Topo

Análise: Palmeiras tem receita equilibrada e pode ser agressivo no mercado

Do UOL, em São Paulo

17/12/2021 04h00

O Palmeiras passou por dificuldades financeiras significativas até a chegada de Paulo Nobre à presidência, em 2013. Ele emprestou dinheiro ao clube e iniciou a profissionalização da gestão do clube. A virada se acentuou com a entrada do patrocínio da Crefisa, de propriedade de Leila Pereira —recém-empossada como presidente do clube paulista. Mas seria o Palmeiras hoje dependente dos recursos da patrocinadora?

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, o executivo Pedro Daniel, da Ernst & Young, explica que o clube já foi sim dependente dessa verba. Mas esse não é o cenário atual, em sua avaliação. Na verdade, não poderia ser mais diferente, na avaliação do analista. Com um equilíbrio na divisão de fontes de renda, o clube se vê em posição fortalecida nas negociações com essas mesmas fontes.

"No caso o Palmeiras, na verdade a gente viu o aporte do Paulo Nobre, depois o aporte acima dos valores de mercado, mas hoje o Palmeiras não é dependente de uma única fonte de receita. Talvez, em um gráfico de pizza imaginando cada fonte de receita, a do Palmeiras é a mais equilibrada que tem, porque ele arrecada muito de bilheteria, ele tem seus contratos televisivos e o direito de transmissão bem elevados, e tem um patrocínio que também é interessante, fora a venda de atletas, que também sempre é uma fonte que o clube consegue se alavancar", explica.

"Ele consegue negociar de maneira mais agressiva com cada um deles, porque, se ele perder um, não vai passar fome. Já os clubes que são muito dependentes de uma fonte de receita, por exemplo, direito de transmissão, se são muito dependentes, não têm o que fazer. Se o detentor pressionar ou apertar mais, você é obrigado a ceder, é aquela empresa que tem um grande cliente e se o cliente falar 'amanhã eu vou começar a pagar só 80% do contrato', você não tem como falar não, se não você vai quebrar a empresa, então isso aconteceu", completa.

O executivo afirma que pela forma como o Palmeiras conseguiu se estruturar, ele não deve perder o protagonismo no futebol brasileiro ao lado do Flamengo, o que o torcedor se acostumou nos últimos anos.

"Que os outros clubes procurem suas Crefisas, essa que é a grande verdade. Ele realmente não é mais dependente, ele foi em um determinado momento, como foi dependente do ex-presidente, do Paulo Nobre, mas a partir do momento da reinauguração da arena e até da renegociação dos direitos de transmissão, o Palmeiras vendeu os direitos de TV fechada para um outro detentor, criou-se uma outra situação, ele recebeu um contrato interessante como os outros também, que era maior do que ele receberia de quem ele já tinha contrato anterior", diz Pedro Daniel.

"A gente viu a entrada da Crefisa que de fato alavancou e algumas vendas de atletas, a gente viu Gabriel Jesus, existem algumas situações muito propícias e até esse novo momento do clube, que com premiação alta, Copa do Brasil, Libertadores, jogando Mundial, isso tudo traz uma segurança e um conforto até para uma possível venda de um atleta, afinal de contas, o perfil do atleta mudou, do Palmeiras, são atletas mais jovens, com potencial de venda, o que traz uma segurança e um conforto para o Palmeiras pelo menos no curto prazo. Eu não imagino que no curto prazo o Palmeiras perca seu protagonismo junto com o Flamengo", conclui.

O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.