Pepsi ou Coca-Cola? CBF já teve confusão com as duas na seleção brasileira
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já esteve envolvida com as principais marcas de refrigerante do mundo — e hoje é patrocinada pelo Guaraná Antarctica. Mas se tratando apenas de Pepsi ou Coca-Cola, teve polêmica com ambas em algum momento da história da seleção brasileira.
No caso da Pepsi, uma controvérsia faz parte do enredo que culmina com a Copa do Mundo de 1990. O assunto, inclusive, é abordado no terceiro episódio da série "Copa 90: Lazaroni, Maradona e uma seleção (talvez) injustiçada". O trabalho documental foi produzido por UOL Esporte e MOV.doc, selo de documentários de MOV, a produtora de vídeos do UOL, e está disponível no YouTube. Em relação à Coca-Cola, há uma briga homérica que já dura 20 anos e segue em curso na Justiça, sem perspectiva de encerramento.
A questão sobre a Pepsi diz respeito a um contrato assinado pela CBF em 1990 — com intermediação da Traffic, do empresário J. Hawilla, já falecido, que em 2015 estaria no bolo de companhias investigadas pelo FBI por causa de pagamentos de propina a dirigentes do futebol.
Na ocasião, o relato dava conta de que o acerto renderia à CBF US$ 3 milhões. A Pepsi passou a ter um espaço no uniforme de treino da seleção, no agasalho oficial e em placas de publicidade ao redor dos locais de treinamento (na Granja Comary, por exemplo). Um contrato vigente na época dava conta de que os jogadores da seleção teriam direito a 20% do valor total recebido pela CBF em acordos comerciais como o da Pepsi.
"Alguém da própria CBF vazou para os jogadores que o valor do contrato era maior. E os jogadores foram ao Ricardo Teixeira", lembrou Juca Kfouri, colunista do UOL.
"É uma coisa devida. Não era nenhum favor. A gente achou que teria que fazer alguma coisa para chamar atenção", contou o ex-zagueiro Mauro Galvão.
Fato é que, na véspera do embarque, os jogadores tiraram uma foto em posição "patriótica" e colocaram a mão no peito, cobrindo a marca da Pepsi. O técnico Sebastião Lazaroni diz que foi o autor da orientação para que os jogadores colocassem a mão no peito e não relaciona isso a um ato de protesto. Mas os jogadores não corroboram essa versão. O treinador, inclusive, foi garoto-propaganda da Pepsi antes da Copa do Mundo e não saiu na foto com a mão no peito.
"Não tinha nada de patriótico ali. Era em razão da publicidade. A empresa não tem nada a ver com isso, mas foi a forma que se achou para protestar", acrescenta Mauro Galvão.
No ano seguinte, em 1991, a Coca-Cola voltou à CBF. Elas já tinham sido parceiras em 1987, em uma "invasão" ao futebol que levou a marca a todos os clubes da Copa União. Teve até um jogo contra o Chile, em dezembro daquele ano, que a seleção brasileira jogou com o patrocínio da Coca-Cola estampado na camisa amarela.
A parceria entre CBF e Coca-Cola acabou em maio 2001. E não foi nada amistosa. Quem entrou no lugar foi a Ambev, levando o Guaraná Antarctica à seleção brasileira. A Coca-Cola recorreu à Justiça pedindo indenização, já que o contrato acabaria inicialmente só depois da Copa do Mundo de 2002.
Segundo a Folha de S. Paulo, a CBF justificava a quebra de contrato alegando que a multinacional não queria atrelar o acordo ao dólar e não cobriria a proposta da AmBev — cerca de US$ 10 milhões por ano, na ocasião. A Coca pagava à CBF, de acordo com a entidade, cerca de R$ 9 milhões anuais.
No balanço da CBF referente a 2001, a entidade tinha separado uma provisão de R$ 3,3 milhões para essa finalidade. Em 2011, a CBF separou R$ 8,2 milhões, de acordo com o balanço, para esse processo da Coca-Cola. Mas os dados mais recentes indicam que a entidade separou R$ 21,9 milhões referente a uma penhora para garantir o pagamento de multa em decorrência do rompimento unilateral do contrato. Os valores em disputa cresceram por causa dos juros e da correção monetária ao longo dos anos. A exigência em juízo por parte da Coca-Cola está na casa dos R$ 80 milhões.
E a Pepsi? Desde 1997, a PepsiCo e a Ambev são parceiras comerciais na produção e distribuição de bebidas no Brasil. A proximidade entre as duas empresas também influencia na relação com a CBF.
Em 2019, o Guaraná assinou contrato para patrocinar a CBF e todas as seleções brasileiras por mais oito anos, continuando a ocupar um espaço master no uniforme de treinos do Brasil. Antes, em 2016 e 2017, a Pepsi chegou a ser uma das patrocinadoras do e-Brasileirão, o campeonato de videogame organizado anualmente pela CBF. Na CBF, o discurso é que o relacionamento é muito bom, tanto com Ambev quanto com a PepsiCo.
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