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Em ano sem taça, luta contra rebaixamentos promove Meninos da Vila

Luciano Ribeiro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/11/2021 04h00

Ser formado na base do Santos costuma ser bem diferente do que crescer dentro de outros clubes grandes do Brasil. Não é todo Menino da Vila que surge como joia a ser lapidada ou como craque. Mas todos eles carregam uma credencial que dá o direito de entrar no coração do torcedor. E ninguém, nenhum santista, deixa de abraçar uma cria da casa. Seja na hora da alegria ou do sofrimento.

Nesta temporada, mais uma vez, a molecada está fazendo a diferença em momentos cruciais. Como tem sido ao longo dos anos, desde a Era Pelé. Se a lista de títulos do Santos carrega a marca dos Meninos da Vila, pode-se dizer que em 2021 o heroísmo deles agora evita o maior vexame da história do clube.

Pela segunda vez no ano, o Santos caminha forte para se salvar de um rebaixamento. Primeiro foi no Campeonato Paulista, quando se salvou somente na última rodada, ao vencer o São Bento, na Vila Belmiro, por 2 a 0.

Ontem, de novo no conforto de sua casa, deu um passo enorme para evitar a queda para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro ao bater o Fortaleza, também por 2 a 0 - o time chegou aos 45 pontos, na 11ª posição. Em comum, esses dois jogos apresentaram uma forte pressão sobre os jogadores, uma grande dificuldade diante dos rivais e os mesmos heróis: os Meninos da Vila.

Embora o Santos tenha nomes de peso no elenco, como Sanchez e Marinho, foram as crias da base que deram alívio à torcida na luta contra os dois rebaixamentos. No Estadual, Lucas Braga e Kaio Jorge marcaram os gols e comandaram a vitória contra o time de Sorocaba. O Brasileirão, foi a vez de Marcos Leonardo anotar os dois tentos do trinfo contra os cearenses.

Carinho e confiança da torcida

Essas duas histórias passam primordialmente pela confiança e carinho do torcedor santista com os pratas da casa. No caso desta quinta-feira, por exemplo, Marcos Leonardo teve a importante ajuda de Gabriel Pirani.

E, novamente, quando os veteranos não conseguiram dar o retorno, a luz de esperança do torcedor veio dos meninos.
Esse fenômeno já impressiona o técnico Fábio Carille. Formado como treinador dentro do Corinthians, ele reconhece a maturidade da molecada e fica satisfeito com o apoio da torcida a esses garotos.

Era de Marinho, jogador fundamental durante toda a temporada de 2020, que Carille esperava mais. No entanto, percebeu que o atacante não estava rendendo ainda por conta das dores musculares que o tiraram do jogo contra o Corinthians.

"Ele não estava ajudando naquele momento. Falei para ele que é guerreiro, mas que estava sentindo. E colocamos garotos que treinam bem e nos dão confiança", relatou o treinador, antes de reconhecer o valor dos meninos. "Foi um momento tão difícil e os jovens deram uma resposta legal. A atmosfera da Baixada, um lugar que historicamente sempre revelou grandes jogadores, ajuda. E aqui na base temos vários trabalhando com a gente. Me dá mais segurança lançar em casa".

Em observação

Carille já vem observando Marcos Leonardo com bons olhos desde que chegou, mas nem sempre conseguiu contar com o jogador.

"Ele vem treinando bem, mas teve algumas convocações (para a seleção brasileira sub-18). Sou um pouco inseguro em colocar meninos em momento desse, confesso. Sei do talento dele e do Ângelo e do Kaiky, mas o negócio é pesado e vem o medo de queimar. Mas hoje (quinta-feira) me senti à vontade na opção de colocar o Marcos", concluiu o técnico, certamente feliz com sua surpreendente dose de ousadia.

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