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Substituto de Gaciba, Alício ameaçou dar 22 cartões por protesto de atletas

O ex-árbitro Alício Pena Júnior é o novo comandante da arbitragem do país  - Jefferson Bernardes/ Agência Preview
O ex-árbitro Alício Pena Júnior é o novo comandante da arbitragem do país Imagem: Jefferson Bernardes/ Agência Preview

Marinho Saldanha e Victor Martins

Do UOL, em Porto Alegre e Belo Horizonte

12/11/2021 13h02

Em nota, na manhã de hoje (12), a CBF informou a saída de Leonardo Gaciba do comando da Comissão de Arbitragem. Segundo a entidade, o desligamento se deu por "entendimento mútuo da necessidade de mudança". O substituto será Alício Pena Júnior, que também foi árbitro e era vice-presidente da Comissão. Na carreira, o mineiro de 53 anos conta com passagens polêmicas, como quando ameaçou dar cartão para todos os jogadores envolvidos em um jogo entre Flamengo e São Paulo.

Foi em novembro de 2013, em duelo realizado no estádio Novelli Júnior, em Itu. Uma manifestação dos jogadores organizada pelo Bom Senso FC previa que o jogo fosse iniciado e todos os atletas envolvidos parassem e cruzassem os braços.

Mas Alício ameaçou dar amarelo a todos os 22 atletas envolvidos na partida caso isso ocorresse. "A ditadura acabou. O que foi colocado para gente é uma ditadura. Mas a gente é mais forte que isso. Ameaçaram os 22 jogadores em campo de tomar amarelo. Isso não existe na regra do jogo", disse o meio-campista Elias, que defendia o Flamengo, na ocasião.

Os jogadores optaram, então, por "driblar" a ameaça do árbitro. O jogo foi iniciado e durante aproximadamente um minuto, os atletas apenas trocaram passes. A bola foi lançada de um time para o outro, sem qualquer ação de enfrentamento. Sem receber amarelos, o protesto foi feito. "Se retardam o início do jogo, eles poderiam tomar cartão amarelo. Mas com a bola rolando, podem fazer o que quiserem", disse o então comentarista de arbitragem, Leonardo Gaciba, na ocasião.

Último clássico foi marcado por polêmica e afastamento

Alício deixou de apitar em 2013, mas ficou desde 2009 sem trabalhar em clássicos mineiros. E sua última aparição no duelo entre Atlético-MG e Cruzeiro foi marcada por polêmicas. Uma falta não marcada de Léo Fortunato em Carlos Alberto, que geraria cartão vermelho para o jogador da Raposa, gerou ira dos aficionados e, mais tarde, cobranças públicas das direções.

Primeiro, Alexandre Kalil, então presidente do Atlético-MG, chamou o árbitro de "ladrão" e disse que havia uma "quadrilha" na arbitragem da Federação Mineira de Futebol, além de pedir que Alício fosse banido. A manifestação foi referendada por nota oficial.

Depois, o então presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, afirmou que a arbitragem passou o restante do jogo tentando "fazer média" com o Galo.

"Ao deixar de dar uma falta a favor do Atlético-MG próxima à área do Cruzeiro nos primeiros minutos da partida, o juiz se descontrolou e passou o restante do jogo tentando fazer média com o nosso rival. O que vimos na sequência foi uma atuação lamentável, com o árbitro errando em diversos lances e nos prejudicando terrivelmente", disse manifestação também em site oficial.

Alício foi afastado depois disso e jamais voltou a apitar um clássico mineiro.

Ameaças a Magrão e comportamento questionado

O goleiro Magrão, que defendeu o Sport, também relatou ameaça de Alício durante um jogo. No livro em que conta o título do Sport da Copa do Brasil de 2008, o goleiro revelou que o árbitro disse que "mandaria voltar" caso ele defendesse um pênalti na disputa contra o Vasco.

"Após a cobrança errada de Edmundo, o árbitro veio até mim e me pressionou. Disse que se eu pegasse um pênalti ele mandaria voltar. Alegou que eu saía antes na bola, o que não era verdade", contou Magrão.

O goleiro não fez defesas no enfrentamento, mas o Sport acabou passando.

O comportamento de Alício, já longe dos gramados, também foi questionado em um Blog especializado em arbitragem. Em texto publicado na "Tribuna do Apito", o ex-juiz é descrito como "antissocial" e "inflexível". A publicação ainda cita o sonho dele, realizado agora, de assumir o comando da arbitragem nacional.