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Bahia e Grêmio vivem clima pesado antes de 'final' contra o rebaixamento

MARCELO OLIVEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MARCELO OLIVEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Igor Siqueira e Jeremias Wernek

Do UOL, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre

25/11/2021 04h00

Os bastidores do jogo entre Bahia e Grêmio, na próxima sexta-feira (26), estão quentes. Com os dois times lutando para tentar escapar do rebaixamento, a partida na Fonte Nova tem ares de "final". Por isso, o duelo válido pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro tem sido cercado de pressão pública para cima da arbitragem e promessas de recorde de público e time com "a faca entre os dentes".

Bahia e Grêmio estão separados por um ponto, 37 a 36 para os baianos. Uma derrota no confronto direto deixa a conta para fugir da Série B muito mais dura. Os cálculos ajudam a entender a alta temperatura antes mesmo de a bola rolar.

Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio, chegou a dizer expressamente que tem medo da arbitragem que atuará em Salvador. E no dia seguinte, foi a vez de Denis Abrahão, vice de futebol, apimentar o ambiente.

"Não diria suspeição porque não conheço o árbitro. Acredito que seja uma pessoa séria. O que me preocupa é que o Bahia chorou contra o Flamengo, que foi prejudicado efetivamente, e logo em seguida caiu o Gaciba. E logo em seguida, eles jogam sob comando do Alício Pena Jr contra o Cuiabá e 'garfearam' o Cuiabá enormemente. Com dois lances totalmente fora de contexto. O VAR mostrou que ambos não estavam impedidos, que não houve falta e nem impedimento nos gols contra o Bahia na Fonte Nova. Dessa forma, o jogo terminou 0 a 0, mas o Bahia deveria ter perdido", disse Abrahão em entrevista à Rádio Bandeirantes de Porto Alegre.

O dirigente gremista seguiu na linha de crítica à comissão de arbitragem, que não divulgou os arquivos do VAR do jogo entre Bahia e Cuiabá, no domingo (21). A contestação já havia aparecido depois do empate com o Flamengo, por 2 a 2, em Porto Alegre. Em Salvador, as declarações do Grêmio foram acompanhadas com atenção.

No domingo, o Cuiabá teve dois gols anulados ainda no primeiro tempo, um por impedimento e outro por falta na jogada que terminou com bola na rede. Em parecer enviado aos clubes pela CBF, a comissão de arbitragem admite erro no segundo gol anulado —com ocorrência da falta.

"Eu pedi o apoio do presidente da FGF (Federação Gaúcha de Futebol), Luciano Hocsmann, e pedi apoio do vice-presidente da CBF, Chico Noveletto. Ambos estão se esforçando, mas também tem uma série de dificuldades na CBF. Em função de um presidente baiano que não sei como ele está lá. Ninguém sabe como ele foi colocado no posto. Não está claro, não é evidente. Se fosse pela definição do antigo presidente, o presidente da CBF hoje seria outro. Seria Francisco Noveletto Neto. E não o senhor Ednaldo baiano, que está torcendo para o Bahia. Ele está em campanha para ser presidente e quer apoio do norte e nordeste, que têm uma grande quantidade de clubes", disparou Abrahão.

A diretoria do Bahia tem sido cobrada a se posicionar, na mesma medida em que fez depois de derrota para o Flamengo, no estádio do Maracanã. À época, Guilherme Bellintani, presidente do clube, fez postagens no Twitter criticando a arbitragem por manter pênalti em favor do Flamengo, mesmo após o VAR orientar revisão.

"O futebol brasileiro virou um escândalo, um assalto, um absurdo. Fechem as portas. Terceiro jogo seguido com erro afrontoso contra o Bahia. Vergonhoso, indisfarçável. Querem rebaixar o Bahia? Eu imagino porque. Mas não vão conseguir", escreveu Bellintani. "Hj (sic) estou como todo torcedor do Bahia, com raiva e indignação. Mas a gente tá acostumado a tomar porrada. Levantamos e lutamos. Quem for do bem estará do lado bom. Quem não for, que se suje com trapaças e manipulações. Se é guerra, nossa luta e nossa força vencerão no final", acrescentou, o presidente do Bahia.

Para o Grêmio, além da pressão pública do Bahia ter surtido efeito perante CBF e arbitragem, o calendário também é um problema.

"O Bahia parou no sábado, ou melhor, no domingo e só vai jogar na sexta com o Grêmio. O Grêmio jogou na terça. Além de tudo, um calendário totalmente contrário às regras. Vamos viajar agora à Bahia para dar um descanso na quinta-feira. Vamos chegar à noite em Salvador e tem treino de novo. Eles estão descansando e esperando o Grêmio há uma semana. O Grêmio não é nem questionado, mas, sim, informado, comunicado, que o jogo vai acontecer em tal data. E não tem choro e nem vela", afirmou Denis Abrahão, vice de futebol do Grêmio.

O Bahia colocou preços populares nos ingressos e, ao final da tarde de quarta-feira, anunciou mais de 15 mil bilhetes já vendidos. Nos últimos dias, as redes sociais registraram cenas de longas filas na busca por entradas. O clube estima quebra de recorde de público desde a reabertura dos estádios. E quer usar justamente o fator local como diferencial.

"Contra o Bahia, não temos muito o que pensar. Temos que ir lá e ganhar. Qualquer outro resultado vai nos custar cenário pior", resumiu Vagner Mancini, treinador do Grêmio. "Os jogadores vão entrar com a faca entre os dentes, mordendo. Vamos para vencer", emendou Abrahão.

Romildo Bolzan Jr. e Guilherme Bellintani foram articuladores importantes nas recentes conversas dos clubes para criação da Liga de Clubes Brasileiros. A dupla, portanto, não tem histórico de conflito. A relação sempre foi cordial. Até agora.

Bahia e Grêmio já começaram a jogar a partida da 36ª rodada. Na sexta-feira, vem a partida dentro das quatro linhas.