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Por que a Bola de Ouro para Messi está causando tanta polêmica

Lewandowski e Messi lado a lado na cerimônia da Bola de Ouro de 2021, ontem (29), em Paris - Reprodução/YouTube
Lewandowski e Messi lado a lado na cerimônia da Bola de Ouro de 2021, ontem (29), em Paris Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

30/11/2021 13h49

A Bola de Ouro recebida por Lionel Messi ontem (29), a sétima que ele ganhou, talvez seja a mais controversa de sua carreira. Muita gente no mundo do futebol tem se posicionado contra o resultado desde a cerimônia, e o UOL Esporte lista abaixo alguns argumentos dos críticos e outros dos defensores do prêmio para o craque argentino.

Messi mereceu a Bola de Ouro

O argentino foi o 'dono' das equipes pelas quais jogou em boa parte de 2021. Nos primeiros meses, ainda na temporada 2020-21, ele praticamente sozinho manteve o Barcelona na briga pelo título espanhol até as últimas rodadas. Foi o oásis de um clube imerso em crise, mas que mesmo assim venceu a Copa do Rei.

Da Copa América, nem precisa falar. Messi liderou a Argentina, criou nove gols (próprios ou com assistências) e finalmente venceu um título pela seleção que não ganhava nada há 28 anos. Ele foi artilheiro, teve o maior número de assistências e foi eleito o melhor jogador da competição.

Quando veio o prazo dos votos para a premiação, Messi tinha 40 gols no ano. Entre seus principais concorrentes, era o que mais havia dado assistências (14), passes certos (2.525), criado chances (118), acertado dribles (224) e roubado bolas (107). Como a votação foi encerrada no final de outubro, seu início lento no PSG não deveria mesmo ter tanto peso em sua candidatura.

Lewandowski é que merecia a Bola de Ouro

Foi um ano muito bom para Messi, tudo bem, mas longe das suas melhores temporadas. Enquanto isso, o polonês Robert Lewandowski foi campeão, artilheiro e eleito o melhor jogador da Bundesliga, além de bater o recorde de gols de uma única edição do torneio — 41, acima dos 40 de Gerd Müller em 1972.

Tudo bem que a Bola de Ouro não considera a temporada 2020-21 completa, apenas a metade final, a partir de janeiro, mas neste período Lewandowski também tinha fortes argumentos a seu favor. O polonês fez 53 gols (até o encerramento da votação do prêmio), contra 40 de Messi; criou 61 gols no total (somando gols e assistências), contra 54 de Messi; e ainda venceu o Mundial de Clubes com o Bayern de Munique.

Messi foi campeão da Copa América, é verdade, mas o segundo semestre do argentino não chega aos pés do de Lewandowski — mesmo considerando apenas até outubro, prazo da votação da Bola de Ouro. Messi fez 12 gols entre o torneio sul-americano e seu início no PSG; Lewa fez 22 no mesmo período.

O pessoal da Bola de Ouro aparentemente sabia disso tudo, afinal nomeou Lewandowski como "melhor atacante" de 2021. Ao que se sabe, Messi também é atacante. Se um é melhor do que o outro como atacante, como é possível não ser no geral?

Quem criticou o prêmio a Messi

Dois ex-rivais de Messi detonaram a premiação de ontem. "Tenho cada vez mais dificuldade em acreditar nesses prêmios do futebol", disse o ex-goleiro Iker Casillas, ídolo do Real Madrid, sem citar seu candidato favorito.

O meia Toni Kroos foi além. "Prêmios individuais não me interessam; mas se existem, deveriam ser justos. Para mim, Benzema deveria ser o número um", argumenta o alemão, que defendeu seu companheiro de Real Madrid. Benzema foi apenas o quarto colocado da Bola de Ouro.

"Honestamente, não entendo mais isso. Todo o respeito a Messi e aos demais, mas nenhum merecia tanto quanto Lewandowski", afirmou o ex-jogador Lothar Matthaus, ídolo do Bayern.

O próprio Messi reconheceu, durante a cerimônia, que o polonês deveria ao menos ganhar uma Bola de Ouro referente a 2020, ano em que a premiação foi cancelada por causa da covid-19. "É uma verdadeira honra competir com você. Todos sabem e eu concordo que você foi o vencedor no ano passado", afirmou o argentino no palco, referindo-se ao camisa 9 do Bayern.

Critérios da premiação

A Bola de Ouro leva em consideração não apenas o desempenho individual de cada atleta indicado, mas também o sucesso coletivo de seus times e seleções. Ainda são observados fatores como fair play, classe e talento do jogador e a construção de sua carreira, por isso nem sempre os prêmios refletem exatamente os números de cada jogador — o que de alguma forma contribui para questionamentos.

A votação da Bola de Ouro inclui 200 jornalistas do mundo inteiro, que montam seu ranking particular dos melhores do mundo no ano-calendário (ou seja, de janeiro a dezembro). Estas são diferenças relevantes em relação ao prêmio The Best, da Fifa, que considera a temporada europeia (agosto a junho) e no qual treinadores e capitães de seleções também participam da votação.