Djalminha: "Comento sobre o jogo, fora das quatro linhas não me interessa"
Djalminha é comentarista da ESPN desde outubro de 2015 e passou ileso à fusão com a Fox Sports. O ex-jogador de Flamengo e Palmeiras se mostra feliz na função que exerce e deixa claro que não tem qualquer objetivo de criar polêmicas com suas avaliações. Para ele, o que vale é sua análise do que ocorre dentro de campo. Os bastidores do jogo e a vida pessoal dos atletas é assunto proibido.
"Eu procuro analisar sempre o que acontece no momento. Vejo sempre o que acontece nos jogos, mas procuro não execrar porque entendo a minha profissão. Mas não deixo de fazer a crítica caso não jogue bem. Eu fui atleta, e todo jogador sabe quando não joga bem e tem que aceitar crítica. Não pode deixar de falar que não jogou bem porque ele é seu amigo, comigo isso não existe. Mas também não sou ao ponto de execrar, de massacrar porque tenho muito respeito pela profissão que eu tive e que também me deu até oportunidade de chegar onde eu estou agora", disse ao UOL Esporte.
Até por adotar tal postura, Djalminha afirma que nunca teve problema com algum jogador insatisfeito com seus comentários. Segundo ele, os atletas sabem quando alguém fala na maldade ou faz uma crítica justa e honesta.
"Não, não, nunca, nunca passei por isso. Quando é pra fazer uma crítica eu falo mais do futebol Internacional, que aí os caras não me conhecem e não vão ver mesmo, não vai ter problema. Dentro do Brasil jogou mal eu vou falar, não tem como, você não pode dar uma opinião de uma coisa que você não viu. O que eu vejo eu falo e com muita tranquilidade, não tenho preocupações, rabo preso. Vivi muitos anos aquilo e entendo um pouquinho do que rola nas quatro linhas. Comento sobre o jogo, fora das quatro linhas não me interessa nada", completou Djalminha.
Craque dentro de campo, o ex-jogador se firmou também com os microfones. E uma das referências na profissão é da própria casa. "Eu tenho vários, eu gosto do [Paulo] Calçade. Eu gosto dos comentários do Calçade porque ele entende bem a parte teórica e sabe do jogo", afirmou.
Mas o que seria mais fácil: jogar futebol ou comentar? "É difícil responder porque jogar futebol é muito difícil, mas pra mim não foi tão difícil [risos]. Pra comentar, você analisa tudo depois do que acontece, então é muito mais fácil. Porque você falar com a causa acontecida é mais fácil, futebol, você tem que executar, você tem adversário. Eu acho que jogar é mais difícil que comentar", se decidiu.
Críticas ao futebol
Acostumado a tratar bem a bola, Djalminha lamenta que os atuais jogadores não façam o mesmo hoje. Para ele, os clubes não têm mais o objetivo de jogar ofensivamente e ganhar mostrando um futebol de qualidade. Segundo o ex-jogador, normalmente uma das equipes assume o papel defensivo e aguarda os ataques do rival, o que deixa tudo muito entediante.
"Para você desfrutar está difícil, para você desfrutar de um jogo, um jogo bom com dois times atacando, um indo para cima do outro, é difícil ter um jogo assim. São poucos, mas tem. A maioria é sempre um time se defendendo muito, e o outro tentando entrar. Não tem um jogo franco. Ninguém tem esta proposta de enfrentar um ao outro em igualdade de condições, alguém se retrai", disse.
"A parte tática, a marcação hoje em dia é muito bem-feita. Não tem esses jogos que dê para desfrutar, mas tem equipes que você gosta de ver jogando: o Flamengo é uma equipe que dá gosto de ver, o Atlético-MG é uma equipe que dá gosto de ver, o Palmeiras com todo o seu potencial é uma equipe que é difícil você desfrutar do futebol. Ele é competitivo, consegue os seus objetivos, mas o jogo não é de tanto desfrute", completou.
Neymar: único craque
Por fim, Djalminha também analisou Neymar, que ele considera o único craque brasileiro da atualidade. O ex-jogador entende que o camisa 10 é a única referência que a seleção brasileira tem hoje em dia.
"Eu nunca gosto de fazer comparações dos atletas do passado com os do presente, mas o Neymar....eu concordo até que hoje em dia é difícil ter craque, é difícil você ver hoje jogador diferenciado, mas eu acho que o Neymar é um dos poucos ainda que nos restam: um jogador diferenciado que pode realmente desequilibrar uma partida. Acho que ele está, sim, nesse nível de desequilibrar um jogo. A seleção brasileira é até muito dependente dele. Esse cara é hoje, no nosso futebol brasileiro e principalmente na nossa seleção, imprescindível", defendeu.
Ao comparar o futebol atual com o de outras épocas, Djalminha lamenta que Neymar não tenha outros craques ao seu lado na seleção brasileira, formada em sua maioria por bons jogadores. Questionado se os atletas de hoje engraxariam as chuteiras dos craques do passado, ele admite a diferença.
"É verdade, eu sempre falo isso, mas não é com alegria, é com tristeza, porque hoje não tem nenhum jogador brasileiro que se compare ao Neymar. Isso é ruim para o nosso futebol. Se pegar a quantidade de jogadores que tinham, a competição era muito grande."
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