Grêmio teve luto, Douglas Costa 'inoportuno' e última aposta antes da queda
Os últimos dias do Grêmio antes do rebaixamento foram agitados, mas também com uma dose de resignação. Entre o empate com o Corinthians, no domingo (5), e a vitória diante do Atlético-MG, ontem (9), o vestiário gremista conviveu com o luto de Vagner Mancini, pela morte da mãe no interior de São Paulo, o pedido de Douglas Costa para viajar ao Rio de Janeiro em função de festa de casamento e, acreditem, uma dose final de esperança. O UOL Esporte conta histórias que antecederam a terceira queda do Grêmio para a Série B.
A segunda-feira antes da Segundona
Talvez a matéria pudesse ser somente sobre a segunda-feira (6). Horas depois do empate com o Corinthians com gosto de derrota, os dirigentes gremistas foram avisados da morte de Antonia Monroe Mancini, mãe de Vagner Mancini. O relógio marcava 5h50 da manhã quando o treinador avisou. Começava ali um dia longo.
O Grêmio estava mergulhado na sensação de rebaixamento. O placar de 1 a 1, com o gol de Renato Augusto na reta final do segundo tempo, gerou um ambiente de total desilusão. E pior: o resultado criou cenário em que o descenso poderia ser confirmado com jogadores e dirigentes assistindo do sofá de casa à noite.
O complemento da rodada reservava os jogos de Juventude e Cuiabá. Na Arena Pantanal, o time da casa bateu o Fortaleza e deixou de ser um adversário gremista na luta para escapar. No Morumbi, porém, a vitória do São Paulo sobre o Ju injetou ânimo. O placar de 3 a 1 chegou a ser tratado como um "sinal". A desilusão não durou nem 24 horas, mesmo que a equipe ainda precisasse de uma combinação complicada de resultados.
Enquanto tem bambu, tem flecha. Vamos até o fim."
Denis Abrahão, vice de futebol
Enquanto o Grêmio assimilava as novas contas, Mancini se despedia da família em Ribeirão Preto e preparava as malas para voltar a Porto Alegre, na terça-feira pela manhã.
A preocupação de Douglas Costa
Mas a segunda-feira foi longa. E antes de ela terminar, surgiu outro episódio para sacudir o ambiente. Douglas Costa telefonou aos dirigentes.
"Ele me ligou no início da noite e disse: 'amanhã eu vou casar'. E eu respondi: 'como assim? A gente tem treino'. No fim a gente se entendeu e depois eu fiquei trocando mensagens e falando com o empresário dele até de madrugada", revelou Abrahão.
O caso vazou na coluna do jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, e tomou proporções maiores do que o esperado no clube gaúcho. O pedido em si já tinha incomodado. Com o fato público, houve um desgaste ainda maior.
"Existem problemas e a gente resolve vários deles sem que eles vazem. Alguns vazam, claro. Mas a maioria é resolvida de maneira interna. Quando se externa o problema, a dimensão passa a ser outra", afirmou Vagner Mancini, treinador do Grêmio.
Uma ala da diretoria gremista chegou a pensar no afastamento de Douglas Costa, às vésperas do último jogo do ano. Da partida que poderia salvar o clube do rebaixamento.
"Eu diria que foi inoportuno, sim. E ele mesmo sabe disso", emendou o dirigente do Grêmio. "Não senti ele magoado, viu? Ele treinou normal depois", completou Denis Abrahão, em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Douglas Costa seguiu no elenco, adiou a festa no Copacabana Palace e na terça-feira (7) participou do treino que encaminhou a escalação para o jogo da temporada. Não era o suficiente para o vestiário esquecer sua atitude original. Os companheiros estavam incomodados, ao passo que também manifestavam apoio a Mancini em conversas de pêsames.
Uma ajudinha?
Envolvido em um turbilhão de contas matemáticas, projeções e ansiedade, o Grêmio pulou do estado de resignação do domingo para a sensação de esperança renovada. Na quarta-feira, as notícias a respeito dos jogadores relacionados pelo Corinthians para o jogo com o Juventude —basicamente com força másica, mesmo já estando classificado para a Libertadores—, a mobilização do Fortaleza para lotar o Castelão contra o Bahia e os torcedores esgotando ingressos em Porto Alegre deram ânimo.
O Grêmio viveu as últimas horas do Brasileirão de 2021 com bastante confiança. Tanto que o time fez 20 minutos que poderiam históricos. Abriu 3 a 0 em cima do (time reserva, lembremos) Atlético-MG. O gol do Bahia, em Fortaleza, murchou o estádio. O time. E começou a mudar tudo de novo.
Entre 23h11 e 23h18 de quinta-feira (9), o Grêmio viu a esperança de voltar. Foi o período entre o quarto gol diante do Galo e o pênalti marcado (e convertido) pelo Fortaleza diante do Bahia. Ali, faltava um gol em Caxias do Sul para a combinação que salvaria o time gremista acontecer. O gol no Alfredo Jaconi saiu, mas foi do Juventude.
Os jogadores do Grêmio ainda tiveram de esperar seis minutos, entre o apito final da Arena do Grêmio e o encerramento da partida entre Juventude e Corinthians para viver, oficialmente, o que eles já haviam sentido no domingo. O rebaixamento para a Série B.
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