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Passagem de Renato Gaúcho no Flamengo foi da euforia à frustração

Renato Gaúcho no banco de reservas do Flamengo no duelo contra o Internacional - Pedro H. Tesch/AGIF
Renato Gaúcho no banco de reservas do Flamengo no duelo contra o Internacional Imagem: Pedro H. Tesch/AGIF

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

29/11/2021 14h23

Da euforia à demissão. A passagem de Renato Gaúcho pelo Flamengo foi uma montanha-russa, e teve um fim na tarde de hoje (29), após reunião do treinador com a cúpula do clube. O capítulo final desta história foi a derrota na final da Libertadores, no último sábado (27), para o Palmeiras.

A análise fria dos números aponta um bom desempenho em campo, mas que não foi o suficiente para manter uma relação que ficou desgastada. Ele deixa o Rubro-Negro com 72,07% de aproveitamento, em 37 jogos, com 24 vitórias, oito empates e cinco derrotas.

Renato desembarcou na Gávea em julho, para substituir Rogério Ceni. À época, era a concretização de um vínculo já havia tido alguns "flertes" em momentos anteriores, com elogios mútuos. O início de caminhada foi promissor, com goleadas consecutivas, o que animou a torcida.

Bruno Henrique abraça Renato Gaúcho após marcar pelo Flamengo - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Mas vieram os tropeços e, com eles, o Atlético-MG ficava cada vez mais absoluto na ponta da tabela do Campeonato Brasileiro, fazendo com que a conquista do tri nacional pelo Fla fosse ficando mais improvável. A pressão aumentou.

A eliminação nas semifinais da Copa do Brasil, com derrota em casa para o Athletico-PR, fez a relação ganhar outros ares. A torcida cantou o nome de Jorge Jesus na arquibancada, e Renato entregou o cargo, mas não teve o pedido aceito.

Às vésperas da final continental, o empate com o Grêmio irritou os rubro-negros. A derrota na Libertadores, no último sábado, tornou o laço quase que insustentável para os dois lados. O próprio Renato discursou ao elenco em tom de despedida.

"Lógico que estamos tristes, o torcedor está triste, nós estamos muito tristes com a derrota de hoje. Infelizmente, no Brasil só é bom quem ganha. Se hoje o Flamengo tivesse ganhado, iam perguntar se eu iria renovar para o ano que vem. Como não ganhou, em 120 minutos, o técnico já não é bom. Eu já estou vacinado. Em 2008, quando fui vice-campeão com o Fluminense, todo mundo achou que não íamos passar da primeira fase, depois era todo mundo muito bom, e no dia seguinte ninguém prestava. Quem não ganha, no dia seguinte não é bom. Mas ainda tenho esperança que algum dia melhore", disse, após a derrota do último sábado.

R$ 200 milhões, mas sem título

Renato dá adeus ao Flamengo sem títulos, algo que o mesmo havia dito que era obrigação. Em setembro de 2019, quando estava no Grêmio, o treinador concedeu uma entrevista à TV Globo e, ao falar sobre o duelo com o Rubro-Negro pela edição da Libertadores daquele ano, disse que o time da Gávea era o favorito: "Se me derem quase 200 milhões, eu também monto uma seleção".

Ao chegar ao Fla, porém, não conseguiu confirmar o favoritismo, mesmo tendo à disposição um estrelado elenco. Aquela declaração acabou o acompanhando durante todo o período no Rubro-Negro. Após a derrota na final da Libertadores, o assunto voltou à tona.

"Na época o Flamengo disputava as duas competições [Brasileiro e Libertadores] e não tinha ninguém no departamento médico. Em três, quatro meses, o Flamengo disputou três competições, era final a cada três dias. Vai ver quantos minutos, acredito que poucos, que a equipe principal jogou junta. Oito minutos? Está dada a resposta."

Ex-jogador do Flamengo

No Flamengo, Renato Gaúcho buscou repetir um feito que havia conquistado no Grêmio, onde levantou taças como jogador e como treinador. Ex-jogador do Rubro-Negro, ele foi campeão do Brasileiro de 1987 e da Copa do Brasil de 1990, mas, à beira do gramado, não obteve o mesmo êxito.