Topo

São Paulo

Ceni diz que SPFC precisa evoluir para aspirar coisas maiores no Brasileiro

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

18/11/2021 01h34

A vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras trouxe alívio para o São Paulo, mas não mudou o sentimento de que a equipe precisa melhorar para evitar o rebaixamento no Brasileirão. Em entrevista coletiva depois da partida, o técnico Rogério Ceni evitou detalhar pontos em que o time teria melhorado sob seu comando e afirmou que ainda é necessário mais para que o São Paulo suba na tabela.

"Hoje o time fez uma boa partida, marcou bem, conseguiu trabalhar a bola, jogar, fez jogadas de profundidade dentro das circunstâncias que ele tem para se jogar na velocidade do Rigoni, que é o nosso jogador mais rápido, e depois com a entrada do Marquinhos também. Mas as palavras do vencedor são sempre muito complicadas. Quando você ganha as pessoas te acham um gênio, quando você perde... então nem tão bom nem tão ruim. Acho que o time tem que evoluir bastante ainda para aspirar coisas melhores e sair de vez dessa zona incômoda que o clube não merece estar", disse Ceni.

A vitória sobre o Palmeiras trouxe um respiro ao São Paulo na luta contra o rebaixamento. A equipe agora está na 14ª colocação com 41 pontos, cinco a mais que o Bahia, primeiro time dentro da zona da degola - os baianos ainda têm dois jogos para fazerem a mais que o São Paulo.

"A repercussão só pode ser extremamente positiva, assim como foi a vitória diante do Corinthians no Morumbi, porque foram dois jogos em que o time jogou bem, criou oportunidades e mereceu sem dúvida nenhuma vencer. Hoje foi um jogo equilibrado, mas as oportunidades foram muito mais claras para o São Paulo. Então acho que a vitória gera oportunidade, presença do torcedor, incentivo e a gente espera poder entregar o que nós não entregamos contra o Flamengo diante do Athletico na próxima rodada", prosseguiu Ceni.

Os próximos dois compromissos são-paulinos serão em casa. Na próxima quarta-feira (24), a equipe recebe o Athletico, quatro dias depois da final da Sul-Americana. No fim de semana seguinte, o adversário no Morumbi será o Sport.

Confira outras declarações de Rogério Ceni na entrevista coletiva:

Queda de desempenho de Rigoni

Continua sendo um dos principais jogadores da equipe. Eu atribuo à lesão que ele sofreu. A volta da lesão é sempre mais complicada, a parte física comprometida e hoje ele fez o melhor jogo, na minha opinião, desde que nós estamos aqui. Participou muito mais, jogou mais próximo ao gol, fazendo muito facão em direção ao ataque adversário.

Ele tem sido muito útil, hoje foi mais útil do que nunca, eu tenho certeza que será importante nessa reta final, nesses últimos cinco jogos. Independentemente de gols, a participação de um atleta, a valorização de um atleta, não se dá só com gol, se dá em tudo que ele representa para liberar companheiros para que cheguem até a frente do gol.

Volta de Arboleda um dia após jogo no Equador

É um jogador que é extremamente importante, foi muito profissional dessa vez, porque nós falamos com ele ontem, ele chegou hoje por volta de meio-dia no CT, eu coincidentemente estava no estacionamento e ele chegou. Conversei com ele, descansou à tarde, veio para o jogo à noite. É essencial, principalmente por ser um jogador de muita bola aérea, e nós precisávamos, principalmente porque nós não tínhamos um time tão alto hoje. E é importante que ele fique para o ano que vem. Acho que a diretoria está tentando, conduzindo da melhor maneira possível para que eles cheguem a um acordo.

A direção, dentro da maneira que é possível, dentro das condições financeiras que o clube tem, está tentando fazer o máximo para que ele fique com a gente no próximo ano. Eu, o presidente já declarou isso, todos nós somos muito favoráveis a permanência dele.

Mudança tática facilitou o trabalho do Gabriel Sara?

Fazer uma comparação com o jogo do Flamengo é impossível, porque nós tivemos 85 minutos do jogo com um jogador a menos. Em 10 contra 11 contra o Flamengo você não vai conseguir fazer muita finalização, não vai ter muita chance de mostrar seu futebol.

No jogo anterior contra o Fortaleza, que é uma equipe bem fechada, que marca bem, dificulta as finalizações, assim como nós também dificultamos o trabalho do Fortaleza.

Agora, hoje remeteu muito aos quatro primeiros jogos que nós tivemos, acho até que o sistema mais parecido com os três primeiros e nós conseguimos hoje jogar de maneira melhor. As mudanças que nós fizemos foi pensando dentro da maneira como o Palmeiras joga, independentemente da formação que eles utilizassem hoje. Como nós não tínhamos certeza da formação que ele utilizaria - nomes, não o sistema -, nós escolhemos um sistema que se adaptasse mais facilmente ao que eles colocariam em campo hoje.

Quando eu pensei nesse time para jogar, eu pensei muito em Gabriel Sara e Vitor Bueno com pés invertidos para trazerem para dentro para as finalizações, cruzamentos. E o Sara fez esse primeiro gol, que foi um gol super bonito. Eu já falo que ele é um jogador... ele vai jogar na Europa, eu garanto para você que ele vai jogar na Europa. Pelo biótipo, pela força física, é um jogador qualificado para jogar em uma grande liga, não em times pequenos. E hoje ele ajudou com esse gol.

Como fazer para as broncas em campo não sejam levadas para o pessoal?

Nunca é pessoal (broncas com atletas). Fácil (relação com os atletas), talvez um dos clubes mais fáceis de trabalhar com os jogadores, tranquilos, sinto até mais falta de que eles perguntem, contraponham, que acho que é muito importante para mim, para a gente tentar sempre achar soluções em conjuntos. Não tenho problema nenhum de cobrar eles dentro do campo. Eu falo para eles que eu trabalho a semana todas com eles para entregá-los prontos para os 90 minutos e eles têm que fazer o máximo por mim e pelo clube. Essa é a regra que nós temos.

Quando acaba o jogo, a amizade é sempre a mesma. As cobranças vão sempre existir. Eu quando era atleta era cobrado, eles serão cobrados e quando acaba o jogo nós voltamos tudo, o futebol é deixado de lado e a amizade volta normalmente. Qualquer cobrança excessiva, qualquer bronca, ela acaba quando o juiz apita o jogo. O convívio depois é normal. Isso é padrão em todo lugar que eu trabalho. Sempre falo: 'nunca levem nada para o pessoal'. Quando eu passo o vídeo de correção e cito o nome de um jogador por um erro, nunca é pelo pessoal, e sim pelo profissional. Essa é a relação que nós temos. No momento que é o jogo, meus grandes amigos no São Paulo foram aqueles que me ajudaram a vencer.

Hoje eles tiveram um comportamento exemplar. Algum ajuste de posição, principalmente quando é do outro lado do campo, que você acaba falando ou gesticulando mais alto, mas vocês se enganam bastante achando que não tenho um bom relacionamento com os atletas. Se você pegar o jogo do Flamengo você vai ver o relacionamento que eu tenho com todos os atletas por onde eu trabalhei.

Resultado pode fazer a torcida organizada achar que foi responsável pela vitória?

Mais perigoso é a pergunta feita por você em dar uma conotação especial a isso. Nós sempre estamos de braços abertos para receber todo torcedor - a não ser pela pandemia, pelo momento difícil. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra, senão torcedor pode vir no próximo jogo que é certeza de vitória. A vida não passa por isso, mas é sempre um momento delicado, é ruim cobranças, é difícil de aceitar, mas temos que evoluir, isso é uma coisa certa que sabemos que precisamos evoluir jogo a jogo e não podemos parar por aqui por causa de um resultado bom diante de um adversário forte que está em uma final de Libertadores.

Os 45 pontos talvez não sejam suficientes para sair, então nós temos que pensar em vencer e manter o nível de jogo para o jogo contra o Athletico.

Por que não conversou com os torcedores?

De fato, eu não vi os torcedores. Quando me comunicaram que eles gostariam de conversar com os atletas, eu fui o primeiro a me colocar à disposição e disse que eu conversaria com os torcedores para que não houvesse a exposição dos atletas junto deles. Torcedores do qual eu defendi durante 25 anos trabalhando aqui, sempre fazendo o melhor pelo clube. Mas infelizmente eles não aceitaram falar comigo, disseram que gostariam de falar somente com os jogadores, e a direção achou melhor que eles conversassem com os jogadores.

Lamento o torcedor não conversar comigo porque eu conversei com ele durante 25 anos e eles deveriam pensar que se tem alguém que defende mais esse clube do que eu defendi, que tenta fazer o melhor do que eu... depois de tanto tempo juntos... mas faz parte do processo. Os atletas receberam bem, parece que houve uma conversa cordial, eu não sei, mas pelo que me passaram foi algo tranquilo. Quem sabe em uma próxima oportunidade a gente possa conversar com todos os torcedores também.

Ainda conta com o Luan para a temporada?

O Luan depende do departamento médico, se ele estiver em condições de jogar, sem dúvida nenhuma eu conto com ele. É um jogador, talvez o único no elenco, um primeiro volante na essência, de marcação, proteção de zaga. Se o departamento médico liberar, se o departamento físico colocar em condições, mesmo que seja para um ou dois jogos, será utilizado por mim.

Marcar sobre pressão para compensar a falta de velocidade

O segundo gol foi uma marcação pressão do Igor, que rouba a bola do Patrick de Paula, dá no Luciano e o Luciano faz o gol. Quando você não tem velocidade, o mais interessante é tentar marcar pressão para roubar bola no campo do adversário. Quando você tem velocidade a primeira pressão também é importante, mas como você baixa as linhas, você tem a chance.

Time vibra mais em clássicos?

A minha condução é sempre a mesma às vezes há sucesso, às vezes há fracassos. Nem sempre você consegue jogar bem. Quando você tem jogos em sequência, a parte física ás vezes não vai também. Na ausência de Sara ou Igor nós não temos esse jogador de força.

A minha condução é a mesma, eu sempre tento motivá-los, mas mais do que motivá-los, eu tento prepará-los no dia a dia para enfrentar as adversidades do jogo. Mas acontecem. Você tomar um gol com 20 segundos, outro com 3 minutos e uma expulsão com 8... desculpa, qualquer analista que analise um jogo como falha de sistema de jogo quando se toma um gol com 20 segundos com a bola no seu controle é porque ele quer gerar algum tipo de polêmica ou controvérsia, porque é impossível você analisar um time quando se tem um jogador expulso com 8 minutos.

Por isso que falei que o jogo do Flamengo acaba com 10% do tempo. Inclusive, o torcedor que foi nesse jogo devesse ser ressarcido, não financeiramente, mas com a oportunidade de ver novamente o time jogar no Morumbi no próximo jogo. Porque quase 50 mil pessoas pagaram ingresso e não viram o time e não viram o time jogar. Não porque o time não quis, mas porque não teve a oportunidade diante da rapidez como tudo aconteceu.

São Paulo