Copa 90: Lazaroni peitou médico da seleção para convocar Romário ao Mundial
A Copa do Mundo de 1994 foi um ponto fora da curva para Romário na relação que envolve a seleção brasileira e as lesões. Saudável, ele foi o destaque do Brasil nos Estados Unidos. Mais quatro anos antes, na reta final da Copa de 1990, o Baixinho não estava nas melhores condições físicas. E mesmo assim foi levado pelo técnico Sebastião Lazaroni à Copa do Mundo de 1990 — o treinador peitou o médico da seleção, Lídio Toledo.
Esse é um dos conflitos relatados na série "Copa 90: Lazaroni, Maradona e uma seleção (talvez) injustiçada". O trabalho documental foi produzido por UOL Esporte e MOV.doc, selo de documentários de MOV, a produtora de vídeos do UOL, e está disponível no YouTube.
"Clinicamente, acabei não estando 100% para disputar uma Copa do Mundo. Tinha rompido o tornozelo em março. Eu tive duas lesões. Só fui curado de uma. Perdi um mês, 40 dias, só tratando uma coisa, que foi a fíbula. Acabou demorando muito. Quando chegou a época da Copa, não tive muito tempo de me recuperar fisicamente", conta Romário, que teve a perna direita atingida por carrinho de um defensor enquanto defendia o PSV Eindhoven.
Depois de uma derrota em um amistoso sem importância diante da seleção da Umbria, um combinado local da região italiana, Lazaroni deveria mandar a lista final do Brasil para a Fifa.
Lídio Toledo, que era o médico, junto com os preparadores físicos, falou que o Romário não tinha condições. "Acho que uma Copa do Mundo é Copa do Mundo. Jogador deve entrar 100%", alegou Lídio Toledo, à época.
"Mas aí o Lazaroni: 'Não, nem que seja para disputar a segunda fase'", lembra o jornalista Luiz Prósperi.
Questionado também se a decisão de levar Romário tinha sido unânime, Lazaroni rebateu dizendo: "Isso não importa. O que importa é que eu, o responsável pela parte técnica, decidi que o jogador merece a sua inscrição".
Levar Romário naquelas condições trouxe outro conflito para o ambiente da seleção. O Baixinho já estava fazendo tratamento com o fisioterapeuta Nilton Petrone, o Filé, e o levou para tratá-lo também ao longo do Mundial. Lídio Toledo não gostou.
"Filé é o primeiro fisioterapeuta não autorizado para uma Copa do Mundo", cita o ex-zagueiro Ricardo Rocha.
No cenário atual da seleção brasileira, essa disputa não acontece, já que o profissional mais acostumado a tratar Neymar pessoalmente, o preparador Ricardo Rosa, já fica incorporado à comissão técnica da seleção.
E o Neto, hein?
Hoje, ele se autodenomina "craque", mas não conseguiu espaço na seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1990. A controvérsia ausência de Neto, na época camisa 10 do Corinthians, na convocação do técnico Sebastião Lazaroni para o Mundial da Itália é discutida até os dias atuais. O dilema é outro assunto da série documental do UOL.
Havia cobrança da imprensa paulista pela convocação do jogador corintiano, mas o jornalista Juca Kfouri defende a ausência. Ele afirma que Neto resolvia jogos para um Corinthians de baixo nível em lances de bola parada, pouco para figurar em uma seleção brasileira que se impunha sem a necessidade da bola parada.
Relatos registrados no documentário dão conta de certa desconfiança em Neto por conta do comportamento do jogador que era o condutor do Timão.
"Não dava para confiar no Neto. Ele mesmo fala isso. Infelizmente, ele não conseguiu ser o profissional que ele precisava ser", disse Silas.
Lazaroni, por outro lado, não crê que tenha se equivocado na convocação e nega que até a tal cobrança da imprensa paulista por Neto antes da lista final para a Copa do Mundo.
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