SPFC: Coordenador vê integração maior com a base e pede calma com quem sobe
O início da gestão do presidente Júlio Casares trazia como uma das promessas uma integração maior entre os jogadores da base e os do time profissional do São Paulo. Logo de cara, Milton Cruz voltou ao clube para ser o responsável por conectar o CT de Cotia (base) com o da Barra Funda (profissional).
Cruz ficou na função durante sete meses. Em outubro, quando Rogério Ceni foi contratado para substituir Hernán Crespo no comando técnico da equipe principal, ele deixou Cotia para, depois de um longo tempo, (re)integrar a comissão da Barra Funda. Ainda assim, ele continua auxiliando na transição dos jovens atletas com o profissional, de acordo com Pedro Smania, coordenador da base são-paulina.
"O Milton continua participando conosco aqui. Embora ele não venha diariamente para cá mais com a chegada do Rogério Ceni, a todo momento ele participa. Ele vem nos jogos, ele conversa, participa dessas reuniões de integração. Foi importantíssimo esse período dele em Cotia porque ele se aproximou muito dos processos que estão sendo feitos aqui, melhorados na formação. Ele se aproximou dos meninos, dos atletas do sub-20, da comissão mais ainda", explicou.
Na coordenação da base são-paulina desde 2017, Smania afirma que a integração entre os dois centros de treinamentos aumentou neste ano. Os jovens passaram a treinar com uma periodicidade maior entre os profissionais e alguns deles acabaram recebendo chances. O caso mais célebre foi o de Marquinhos, escalado como titular por Hernán Crespo contra o Racing, pelas oitavas de final da Libertadores. Na ocasião, ele marcou um gol e deu assistência para outro.
"Todo ano nós precisamos entender onde nós avançamos e onde nós precisamos avançar. Nós temos avançado nessa integração com a Barra Funda. Esse ano com essa nova diretoria e comissões nós entendemos que precisamos cada vez mais fazer isso acontecer. Isso foi respeitado, entendido e é o que está acontecendo. Vinha acontecendo, mas esse ano foi entendido que precisava cada vez mais acontecer", prosseguiu.
A grave crise financeira vivida pelo São Paulo deve aumentar o espaço para a base no ano que vem. Carlos Belmonte, diretor de futebol, já afirmou que o clube não fará grandes contratações para a temporada que vem. Em entrevista coletiva recente, o técnico Rogério Ceni afirmou que os próximos anos serão "muito difíceis" para a equipe tricolor e previu um time mais simples para 2022.
Smania confirmou que mantém conversas com a comissão técnica do profissional, mas preferiu não opinar sobre quais jogadores da base estariam aptos a brigar por espaço no CT da Barra Funda. Na visão dele, os constantes treinos dos jovens atletas com os profissionais ajudam quando chega o momento da transição definitiva.
"A gente sabe que quando eles chegam lá no grupo profissional, precisam se adaptar a outras coisas que só a realidade do dia a dia consegue fazer isso. Não existe nenhum tipo de ação que a gente possa fazer para que eles consigam se adaptar com situações que só a vida lá no dia a dia é capaz. Mas como eles estão adaptados a treinar com os profissionais - volta e meia estão lá - é algo suave e que não exige nenhum tipo de sinal vermelho ou amarelo da nossa parte ou da parte deles".
Ao longo da temporada, alguns jogadores se revezaram entre servir o profissional e seguir atuando pelo sub-20. Foi o caso do atacante Juan, um dos destaques do Brasileirão da categoria, com nove gols e seis assistências em 15 jogos. Ele foi alçado ao time principal com Hernán Crespo e mantido por Rogério Ceni. Apesar de só ter sido utilizado em uma partida no Brasileirão dos profissionais, ele ficou no banco de reservas em outros sete jogos, incluindo um dos jogos contra o Palmeiras pela Libertadores.
Além dele, o meia Talles Costa integrou o elenco principal no Paulistão e foi emprestado para o sub-20 para a disputa do Brasileirão da categoria. Outra promessa que desponta como opção para o profissional é Vitinho. O atacante foi um dos destaques da campanha vice-campeã nacional sub-20.
Com a possibilidade de Juan e outros atletas da base começarem a ser mais utilizados no time profissional na próxima temporada, Pedro Smania espera paciência com os jovens jogadores, principalmente em relação à torcida.
"A gente entende o torcedor, porque ele é apaixonado pelo São Paulo e quer que os meninos entrem e arrebentem. Nós também queremos, mas nem sempre isso acontece. O Marquinhos entrou em um jogo de Libertadores, fez um gol e deu uma assistência, mas ele também precisa evoluir. É um menino novo, tem 18 anos, ainda existem lacunas que ele precisa preencher. Precisamos nos pautar no trabalho que a gente acredita, não em algumas críticas até certo ponto exageradas", completa Smania.
O planejamento do São Paulo para a temporada deve começar assim que o Brasileirão terminar. A equipe ainda tem remotas chances de ser rebaixada. Uma vitória contra o Grêmio, na quinta-feira (2), afastaria de vez o medo do inédito rebaixamento e permitiria que Rogério Ceni e sua comissão técnica comecem a desenhar o elenco da próxima temporada.
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