Carinho e pressão: desejo da torcida por Jesus vira carma de novo no Fla
Após demitir Renato Gaúcho na última segunda-feira (29), o Flamengo ainda não escolheu seu novo treinador, mas no que depender do desejo da torcida, nada mudou: eles querem a volta de Jorge Jesus. É algo que, ao mesmo tempo, serve como demonstração de carinho e idolatria pelo português, mas traz também à tona novamente uma pressão e um carma com a qual diretoria e os técnicos que o sucederam têm de conviver.
O recado dos rubro-negros foi dado em alto e bom som ontem (30), após a vitória por 2 a 1 sobre o Ceará, no primeiro jogo no Maracanã após o vice-campeonato da Libertadores para o Palmeiras. O tradicional grito de "Olê, olê, olê, olê, Mister! Mister!", tão cantando no ano mágico de 2019, foi entoado por mais de 40 mil pessoas presentes. Na ocasião, também xingaram bastante Renato Gaúcho —demitido na segunda-feira (29).
Atualmente, Jorge Jesus se encontra no Benfica (POR), com o qual tem contrato até junho de 2022. O treinador nunca escondeu o carinho pelo Flamengo e já citou este sentimento em algumas oportunidades em entrevistas coletivas pelo clube português. No entanto, além do vínculo contratual, soa também como dificultador a ideia de que sua família não aprovaria um retorno ao Brasil.
Em relação à alta cambial, isso parece hoje ser o menor dos problemas. A diretoria está disposta a gastar mais para ter um técnico de ponta, com a preferência por um estrangeiro. E nesse contexto, além de Jesus, estão à mesa os nomes dos conterrâneos André Villas-Boas e Carlos Carvalhal, e do argentino Marcelo Gallardo, que deixará o River Plate (ARG).
Jesus teve uma inesquecível passagem pelo clube, tendo sido campeão da Libertadores e Brasileiro. Já Carlos Carvalhal não é a primeira vez que entra no radar do rubro-negro. Ele foi um dos nomes analisados pela diretoria na época em que buscaram um substituto para Jesus — Domènec Torrent foi o contratado na ocasião.
Dome, Ceni e Renato sofreram com 'sombra' de Jesus
A tarefa tem sido árdua para os treinadores que comandaram o Flamengo após a saída de Jorge Jesus. O espanhol Domènec Torrent e os brasileiros Rogério Ceni e Renato Gaúcho sofreram com a pressão e a idolatria das arquibancadas pelo português. Foi quase uma regra: se o resultado não vinha em campo, era provável que o nome do lusitano fosse ecoado.
Dos três, Renato foi quem mais causou euforia nos torcedores no momento da contratação. Seu início animador, com uma sequência de boas vitórias, o deixou em um bom ambiente, mas, conforme o desempenho foi caindo, a "sombra" de Jesus tornou-se cada vez maior, até se tornar insustentável.
Após a eliminação nas semifinais da Copa do Brasil para o Athletico-PR, Renato chegou a comentar sobre os gritos pelos português, fazendo um comparativo:
"O elenco é muito forte, é muito bom. Então, todo treinador gosta de ter um elenco desse. Faz parte da nossa vida (perder) mesmo com um elenco bom, forte. É o que eu falei: você não vai ter sucesso 100%. O próprio Jorge Jesus esteve aqui e perdeu, saiu da Copa do Brasil. Depois, ganhou o Campeonato Brasileiro e a Libertadores", disse, complementando:
"Mas, enfim, estamos aqui num clube grande. Sempre estamos expostos às cobranças. No nosso futebol a gente sabe que, infelizmente, quando não conseguimos os resultados que esperamos, principalmente em se tratando de torcida do Flamengo, que é a maior do Brasil, a cobrança é sempre muito grande".
Eleição no sábado
No próximo sábado (4), o clube passa por um processo eleitoral e dificilmente algo em termos de treinador será solucionado até lá. Como o presidente Rodolfo Landim é favoritíssimo à reeleição, a tendência é que os homens do futebol mantenham os contatos abertos nesses dias, embora ainda não haja nenhuma negociação em curso.
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