Quais clubes brasileiros não podem mais ser considerados grandes
O futebol foi construído em dois pilares: amor e rivalidade. Torcedores nas principais capitais do Brasil, por muitos anos, formaram o clube dos 13, composto pelos quatro do Rio de Janeiro, São Paulo, dois de Belo Horizonte, dois de Porto Alegre e o Bahia. Após algumas décadas, os tempos mudaram e o cenário já não se justifica de forma tão clara.
O tema é polêmico, claro. Mas as provocações entre as torcidas têm algum fundo de verdade? Perguntamos as opiniões dos blogueiros do UOL Esporte: quais clubes brasileiros não podem ser considerados grandes? Veja o que eles responderam:
"Essa é discussão profunda e que não pode se limitar às circunstâncias do momento. Fosse feita quando o Fluminense estava na Série C, em 1999, e o Tricolor seria cassado como clube grande. E, no entanto? Pra mim ainda prevalecem a tradição e o tamanho das torcidas. Alguém dirá que o Vasco não é mais grande? O Cruzeiro? Só se estiver em buscas de cliques. Agora, nada disso impede que o Athletico Paranaense conquiste seu lugar na galeria dos grandes". Juca Kfouri
"O Brasil tem uma situação muito sui generis, pois a "grandeza" dos clubes foi construída regionalmente, no âmbito estadual, e não nacional. Os âmbitos nacional e internacional amplificaram as listas de conquistas e as próprias rivalidades. Portanto, os grandes regionais sempre serão grandes. Pois têm torcida e tem história, portanto, potencial. Mas o potencial vai sim diminuindo com o tempo, os títulos que hoje são considerados importantes, rareiam. Quem é grande hoje? Quem entra para disputar tudo? E com potencial para seguir assim? É um grupelho. Flamengo, Palmeiras, agora o Galo, os outros três paulistas sempre têm esse potencial, assim como os gaúchos. Cruzeiro e Vasco deixaram de ser grandes? Nunca deixarão. Mas deixaram de ser protagonistas. Por quanto tempo? Veremos". Júlio Gomes
"Essa é uma pergunta capciosa, né? Grande é grande, não se mensura isso só por título, mas por torcida, história, representatividade de uma região... Difícil falar que a torcida do Flamengo, espalhada, é mais importante que a do Bahia, concentrada localmente. As variáveis são muitas. O que dá para dizer é que diminuiu muito a quantidade de times competitivos. E, por causa disso, alguns grandes viram coadjuvantes nos campeonatos. Há um recorte de tempo, de quatro anos, que já é bastante interessante e que tem sempre os mesmos favoritos. Começa o campeonato e tem Flamengo, Palmeiras e, mais recentemente, o Galo pelo investimento. A gente está traduzindo agora o poder do dinheiro. Iniciamos os pontos corridos há quase 20 anos e imaginávamos que traríamos junto a organização, calendário, patrocinadores. E isso não aconteceu. Muitas poucas vezes podemos apontar campeões que lideraram de ponta a ponta. Até 2016 tínhamos times muito instáveis, com problemas financeiros e que ainda assim lideravam. Nesse recorte recente, já dá para apontar como tendência, temos grandes como coadjuvantes. Tem seu valor, mas já começam a disputa alijados porque não tem o mesmo poder de investimento. Antes tínhamos times grandes que faziam loucura para serem competitivos e isso já não cabe mais. Tem os mesmos grandes, mas mais coadjuvantes na disputa". Marília Ruiz
"Não há má fase que diminua a história, a tradição e a torcida de um clube grande". Marluci
Leia a coluna da Marluci Martins
"Os 12 tradicionais continuam sendo grandes por seu alcance nacional. Pelo mesmo motivo, Furacão e Bragantino nunca serão" Menon
"Quando um grande clube começa a frequentar muitas vezes a Série B ele passa a se apequenar, sim. Por isso, é nítido que Cruzeiro e Vasco estejam enfrentando este processo. O Cruzmaltino disputará a sua quinta segundona em 2022. A Raposa, a sua terceira. É muita coisa para que sejam colocados simplesmente por suas histórias e torcidas como grandes. A grandeza não é um status vitalício. Mas é claro que, pela força da torcida e pela competência de novas e bem intencionadas diretorias, esse cenário pode ser mudado rapidamente. O Palmeiras, por exemplo, como disse Carlos Miguel Aidar em 2014, vinha se apequenando. Bastou chegar Paulo Nobre e a Crefisa para que a situação mudasse radicalmente. Espero que o mesmo aconteça com os outrora gigantes que protagonizaram a final do Brasileirão de 1974". Milton Neves
"Essa pergunta é sempre complexa porque para quem ama um time aquele time é grande. Por exemplo: se a gente fizer o recorte da tradição, Lusa e América do Rio entram como grandes. Se a gente fizer o recorte do número de torcedores não pode deixar de fora, além dos sempre badalados sulistas, times como Bahia, Fortaleza, Sport, Náutico, Treze, Paissandu. Se o recorte for saúde financeira, tema que parece ter dominado o noticiário esportivo, poucos podem bater no peito e se dizer grandes. Vamos falar de empilhamento de títulos nacionais e internacionais? Complicado porque nesse caso teremos que tirar, só para citar um exemplo, o Botafogo. E, dentro dessa definição, o Corinthians teria demorado muito a ser grande. Então esse tema é espinhudo e complexo. O que eu posso dizer é que times que são na verdade projetos econômicos, como o Bragantino, jamais serão grandes a despeito das conquistas. A medida da grandeza mistura tradição com torcida com sofrimento com conquistas com história. E que clubes como Vasco e Cruzeiro, mesmo caindo e ficando na série B por algum tempo, jamais deixarão de ser grandes". Mily Lacombe
"Nenhum dos 12 grandes deixou de ser gigante. Somente décadas seguidas de mediocridade seriam capazes de apequena-los. Não é o caso, por enquanto. O Cruzeiro, por exemplo, vai para a sua terceira temporada na segunda divisão. Alguém em sã consciência pode achar que deixou de ser grande? Não creio". Renato Mauricio Prado
Leia a coluna do Renato Maurício Prado
"Dos que conhecemos tradicionalmente como grandes (os dois maiores de Belo Horizonte, os dois de Porto Alegre, os quatro do Rio e os quatro de São Paulo) nenhum deixou de ser grande. Todos têm muita história e torcidas representativas. Ser rebaixado não apaga tudo isso. Um desses só terá esse status ameaçado se passar uns 10 anos fora da elite e se sua torcida desaparecer. A história que escreveram, no entanto, seguirá viva". Ricardo Perrone
"A grandeza dos clubes aqui no Brasil é medida pela tradição e pelo tamanho da torcida. E isso não vai mudar tão cedo no clube dos 13. Agora, se falarmos nos resultados obtidos em campo e na estrutura e patrimônio atual, o cenário já muda bastante. Nesse sentido, o Athletico-PR poderia até entrar nesse bolo". Rodolfo Rodrigues
Leia a coluna do Rodolfo Rodrigues
"Nenhum dos chamados 12 grandes deixou de ser. Há 100 anos de história em quase todos eles, e mesmo alguns vivendo um momento difícil, ainda não se pode diminuí-los. Basta ver a repercussão do que acontece de negativo com eles". Rodrigo Coutinho
Leia a coluna do Rodrigo Coutinho
"Definir quem é time grande no Brasil depende do critério que se utiliza. Se o critério for torcida e história, haverá ali 13 clubes que são os que compuseram o "Clube dos 13" porque tem parte importante na construção do que é o futebol brasileiro e são importantes para muita gente. Agora, se formos adotar o critério de competitividade nos principais campeonatos, não há 13 grandes clubes no Brasil, teríamos entre 8 e 10 com componentes diferentes. O Athletico, por exemplo, faz parte desse grupo, e outros times que têm tradição, não. A tendência é que o Brasileiro, por exemplo, tenha uma disputa cada vez mais restrita aos poucos, um grupo até menor, de no máximo sete ou oito times". Rodrigo MattosLeia a coluna do Rodrigo Mattos
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