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Sylvinho desmente boatos e se irrita em coletiva: "É um excelente trabalho"

Yago Rudá

Do UOL, em São Paulo

10/12/2021 01h58

O técnico Sylvinho encerrou a temporada 2021 incomodado com as análises e questionamentos da imprensa. Em sua última entrevista coletiva, concedida após a derrota para o Juventude, por 1 a 0, o comandante do Corinthians desmentiu boatos sobre um suposto desejo de entregar o cargo no CT Joaquim Grava e fez elogios ao seu trabalho no clube.

Amparado pela conquista da vaga na fase de grupos da Copa Libertadores do ano que vem, Sylvinho começou a entrevista se defendendo das críticas pela campanha como visitante no segundo turno do Campeonato Brasileiro — quando o Corinthians não conseguiu nem uma vitória sequer em nove rodadas e registrou um aproveitamento de apenas 11% dos pontos disputados.

"O time mudou. Tivemos um 1º turno e um 2º turno, tivemos uma mudança de característica de time. Uma equipe de organização defensiva muito forte passou a mudar para um time de mais técnica, onde passou a prevalecer os resultados em casa. No primeiro turno não era assim, era o contrário. O time no meio da temporada vai mudando sua característica. Já falei sobre isso. O importante é olhar o total, que nos permitiu a vaga para a Libertadores da América. Desde 2017, ano em que o Corinthians foi campeão brasileiro, isso não se repete. É um ótimo trabalho, é um grande trabalho", respondeu Sylvinho, que momentos antes do início da entrevista foi oficialmente mantido no cargo pelo diretor Roberto de Andrade.

Depois, quando questionado sobre a pressão que será exercida em cima do Corinthians no ano que vem, o treinador usou seu currículo na época de atleta para justificar seu pensamento. Em 2022, o Alvinegro ganha o reforço do volante Paulinho e de pelo menos mais um centroavante para a disputa da Copa Libertadores, Copa do Brasil, Paulistão e Campeonato Brasileiro.

"Trabalhar no Corinthians, trabalhar no Barcelona onde eu estive, trabalhar no Arsenal, trabalhar no Manchester City é cobrança. Eu com 20 anos jogava no Pacaembu com 45 mil pessoas, semifinal e final de Copa do Brasil. Estou acostumado, faz parte do trabalho. Tive a felicidade de jogar no Camp Nou com 90 mil pessoas, estou acostumado. Entendo as críticas, algumas delas até desprezamos porque a crítica precisa ser construtiva. Fizemos um time no 1º turno, outro no 2º turno. Alguns atletas chegaram no meio da competição e jogaram pouquíssimo juntos", afirmou.

Por fim, aparentando bastante irritação com as perguntas e sobretudo pelo contexto de críticas após encerrar o Campeonato Brasileiro na 5ª colocação, com 57 pontos ganhos, Sylvinho desmentiu os boatos de que gostaria de entregar o cargo por conta da pressão e do assédio aos seus familiares.

"É triste você ter que ler notícias falsas, passei as últimas 24 horas respondendo pessoas sérias. Nunca houve, nunca passou pela minha cabeça pedir demissão. Os objetivos estão sendo alcançados, estamos respaldados pela diretoria e pelos atletas. Jamais passou pela minha cabeça. Olha o cúmulo que estamos vivendo. Sou obrigado a vir aqui e dizer que jamais passou pela minha cabeça sair do Corinthians. É surreal isso. Não podemos perder tempo, é irresponsabilidade esse tipo de notícia. É surreal, é ridículo, vamos falar de coisas substanciais. Isso aqui é ridículo", concluiu.

Veja outros trechos da entrevista coletiva de Sylvinho:

O Corinthians jogou para rebaixar o Grêmio? É justo afirmar isso?

"Você está sendo leviano na sua pergunta. Nós somos profissionais, profissionais de alto nível, de reputação ilibada. Nós gostaríamos do 4º (lugar), trabalhamos e se a performance não foi boa, ela também não foi em outros momentos. Fomos para o Ceará e perdemos, fomos para o Maracanã e perdemos. Os cenários não foram bons, não controlamos os resultados, o jogo não foi bom, tivemos dificuldades para criar e agredir o adversário. Fizemos um gol, se bem anulado ou não eu não sei, o próprio Jô relata que ele escorou o adversário. Não foi visto no VAR. Muito confuso o que acontece, mas somos íntegros naquilo que fazemos".

Por que Willian e Renato Augusto não entraram no segundo tempo?

"O jogo pedia uma questão de velocidade e profundidade, Viajei com todos os atletas, o Cantillo chegou no limite, treinou três dias conosco e optamos por não trazê-lo. Ele estava bem fisicamente, mas resolvemos não trazê-lo. O Renato saiu exausto do último jogo, não conseguiu nem pisar em campo nos treinamentos, pois teve uma recuperação de horas a mais. O Willian veio, construiu algumas partidas conosco, teve problema de lesão e é uma precaução muito grande, havia um risco muito grande em colocá-los em campo".

Há alguma perspectiva para o Luan no Corinthians em 2022?

"Na próxima semana, o Roberto de Andrade, nosso diretor, e o Alessandro Nunes, nosso gerente, darão coletiva e poderão se estender em relação a esse tipo de assunto".

Sobre a constância das cobranças externas no Corinthians

"As cobranças são completamente normais, mas como o nosso diretor Roberto de Andrade disse nós cumprimos com um objetivo. O cenário externo duvidava que o time se manteria na Primeira Divisão, a pauta era essa, esse era o título. Em nenhum momento em 38 rodadas estivemos ali, não estivemos em zona de rebaixamento. O trabalho foi se construindo, é muita gente elogiando o trabalho, é o momento de uma camisa poderosa como a do Corinthians se construir. Em nenhum momento corremos risco, foi realmente um grande trabalho. Estamos preparados para 2022".

Sylvinho, ninguém imaginava que o Corinthians chegaria à Libertadores antes da chegada dos reforços. Com as contratações, há um consenso geral de que o Corinthians teria condições de conseguir a vaga e isso até virou uma obrigação. O Corinthians consegue a vaga, mas fora do G4 e sem vencer fora de casa. Mesmo com a vaga, você acha que o Corinthians termina o ano devendo?

"A pergunta é muito difícil porque você enaltece os pontos e depois os tira. É negativo. Você começa dizendo que ninguém falava que o Corinthians chegaria na Libertadores. A pergunta é cheia de contradição. O importante é ter os pontos e conquistar a vaga na Libertadores. Conquistamos o nosso objetivo, que era tudo o que queríamos. Muita gente vê de outra forma, o trabalho é muito bom. Ninguém dizia que esse time estaria na Libertadores, ninguém. Vocês não querem aceitar esse trabalho, que é um trabalho honesto, correto e com muita virtude".

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