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Novo técnico do United fez sucesso na Red Bull e trabalhou com o Bragantino

Ralf Rangnick, ex-técnico e ex-diretor do RB Leipzig, foi supervisor do Bragantino por cerca de um ano - Jan Woitas/picture alliance via Getty Images
Ralf Rangnick, ex-técnico e ex-diretor do RB Leipzig, foi supervisor do Bragantino por cerca de um ano Imagem: Jan Woitas/picture alliance via Getty Images

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

26/11/2021 04h00

Dias após a saída de Solskjaer, o Manchester United está muito perto da contratação de Ralf Rangnick como técnico interino até o final da temporada. O alemão tem longo currículo: é considerado um dos mentores do futebol alemão moderno, botou Jürgen Klopp para refletir depois de uma goleada e foi até supervisor do Red Bull Bragantino.

Rangnick é um ex-volante que se deu muito melhor fora do que dentro de campo. Nunca treinou times de fora da Alemanha, nem é um supercampeão, mas é reverenciado como uma mente brilhante do futebol europeu após revolucionar o estilo de jogo em seu país. Ele chega ao Manchester United aos 63 anos, após ocupar cargo de diretor no Lokomotiv Moscou (RUS).

Em uma época em que o futebol alemão era conhecido só por sua força e brutalidade, Rangnick pensou alternativas táticas que mudaram o jogo — marcação por zona, linha de quatro na defesa, o famoso "perde e pressiona" de Klopp etc. Nos últimos 25 anos, ele tirou o modesto Ulm da terceira divisão direto para a Bundesliga, depois fez a mesma coisa com o Hoffenheim, e mais recentemente foi o homem-forte do sucesso do RB Leipzig — ora como técnico, ora como diretor.

"Por que os jogadores alemães precisam ser menos astutos que os italianos ou espanhóis?", refletiu Rangnick em entrevista ao El País no ano passado. "Beckenbauer disse em 1995 que com jogadores alemães não era possível marcar por zona porque eles não entenderiam o conceito. Até 2000, nós alemães éramos famosos por ser agressivos e comer grama, mas não pela estratégia", completa, sobre uma imagem que muito contribuiu para mudar.

Goleada que ensinou Klopp

Jurgen Klopp (à esquerda) e Ralf Rangnick quando ambos treinavam clubes alemães - Bartek Wrzesniowski/AFP - Bartek Wrzesniowski/AFP
Jurgen Klopp (à esquerda) e Ralf Rangnick quando ambos treinavam clubes alemães
Imagem: Bartek Wrzesniowski/AFP

A história é famosa na Alemanha. No começo da temporada 2008-09, um jogo corriqueiro da Bundesliga seria o bater de asas da borboleta que acabaria por influenciar o futebol europeu por inteiro. O Hoffenheim de Rangnick goleou o Borussia Dortmund de Klopp por 4 a 1 e mexeu com a cabeça do técnico mais jovem.

Uma semana depois, Klopp escreveu à torcida em um programa de jogo para avisar que vinham mudanças pela frente. "A maneira como o Hoffenheim nos pressionou no último jogo deve ser a nossa referência. Devemos desenvolver o Dortmund para jogar como o Hoffenheim joga", afirmou. Era o tal gegenpressing, o estilo "perde e pressiona" de Klopp que ganharia um bicampeonato alemão e hoje é a cartilha do Liverpool.

Não à toa, Klopp diversas vezes já se referiu ao compatriota como "um dos melhores, senão o melhor técnico alemão".

Base do sucesso da Red Bull

Rangnick assumiu o projeto futebolístico da Red Bull em 2012 e mais uma vez inovou. Não só permitiu que uma empresa de energéticos sacudisse a lógica do esporte, mas também foi fundamental para a criação de um estilo próprio de jogo, de formação de atletas e até de treinadores, que acabou replicada nas franquias do clube ao redor do mundo.

Com plenos poderes, Rangnick não mudou apenas os bastidores dos clubes da empresa. Em campo, o sucesso foi ainda mais avassalador: em quatro anos o RB Leipzig já estava na primeira divisão alemã; em seis, na Champions League. Nesse meio tempo, o austríaco RB Salzburg ganhava vários títulos, e o trabalho da empresa revelava atletas da grandeza de Naby Keïta, Timo Werner e Sadio Mané.

Trabalho com o Bragantino

Ralf Rangnick, ex-diretor esportivo dos times da Red Bull e especulado no Manchester United - Divulgação/RB Leipzig - Divulgação/RB Leipzig
Em quase dez anos de Red Bull, Rangnick foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso esportivo da marca
Imagem: Divulgação/RB Leipzig

Com os times europeus consolidados, em 2019 Ralf Rangnick foi deslocado para desenvolver outras três equipes da Red Bull. Ele virou uma espécie de supervisor do time de Nova York e dos dois do Brasil — tanto o recém-criado RB Bragantino quanto o RB Brasil, hoje menos relevante.

Rangnick era como um elo entre Thiago Scuro, o chefe de operações da Red Bull no Brasil, e a sede da companhia, um consultor da parceria entre a marca e o Bragantino. Em uma visita ao país há dois anos, comentou com outros dirigentes que o clube poderia ser campeão brasileiro já em 2020. "Ainda é cedo", lhe responderam, mas a ambição estava no caminho certo: o time foi vice-campeão da Copa Sul-Americana nesta temporada e tem chances de ir à Copa Libertadores no ano que vem.

O alemão ficou menos de um ano na nova função, pois deixou a Red Bull em julho de 2020 em condições até hoje não muito bem esclarecidas — o sigilo é marca registrada da companhia. Livre no mercado, Rangnick foi especulado para treinar diversos clubes, mas preferiu aceitar um cargo diretivo no Lokomotiv Moscou. Agora, está a detalhes de assumir o Manchester United.

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