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CBF pedirá à Fifa punição a Otamendi por cotovelada em Raphinha no clássico

Raphinha sangra após cotovelada de Otamendi em Argentina x Brasil pelas Eliminatórias - Lucas Figueiredo/CBF
Raphinha sangra após cotovelada de Otamendi em Argentina x Brasil pelas Eliminatórias Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira

Do UOL, em San Juan

17/11/2021 14h11

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu fazer uma representação ao Comitê Disciplinar da Fifa para pedir punição ao zagueiro argentino Otamendi, que ontem (16) deu uma cotovelada na boca do atacante brasileiro Raphinha em lance aos 33 minutos do primeiro tempo do empate em 0 a 0 no Estádio Bicentenário, em San Juan.

A informação foi publicada inicialmente pelo "ge.globo". Segundo ouviu o UOL Esporte, a ideia é apresentar o caso à Fifa como agressão, uma vez que o lance teria sido intencional e não relacionado à disputa de bola.

O departamento jurídico da CBF também pretende fazer outra representação, mas na esfera administrativa, para que o árbitro uruguaio Esteban Ostojich, responsável pelo VAR no clássico, não atue mais em partidas da seleção brasileira, em qualquer função. Hoje (17), a Conmebol anunciou as suspensões de Ostojich e também do árbitro de campo Andrés Cunha. Segundo a entidade, foram "erros graves e manifestos no exercício de suas funções no desenvolvimento da partida". A suspensão é por tempo indeterminado.

Cunha estava escalado para comandar a arbitragem de vídeo em Athletico-PR x Red Bull Bragantino pela final da Copa Sul-Americana no próximo sábado (20), em Montevidéu, mas foi substituído por Leodan Gonzalez.

No lance em questão das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar, Raphinha recebeu a bola pela direita quase na linha de fundo e driblou Acuña, mas perdeu a posse na sequência para Otamendi. Na tentativa de recuperação, o brasileiro recebeu uma violenta cotovelada na boca dada pelo argentino — sangrou na hora. O lance foi revisto pela arbitragem de vídeo, mas nada foi marcado e Andrés Cunha tampouco foi chamado para a cabine do VAR.

Na checagem, Ostojich considerou que o golpe foi de "intensidade média" e merecia cartão amarelo. Cunha não viu a existência da cotovelada, assim como seu assistente, Richard Trinidad, e o jogo seguiu.

O técnico da seleção brasileira Tite se revoltou com o lance em entrevista coletiva pós-jogo:

Vou falar o que falei no vestiário para a arbitragem. O Cunha é um extraordinário árbitro, qualidade técnica, percepções, acompanhamento, aspecto disciplinar muito altos. Mas arbitragem exige uma equipe de trabalho e para quem está no VAR é simplesmente impossível não ver a cotovelada do Otamendi no Raphinha. Quem quer ter isenção na análise ela é muito clara, não falo aqui de resultado de jogo. Isso é determinante em resultado de jogo? Não sei (...) Árbitro de alto nível de VAR não pode trabalhar dessa forma, isso é inconcebível. É inconcebível. E digo menos, não é o termo que que queria dizer, estou falando porque sou educado."

Já Otamendi, o zagueiro que deu a cotovelada em Raphinha, ironizou o lance nas redes sociais. O canal argentino "TyC Sports" fez uma postagem no Instagram mencionando a jogada e perguntando "nós escapamos (do cartão vermelho) ou não foi nada?". Otamendi foi quem deu as caras no post e comentou "todo pelota", que em tradução livre seria "foi na bola" ou "só na bola".

Leia o diálogo da arbitragem sobre o lance:

AVAR: "Cuidado com o rosto."
ASSISTENTE: "Toca a perna, para mim não há golpe. Venha, por dúvidas."
AVAR: "Cuidado com a cara."
ASSISTENTE: "Eu não vejo golpe."
VAR: "Com o antebraço, na cara. Me dá em velocidade normal, quero ver a intensidade."
VAR: "É com o antebraço. Deu falta pelo menos?"
AVAR: "Não."
VAR: "Eu considero que aqui, o golpe é com o antebraço no rosto, com intensidade média. Sim, no rosto."
VAR: "Isso me parece que é falta, de cartão amarelo, não considero cartão vermelho. Estamos de acordo?"
AVAR: "Estamos de acordo."
VAR: "Andrés, checagem completa. Uso de braços indevido ao limite. E é fora da área."
VAR: "Me dá 10 segundos a mais, por favor. Volta."
AVAR: "Espera, não recomeça, espera."
VAR: "Vamos confirmar. Fora, o golpe é fora. Vamos, siga."