Amizade com direção e Aguirre pressionado recolocam Coudet na rota do Inter
Hoje é apenas um sonho, mas não pode ser tratado como algo tão distante assim. Eduardo Coudet, que há pouco mais de um ano deixava o Inter atritado com a direção da época, pode voltar a comandar o Colorado. Uma equação que conta com instabilidade no Celta, Aguirre pressionado no final da temporada e amizade com o comando atual do clube gaúcho, principalmente o presidente Alessandro Barcellos, pode reatar o laço que se desfez no início de novembro de 2020.
Para entender a relação que Coudet mantém com a direção do clube gaúcho, é preciso recordar o que houve no ano passado. Líder do Brasileirão, o Inter, com um grupo não tão diferente do atual, lidava com as pressões do argentino por reforços e a impossibilidade de gastar mais do que tinha disponível. Cenário que, da mesma forma, é presente ainda hoje.
Mas o clube se preparava para uma acirrada disputa política e isso invadiu o vestiário como um furacão. Então vice de futebol, o atual presidente do Inter, Alessandro Barcellos, foi sacado do posto no fim de setembro exatamente porque seu movimento planejava candidatura à presidência no pleito de dezembro.
Barcellos era, como ainda é, muito próximo de Coudet. A amizade entre eles pesou no desligamento do treinador que viu, ali, o quanto era instável o ambiente no Beira-Rio. Chacho nunca escondeu que não se sentia respaldado pelo presidente Marcelo Medeiros e o executivo Rodrigo Caetano, com quem chegou a divergir em entrevistas coletivas que se sucederam.
Coudet deixou o Inter menos de dois meses depois de Barcellos, e foi para o Celta, clube que defende até hoje. Depois de um início muito bom, o momento é de oscilação e, por lá, também há divergências nos gabinetes. Há dois pontos de discórdia latentes. O primeiro é a influência de Carlos Álvarez, neto do presidente do clube, Carlos Mouriño, nos bastidores da equipe. E o segundo é possibilidade de saída do meio-campista Denis Suárez, que não foi discutida com o treinador e é tratada pela direção.
Coudet, novamente, percebe que o ambiente não é o melhor, segundo apurou o UOL Esporte. Entendendo que pode ser sacado antes do fim do vínculo, ele, como fez ao deixar o Inter, avalia possibilidades futuras.
Em entrevista coletiva na Espanha, Chacho admitiu que conversa com a direção e funcionários do Inter, mas reforçou que possui contrato até 2024 com a camisa que defende atualmente.
"Não falo só com o presidente, mas com muita gente do clube. Falamos constantemente. Tenho muitos amigos lá, mas tenho contrato aqui até 2024", disse o treinador.
Por outro lado, quando optou por iniciar um trabalho na Europa, Eduardo Coudet estava decidido a abrir mercado e permanecer no Velho Continente o máximo de tempo possível. Retornar para a América do Sul seria interromper uma iniciativa profissional que partiu dele ao decidir pelo rompimento em Porto Alegre.
Enquanto isso, o Inter está repleto de incertezas. A queda de rendimento coloca o trabalho de Diego Aguirre em avaliação na virada do ano. Mesmo que tenha vínculo até o fim de 2022, o uruguaio pode deixar o clube para assumir a seleção de seu país, ou ainda simplesmente ter vínculo encerrado.
A queda de desempenho aliada à falta de bons resultados que pode culminar na temporada seguinte sem Libertadores no calendário pesa contra a comissão técnica atual.
O cenário ainda é bastante inicial. Coudet possui vínculo na Espanha, Aguirre em Porto Alegre, e há multas rescisórias para ambos os lados em caso de rompimento. O gasto seria, todo, do Inter, que não ostenta uma capacidade elevada de investimento.
Porém, reatar com o técnico que iniciou a temporada passada, cuja conclusão foi o vice-campeonato brasileiro, já não é tratado como sonho tão distante assim nos bastidores do clube.
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