Qatar não descarta liberação de bebida alcoólica em estádios durante a Copa
Classificação e Jogos
A venda de bebidas alcoólicas é extremamente restrita no Qatar, o país-sede da próxima Copa do Mundo. Para o Mundial de 2022, é certo que a pequena lista de lugares em que o consumo é permitido será ampliada com a já tradicional Fan Fest. Para além disso, ainda não dá para descartar a possibilidade de comercialização de cerveja dentro dos estádios, como tem ocorrido nas edições anteriores e deseja a Fifa para atender seus interesses comerciais, porque é patrocinada por uma marca de cerveja.
"Ainda estamos discutindo isso com a Fifa, há muitas leis no país", diz ao UOL Esporte Fatma Al Nuaimi, diretora-executiva de comunicação do Mundial.
As leis a que se refere a dirigente afirmam que no país são proibidos venda e consumo de álcool em lugares públicos e também que andar pelas ruas aparentando embriaguez é algo passível de abordagem policial e dirigir sob efeito de álcool é intolerável. São normas baseadas na "sharia", a lei em vigor em vários países com população predominantemente muçulmana, e que também criminaliza a homossexualidade, por exemplo.
Segundo ouviu o UOL, a existência de precedentes em relação à mudança de legislação é que mantém a esperança de que o álcool seja liberado nos estádios em 2022. O Brasil aprovou dois anos antes do Mundial de 2014 a Lei Geral da Copa, que permitiu a venda de cerveja dentro de todas as arenas de jogos, algo que era proibido cerca de dez anos antes do torneio no país. Passada a Copa, hoje os Estados é que definem suas políticas. Na Rússia também houve mobilização política para autorizar o comércio até um dia depois do torneio.
Onde pode beber em Doha?
Os bares e boates localizados dentro de grandes hotéis da capital do Qatar geralmente têm licença para venda de álcool. Os frequentadores são quase sempre estrangeiros residentes — que formam mais de 85% da população do país — ou turistas. O país só tem uma distribuidora de bebida autorizada e permite o acesso controlado a quem quiser comprar para guardar e consumir em casa.
Tem outra coisa: dentro dos bares de hotéis os horários são limitados. A reportagem do UOL esteve no país na última semana a convite do Comitê Supremo para Entrega e Legado, órgão que organiza a Copa do Mundo de 2022, e verificou que todos os estabelecimentos fecham entre 0h e 2h. Mesmo quando ainda há pessoas nas pistas de dança ou balcões, as luzes são acesas e os seguranças orientam a saída.
Os preços também são muito altos, o que é explicado pela restrição. Uma garrafa long neck de 343 ml de marca de cerveja vendida no Brasil custa na faixa de 50 rial, que é a moeda do Qatar. Feita a conversão, algo próximo de R$ 78. Um copo de 500 ml pode chegar a 65 rial, ou mais de R$ 100. Outras bebidas comuns, como vinho e gin, seguem a mesma média de altos preços, que só caem durante promoções, como em happy hours. A tendência é que nos dias de Copa haja vários momentos assim.
Na Copa vai ser caro?
O preço estipulado para venda de cerveja nas Fan Fests da Copa do Mundo é de 7 euros, ou cerca de R$ 45. É um valor mais baixo do que nos hotéis, exatamente como aconteceu durante a disputa do Mundial de Clubes de 2019, quando o Flamengo perdeu a final para o Liverpool. Na ocasião, os torcedores já tiveram essa opção mais barata e também recipientes com menos quantidade de cerveja.
Ainda não está definido o número de Fan Fests que rolarão pelo país durante a Copa do Mundo, mas alguns testes já estão sendo feitos. Desde 26 de novembro até o próximo dia 17 acontece em Doha o Festival Internacional de Comida do Qatar. O evento é sediado num grande parque chamado Al Bidda, de quase 2km². É um provável palco de Fan Fest em 2022, segundo ouviu o UOL.
Parte da estrutura necessária para receber o evento da Fifa já estava montada durante o festival, com grandes palcos e telões para apresentações musicais e exibição dos jogos, mesas, cadeiras, sistema de som e barracas de comida e bebida. A diferença é que desta vez não teve álcool e em 2022 vai ter.
Além das Fan Fests, já há autorização para venda de todos os tipos de bebida nos camarotes dos estádios que sediarão os jogos da Copa. A única dúvida que persiste é sobre o torcedor comum.
É preciso entender onde se está. Somos um país internacional, Doha é uma cidade internacional, só 20% de sua população é nativa, então somos tolerantes e recebemos outras culturas. Digo que haverá espaços para pessoas de outros lugares do mundo consumirem bebidas alcoólicas. Não faz parte da cultura do Qatar, mas temos em restaurantes e algumas áreas, não é um problema."
Nasser Al Khater, presidente do comitê organizador da Copa do Mundo de 2022
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