Relatório detalha mortes de trabalhadores no Qatar a um ano da Copa
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A Anistia Internacional divulgou, hoje, um relatório sobre os direitos dos migrantes que trabalham no Qatar, inclusive na construção de estádios da Copa do Mundo, que será realizada no país daqui a um ano.
Segundo o estudo, "na última década, milhares de trabalhadores migrantes morreram repentina e inesperadamente no Qatar, apesar de passar em seus exames médicos obrigatórios antes de viajar para o país. No entanto, apesar de claras evidências de que o estresse por calor representa enormes riscos para a saúde dos trabalhadores, continua sendo extremamente difícil saber exatamente quantas pessoas morreram em consequência de suas condições de trabalho".
"Isso ocorre porque as autoridades do Qatar, ao contrário das obrigações internacionais, falharam em investigar essas mortes de uma forma que tornaria possível determinar as verdadeiras causas. Em vez disso, certidões de óbito geralmente relatam as mortes como devidas a 'causas naturais' ou 'parada cardíaca' — descrições que são quase sem sentido na certificação de mortes — e, portanto, nenhuma conexão com suas condições de trabalho é feita."
O relatório detalha os casos de seis migrantes cujas mortes permanecem sem explicação. Um deles é Suman Miah, um trabalhador da construção civil de 34 anos que desmaiou e morreu em abril de 2020, após uma mudança na temperatura que atingiu 38°C.
Um mês depois, Tul Bahadur Gharti morreu enquanto dormia após trabalhar ao ar livre por cerca de 10 horas em temperaturas de até 39°C. Já Sujan Miah tinha apenas 32 anos quando os colegas de trabalho o encontraram desacordado na cama em 24 de setembro de 2020. Ele era instalador de tubos em um projeto no deserto e trabalhou em temperaturas que ultrapassaram 40°C nos quatro dias anteriores à sua morte.
O documento também afirma que a legislação do Qatar para acabar com sistema de kafala — que restringia os trabalhadores migrantes de deixar o país ou mudar de emprego sem a permissão do empregador — não está funcionando.
Outro problema são os salários baixos. O jornal Daily Mail acompanhou trabalhadores que atuam na construção do Estádio de Lusail, palco da final da Copa do Mundo de 2022. Segundo o veículo, eles recebem 12 libras esterlinas (cerca de R$ 88) por 11 horas de trabalho por dia.
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