Agentes cobram R$ 12 milhões do São Paulo por vendas de jogadores da base
Dentro de campo o momento do São Paulo não é dos melhores. Com 42 pontos em 34 jogos, o time ocupa a 14ª posição na tabela do Campeonato Brasileiro e ainda está ameaçado de rebaixamento. Fora de campo a situação do clube, especialmente a financeira, é ainda mais desconfortável.
Levantamento da reportagem com base em ações judiciais protocoladas contra o São Paulo mostra que empresários que indicaram jogadores para as categorias de base da equipe cobram ao menos R$ 12 milhões do Tricolor. Todos alegam que o clube do Morumbi deve a eles comissão por encaminhamento de jogadores e que não foram pagas.
O Pequeninos do Jóquei, tradicional revelador de jogadores para o São Paulo, teve o direito reconhecido nas transferências do zagueiro Tuta para o Eintracht Frankfurt, da Alemanha, e do volante Luizão para o Porto, de Portugal. A Justiça determinou que o São Paulo repasse R$ 1,3 milhão para o Pequeninos por 5% da venda dos direitos econômicos dos dois jogadores.
Além disso, o Pequeninos também teve reconhecido o direito a ter 5% das transferências de outros oito jogadores: Gabriel Falcão Moreira de Lima; Igor Mateus Liziero Pereira; Luan Vinicius da Silva Santos; Lucas Fasson dos Santos; Marcus Vinicius de Oliveira Alencar; Thiago Couto Wenceslau, Gabriel Maioli da Silva e Théo Henrique Costa Ferreira. Da lista, se destacam os volantes Luan e Liziero e o atacante Marquinhos, que fazem parte do elenco comandado por Rogério Ceni. Na ação, o São Paulo alega que os jogadores não chegaram ao clube por intermédio do acordo com o Pequeninos do Jóquei.
Outra derrota na Justiça foi no processo envolvendo o lateral direito Auro. O São Paulo foi condenado a pagar 30% à empresa Cruz & Hertal Atividades Esportivas Ltda. Na ação, a assessoria pede R$ 1,1 milhão. Já a defesa do clube pede que "seja reconhecida a improcedência do valor pedido pela apelada, por insubsistências nos conceitos e cálculos que nele resultaram, estipulando-se, ao final, que o percentual de 30% de participação da autora deve incidir sobre o resultado líquido (...) e não sobre o valor bruto".
O empresário Écio Morgado cobra 5% nas transferências de Gustavo Maia para o Barcelona, da Espanha, e de Weverson, para o Red Bull Bragantino. Segundo Écio, ele assinou contrato em 2009 com o São Paulo, por meio do qual o clube promete lhe dar 5% sobre todos os atletas por ele encaminhados ao Morumbi, o que seria o caso de Maia e Weverson. Pela transferência de Maia, Écio pede que o São Paulo repasse R$ 1,4 milhão, além de R$ 106 mil pela ida de Weverson para o RB Bragantino
Um dos destaques do São Paulo no Brasileiro do ano passado, Brenner não ficou nem uma temporada no clube depois de ter sido efetivado no comando de ataque da equipe e foi vendido para o FC Cincinatti, dos Estados Unidos.
A venda de Brenner motivou Carlos Roberto Cabral da Silva a buscar na Justiça os 5% aos quais acredita ter direito. Segundo a defesa de Carlos "Profeta", ele levou três atletas para o São Paulo, entre eles Brenner. Em carta apresentada no processo, a defesa mostra que houve "autorização para pagamento de gratificação no valor de R$ 3 mil livres e em caso de eventual profissionalização no futuro a concessão de 5% direitos econômicos ao colaborador Carlos Profeta, pois o atleta é oriundo da sua escola de futebol", alegou. Assim, ele pede que o São Paulo lhe pague R$ 4,2 milhões.
Outro jovem revelado em Cotia que rendeu processo ao São Paulo na Justiça é o atacante Antony. Destaque do Ajax, da Holanda, e presença constante nas últimas convocações de Tite, o jogador é alvo de processo ajuizado por Paulo Nani. Ex-jogador do São Paulo na década de 1979, Nani diz que firmou um acordo com o São Paulo em 2014, pelo qual receberia 5% de uma negociação futura. Na primeira tentativa, ele foi derrotado no pedido de R$ 9,8 milhões pela transação, mais danos morais e materiais. Nani recorreu e após pedir R$ 3,7 milhões, concordou em fazer uma tentativa de conciliação com o São Paulo para encerrar a ação.
Fontes ouvidas pela reportagem junto aos empresários reclamam da postura do São Paulo. Dizem que o clube sabe o que faz, mas que sempre age da mesma forma, alegando que os empresários devem comprovar que o atleta foi encaminhado por uma escolinha ou por suas assessorias ao clube.
Procurado, o São Paulo afirmou "que está trabalhando para eliminar essas cobranças".
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