Uma final continental disputada em um estádio praticamente vazio. O pequeno público presente ao estádio Centenário, em Montevidéu, chamou a atenção de quem acompanhou a decisão da Copa Sul-Americana neste sábado (20). A vitória do Athletico sobre o Red Bull Bragantino por 1 a 0 apresentou outros aspectos que municiaram as críticas à Conmebol pela realização de um jogo único, em campo neutro, para a definição do campeão.
No Fim de Papo, live pós-rodada do UOL Esporte - com os jornalistas Isabela Labate, Mauro Cezar Pereira, Milly Lacombe e Rodolfo Rodrigues - os colunistas criticaram a Conmebol pela organização da final da Sul-Americana. Para eles, além do baixo nível técnico, a partida disputada em Montevidéu não tinha clima de decisão por vários motivos.
Milly usou como exemplo o show musical que antecedeu a partida. "As pessoas que estavam cantando estavam de costas para os únicos torcedores que estavam no estádio. Estavam cantando para quem via pela TV, e não era uma TV aberta. Primeiro, tinha que achar onde passa. Depois, tem que pagar para ver. Então é uma final secreta. É tudo tão descabido, fica tudo tão estranho... Essa final da Sul-Americana é reveladora. Foi horroroso. Um jogo secreto, medonho, sem torcida, e com um espetáculo deprimente. Temos visto muitas coisas constrangedoras no futebol. Essa foi uma das maiores que já vi na minha vida", disse a colunista do UOL.
Mauro também criticou a ideia da Conmebol de realizar a decisão em jogo único, assim como acontece na Europa. "É meio melancólico encontrar uma final em um estádio semi deserto. Essa história de fazer final única em território neutro na América do Sul é bem diferente do que acontece na Europa. A dificuldade de locomoção é maior, o custo é muito elevado, as distâncias muitas vezes são imensas. Há cidades nas quais não se consegue um voo direto de uma capital como São Paulo. Essa cópia do que a Uefa faz tem efeitos colaterais e hoje isso ficou muito claro", avaliou, lembrando que o Red Bull Bragantino não tem uma torcida tão numerosa.
Para Rodrigues, realizar a final da Sul-Americana em uma única partida é um grande erro por parte da Conmebol. "Também achei um jogo muito fraco, sem cara de final e sem atmosfera de jogo decisivo. É um erro essa ideia de final única para a Sul-Americana. A gente já sabe que é um torneio de segundo escalão aqui na América do Sul e os principais times não levam tão a sério. Muito provavelmente, sempre teremos uma decisão entre times médios ou pequenos. Fazer a final da Sul-Americana em jogo único não funciona", analisou o colunista do UOL.
Milly ressaltou que cada vez mais os organizadores de torneios deixam o torcedor de lado. "É caro chegar, tira o clube da sua sede, um jogo... Não é a nossa tradição. É uma imitação do que acontece na Europa. O que a gente faz tentando imitá-los fica só ridículo. Quando digo que não foi um espetáculo, não é de uma maneira cínica ou sarcástica. O futebol, hoje, para os organizadores, é um espetáculo, feito para quem está em casa e para quem tem dinheiro para pagar por ele", criticou
Rodrigues ressaltou que uma decisão em jogo único até é válida para a Libertadores, mas se mostrou um fiasco para a Sul-Americana. "Libertadores tem uma outra pegada. Há um interesse muito grande e, com quase todos os principais times participando do torneio, a chance de ter uma final grande é bem forte. Dificilmente teremos um estádio vazio em uma final de Libertadores porque as pessoas têm grande interesse. Na Sul-Americana, é ridículo fazer a final em sede única com todas as dificuldades de distância, preço de passagem e de ingresso. Foi triste ver o Centenário vazio em um jogo sem cara de final", lamentou.
Para Mauro, o pequeno público no Centenário traz consequências ruins para a própria Conmebol, já que passa uma imagem ruim para o mundo do futebol. "É muito triste ver o estádio vazio. É uma propaganda negativa da competição que a Conmebol coloca para o mundo inteiro. Tem um grupo de torcedores na faixa central. Atrás dos gols, tudo vazio. Isso foi muito ruim também", concluiu o colunista do UOL.
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