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Grupo pede investigação sobre Doyen, mas Conselho do Santos recusa

Estádio Vila Belmiro, do Santos (Reprodução) - Reprodução / Internet
Estádio Vila Belmiro, do Santos (Reprodução) Imagem: Reprodução / Internet

Thiago Braga

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/11/2021 04h00

Os membros do Grupo de Avaliação de Riscos e Perdas encaminharam no dia 7 de julho deste ano uma carta para Celso Jatene, presidente do Conselho Deliberativo do Santos, pedindo que a Comissão de Inquérito e Sindicância do Santos investigue o contrato do clube com o fundo de investimentos Doyen.

"Os trabalhos começaram com várias avaliações já realizadas e estão sendo constatadas uma série interminável de erros que podem apontar para uma eventual gestão fraudulenta fato ainda a ser apurado. Especial atenção para a gestão que firmou o contrato com o fundo. Esse contrato causou, pela nossa avaliação inicial, o maior prejuízo ao clube. Repita-se, pelo que já apuramos algumas medidas tomadas durante aquela gestão acabaram por ter repercussão em outras e especialmente na atual, que tem gerido clube com contas bloqueadas", afirma o documento.

Santos e Doyen firmaram parceria em 2013, mas o acerto durou apenas um ano, durante as gestões de Luis Alvaro e Odilio Rodrigues. Enquanto estiveram juntos, a Doyen fez empréstimos ao Peixe e ajudou o Santos a contratar o atacante Leandro Damião, em 2013, por R$ 42 milhões.

"As atitudes tomadas por aquela gestão que firmou empréstimo devem ser investigadas novamente não só pelo prejuízo causado, como notadamente pelas suas consequências nos dias atuais. Portanto, a nosso ver, é fundamental a instauração de novo procedimento apuratório, especialmente para aprofundar algumas questões que remanescem com visível viés de ilegalidade e prejuízo", diz o relatório.

Entre os pontos levantados que, para o Grupo de Avaliação de Riscos e Perdas, precisam serem esclarecidos estão a razão para que a diretoria contratasse Damião; os critérios técnicos, financeiros e econômicos utilizados no negócio; se existia a capacidade financeira para a contratação; se o clube tomou dinheiro emprestado para fazer a contratação; qual a empresa utilizada; se havia parecer jurídico do Santos para autorizar a transação e se o empréstimo foi realizado dentro das normas estatutárias e dentro da legalidade e da legislação brasileira, entre outras questões levantadas.

Para acertar o distrato entre as partes, Modesto Roma Junior se comprometeu a pagar à Doyen 15 milhões de euros, em três parcelas iguais. A última parcela, que venceu em 30 de setembro de 2019, não foi paga por Jose Carlos Peres e gerou a multa ao Santos. O não pagamento do débito pelo Santos gerou multa de 10 milhões de euros, elevando a dívida com a Doyen para 15 milhões de euros. Em julho deste ano, o Santos anunciou que fechou acordo com o fundo maltês e que vai desembolsar 6,7 milhões de euros para encerrar a disputa.

O Grupo ainda cita o artigo 12 do Estatuto do clube, que "determina que são deveres dos Associados responsabilizar-se por indenizar qualquer dano material ou moral ocasionado ao Santos".

Em contato com a reportagem, o presidente do Conselho Deliberativo do Santos, Celso Jatene, confirmou o recebimento do documento e disse que o encaminhou para a Comissão de Inquérito e Sindicância, mas que a resposta foi negativa.

"Como decidido anteriormente, não há punição interna possível. Entenderam também que o assunto está prescrito e sugeriram que se o Grupo avaliar que há um caminho para buscar ressarcimento junto ao judiciário que o faça através do departamento jurídico do clube", afirmou Celso Jatenee.