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'Cirineta' de 2019 era pra cavar lateral e virou TBT fixo de Marcelo Cirino

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

09/12/2021 04h00

Hoje é dia de TBT, e se tem alguém que passou a encarar essa data de maneira mais do que especial, esse alguém é Marcelo Cirino. Personagem histórico do título da Copa do Brasil de 2019, o atacante de 29 anos ainda é, a cada quinta-feira, lembrado por torcedores do Athletico —e até pelos de outros times— do desconcertante drible em Edenílson que gerou o segundo gol da vitória por 2 a 1 sobre o Internacional, em pleno Beira-Rio.

Para quem não se lembra, o Athletico —que a partir de domingo (12) decide a Copa do Brasil de 2021 com o Atlético-MG— empatava o segundo jogo por 1 a 1 após vencer o duelo de ida, em Curitiba, por 1 a 0. O placar apontava 51min da etapa final: foi quando Cirino recebeu na esquerda e procurou alguma forma de ganhar tempo... Quem sabe cavar um lateral? Só que o drible inesperado em Edenílson saiu melhor do que a encomenda, e o atacante se viu com espaço para aplicar mais uma finta e tocar para Rony decretar o inédito título para o Furacão.

Resultado: o épico lance na lateral —que ganhou o apelido de "cirineta"— ficou marcado até mais do que o próprio gol do título, e Marcelo Cirino, até hoje, é lembrado por torcedores todas as quintas-feiras, dia de TBT (throwback thursday, hashtag para marcar publicações com fotos do passado) no Instagram.

"A gente é lembrado [do lance] praticamente todos os dias, principalmente nas quintas-feiras de TBT. Vários torcedores me marcam no Instagram, familiares, amigos... Fico muito feliz por tudo que aconteceu, pelo lance, pelo título... E com o Athletico na final, aí que os torcedores ficam ainda mais eufóricos e me mandam mesmo", diz Cirino em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

"Eu e minha família recebemos diversas mensagens sobre esse lance, e ficamos muito felizes com os torcedores do Athletico e de outros times que marcam a gente nas redes sociais. Essa semana está sendo muito feliz porque os torcedores têm me marcado bastante, me mandado o lance de vários ângulos, com várias narrações", diz Cirino, hoje no Bahia.

Foi um lance épico, né? Depois de muito tempo, a gente acaba reconhecendo que foi um lance muito marcante, não só para mim como para a conquista. Acho que abrilhantou ainda mais o título, tanto que a gente acaba ouvindo mais do lance do que do título. Sei de um torcedor que tatuou [o lance], não sei se teve mais... Foi um lance que marcou muito a minha vida e que vai marcar para sempre a minha carreira e o título do Athletico

Cirino queria só cavar lateral, mas fez história

Puro acaso. Assim Marcelo Cirino classifica o lance mais marcante da decisão de 2019. A ideia inicial, aliás, era apenas segurar a bola, uma vez que o placar de 1 a 1 dava o título ao Athletico.

"Foi um lance muito rápido. Me lembro que, quando recebe o lançamento do Bruno Guimarães, o Tiago Nunes pede para eu segurar a bola. Na nossa cabeça, ali no campo, não sabemos o tempo que tem, e quando escuto ele falando 'leva a bola para o fundo', pra mim estava acabando o jogo, então pensei apenas em segurar a bola. Mas como eu protejo e depois vejo que vem um jogador do Inter [Rafael Sobis] de frente, eu imaginei: 'Agora eu posso perder a bola'", lembra.

Com dupla marcação, Marcelo Cirino pensou, então, em ganhar ao menos um lateral para fazer o relógio correr. Mas conseguiu um pouco mais que isso...

"Como eu não sabia o tempo de jogo, pensei: 'vou dar a letra aqui', que é o que tinha para fazer ali; a bola vai bater na perna dele [Edenílsin], vai para a lateral e acaba o jogo'. Só que eu dou a letra, viro e vejo que a bola passou. Não foi nada pensado, foi do acaso mesmo. Deu certo e pude dar um belo passe para o Rony que finalizou muito bem. Foi uma jogada que não é todo jogador que faz, né?", acrescenta Marcelo Cirino.

Veja outros trechos da entrevista:

Semelhanças com 2019?

O que eu vejo no Athletico é o que ele já vem fazendo há muito tempo. Não tem nenhum jogador com salário muito alto ou que tenha uma mídia muito grande. O Athletico tem esse perfil, de não trazer jogadores caros, de holofote muito grande, então vejo muita semelhança nisso.

O Athletico, dentro de casa, é muito forte. Vai enfrentar uma equipe fortíssima, com grandes jogadores, mas em 2019 enfrentamos grandes equipes, assim como 2013, quando conseguimos chegar na final. Hoje o Athletico está na final passando por grandes equipes e com toda possibilidade de título, com jogadores de muita qualidade e que talvez não tenha aquele nome consagrado como o Atlético-MG tem.

Petraglia pensa diferente

Pra mim, não é surpresa nenhuma. Fui criado dentro do Athletico... Claro que a transformação não vem da época que eu cheguei, vem de muito antes, mas vi boa parte da mudança que aconteceu. O presidente tem um pensamento diferente de muitos dirigentes, e por isso que o Athletico chegou nesse patamar. A gente vinha crescendo ano após ano... O Athletico caiu em 2011 e, desde 2012, veio disputando títulos e chegando nas grandes competições. Acho que o Athletico tem uma mentalidade diferente de muitos clubes e por isso vem colhendo frutos.

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