Luxa pressiona Cruzeiro por elenco de Série A e repete história de Felipão

O técnico Vanderlei Luxemburgo colocou a diretoria do Cruzeiro contra a parede. Ou o clube monta um elenco capaz de brigar pelo acesso, ou o treinador não vai seguir na Toca da Raposa em 2022. Luxa foi muito claro após o triunfo sobre o Brusque no Mineirão, que afastou de vez o risco de rebaixamento à Série C.

"Com todo o respeito ao presidente, está apalavrado que ele quer que eu continue e que eu quero que ele continue, mas nós não discutimos nada sobre aquilo que tem que ser feito. Não adianta eu falar que quero continuar e ele falar que quer que eu continue. Tem que saber o que ele quer fazer e eu quero saber o que eu quero fazer. Se as coisas baterem, vai dar certo. Se não bater, não tem como ficar. É bem simples isso aí", disse em tom de cobrança.

Apesar da fala firme, Luxemburgo sabe que não será atendido. O Cruzeiro não tem condições financeiras de entregar para o treinador um elenco de Série A para disputar a Série B. Sem a entrada de investidores, o elenco celeste para a próxima temporada não será muito diferente do que o atual, que está no meio da tabela na Segunda Divisão.

Neste momento, Luxemburgo se encontra em situação semelhante à que Luiz Felipe Scolari enfrentou na reta final da Série B passada. Contratado para tirar o time da zona do rebaixamento, Felipão rapidamente colocou a Raposa em um lugar seguro e até sonhou com o acesso. Mas faltou força para entrar na briga pelo G4 e as últimas rodadas foram apenas para cumprir tabela.

"Se os torcedores acham que com o planejamento que foi feito, de muitos jogadores jovens, que, com camisa, ia ganhar, não vai. Tem que ter um planejamento completo, não só para o ano do centenário, para que tenhamos uma situação bem melhor no ano que vem. Vamos tentar conversar com a presidência, pessoas encarregadas pelo Cruzeiro, para ver se este é o projeto realmente que temos que fazer", disse Felipão, em dezembro de 2020, durante a reta final da Série B, que invadiu as primeiras semanas de 2021.

As falas de Luxemburgo e Scolari convergem, não apenas por coincidência. Pois as situações são semelhantes. Crise financeira, crise técnica e permanência na Segunda Divisão sem sequer brigar pelo acesso. Mas, ao contrário do que fez Felipão, que pediu para sair antes da última rodada, Luxemburgo vai encerrar a competição no comando celeste. Ele estará no banco de reservas nos jogos contra Vitória, Sampaio Corrêa e Náutico.

Porém, Luxemburgo não sabe se fica para 2022. O que pode ser mais um duro golpe para o torcedor do Cruzeiro, que após a vitória sobre o Brusque exaltou bastante o treinador. "Ah, é Luxemburgo!", gritaram os 35 mil cruzeirenses presentes no Mineirão, na esperança de dias melhores.