespo

Do UOL, em São Paulo

12/11/2021 04h00

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no Dividida, do Canal UOL, o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, explica que a queda do preparo físico após o desgaste do início da temporada dificultou o trabalho e a permanência de Hernán Crespo no comando do time. Diz que já que não estava sendo viável o jogo com a intensidade que pedia o padrão de jogo estabelecido pelo argentino.

O Tricolor iniciou a temporada 2021 com um planejamento que incluiu a contratação de uma comissão técnica estrangeira depois de um processo seletivo com diversos nomes até a decisão pela contratação do argentino. Ele deixou boas impressões nos primeiros meses de sua chegada, quando o clube apostou todas as fichas na conquista do Paulistão, uma prioridade da diretoria para encerrar um longo jejum. Mesmo campeão, não resistiu a uma campanha ruim no Campeonato Brasileiro, sendo substituído por Rogério Ceni, ídolo tricolor que comanda o time atualmente.

"Era uma decisão nossa aqui da diretoria de futebol, a gente achava que o São Paulo precisava voltar a ganhar um título e acreditávamos naquele momento que o Campeonato Paulista era o mais fácil. Se você fizesse um campeonato razoável, você já estaria na semifinal, semifinal em jogo único, final dois jogos, então, a gente só trabalhou para ficar à frente na fase classificatória para ter a vantagem de na final decidir em casa", diz Belmonte.

"O Crespo, com sua comissão técnica, abraçou essa ideia, o trabalho começou e o resultado felizmente veio rapidamente. Aí começou o Brasileiro e nós tivemos algumas lesões, e aí houve uma decisão que é uma decisão da preparação física, de diminuir a intensidade dos treinamentos, então a gente diminuiu um pouco a intensidade visando minimizar as lesões. Isso acabou não acontecendo e nós tivemos uma perda do preparo físico, então o time começou a ter muita dificuldade de conseguir fazer o jogo que o Crespo propunha", completa.

O dirigente afirma que o próprio treinador argentino também percebia que o preparo físico do time não estava possibilitando a intensidade necessária. Então foi traçada uma meta de sete pontos nas três partidas contra Santos, Cuiabá e Ceará. Após dois empates, já estava claro que a quantia não seria atingida. E Crespo deixou o clube antes da partida contra o Ceará.

"Era um jogo com pressão alta, um jogo muito intenso, só que nós, do ponto de vista do preparo físico, não estávamos conseguindo seguir o que o Crespo planejava. Depois do empate com a Chapecoense, a gente conversou com o Crespo que nós precisávamos fazer algumas alterações do ponto de vista do preparo físico do time, do trabalho de preparação física porque a gente estava sentindo e ele também sentia isso", diz Belmonte.

"Contra o Santos, empatamos em 1 a 1 e fizemos um belo jogo. Voltamos a falar com o Crespo, que 'talvez a gente não consiga 7 pontos, mas se a gente tiver a manutenção de uma boa partida contra o Cuiabá lá, mesmo que tragamos um empate, ok, depois nós temos o Ceará'. O Cuiabá foi um jogo para nós desastroso do ponto de vista físico. O Cuiabá nos dominou completamente e aí o Crespo também já sentia dificuldade, via que não estava conseguindo mais o rendimento que queria no time. Realmente foi uma decisão difícil", completa.

Apesar da saída do treinador, Belmonte faz elogios a Crespo, considera que ele tem um grande futuro no cargo e também destaca a atitude do argentino na saída, quando foi cumprimentar o substituto Rogério Ceni.

"O Crespo é um gentleman, uma pessoa maravilhosa, um amigo que eu ganhei para a vida, eu digo isso porque ele é efetivamente uma pessoa muito diferente. O Muricy tem uma frase que é muito boa: ele é bom demais para estar no futebol", diz Belmonte.

"Eu acho que o Crespo será um grande treinador no futuro, primeiro pela concepção de jogo que ele tem e pela pessoa que ele é. Eu acho que ele precisa de alguns ajustes, ele também sabe disso, mas a história real é essa", conclui.

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