Grêmio: CEO explica planos e contas para Série B: 'Ano desafiador'

O Grêmio já sabe que terá R$ 200 milhões a menos em receitas, na comparação com 2021, para montar um novo time e superar a Série B. O clube gaúcho também já definiu a folha salarial para a nova temporada e tem negociações em andamento para mudar o elenco. Em entrevista ao UOL Esporte, Carlos Amodeo, CEO gremista, trata 2022 como um "ano desafiador". O executivo geral revela detalhes do planejamento para reduzir despesas, aponta o primeiro reflexo na folha salarial com saída de jogadores e diz que não precisará recorrer a bancos para manter as contas em dia.

Rebaixado, o Grêmio atrasou direitos de imagem em dezembro e anunciou que o débito ocorreu por causa da falta de fluxo de caixa sem premiação no Campeonato Brasileiro. O clube anunciou plano para quitação dos valores ao longo de janeiro.

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De acordo com a estratégia gremista, as reduções em todas as áreas ao longo de 2022 visam concentrar o dinheiro no futebol profissional e categorias de base. De olho no acesso à primeira divisão e manutenção de lançamento de jovens.

Carlos Amodoe, CEO do Grêmio, respondeu perguntas sobre as finanças do Grêmio para 2022. Acompanhe as respostas abaixo

Cenário financeiro do Grêmio para a próxima temporada

"Cada área vai reduzir despesas de acordo com a capacidade de redução. Não foi fechado um percentual linear para todas as áreas. Uns setores têm elasticidade maior na redução de despesas e outros não. Alguns setores vão ter gasto superior ao ano anterior, o ano de 2021. A gente analisou setor por setor para encontrar capacidade de redução de despesas. Isso é imprescindível pela gigantesca queda de arrecadação em 2022."

Impacto financeiro no futebol profissional

"Temos uma redução importante na folha salarial, como um todo. Haverá redução importante em termos logísticos. Em 2021, primeiro: o Brasileiro e Copa do Brasil avançaram até 2021 e houve impacto em receitas. E também despesas. Também tivemos neste ano diversas viagens longas ao exterior, com voos fretados, que não aconteceram, até pelo fato de não estarmos em competições continentais. Haverá, também, a redução de folha salarial, redução com despesas de logística e premiações de atletas. As premiações são mais arrojadas quando a gente fala de Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores, eventualmente Copa Sul-Americana."

"Folha paralela" a partir de acordos para rescisão

"Essa é uma rubrica que estamos considerando dentro da folha de salários. O objetivo é evitar que tenhamos novos acordos de rescisão de contrato, assim como tivemos ao longo de 2020 e 2021. Aqueles foram inevitáveis e adotados após o clube entender que era o único cenário possível. A redução da folha se dá por encerramento de contratos, um número importante de atletas saiu e eles tinham salários significativos. Existem novos atletas chegando, mas em uma realidade completamente diferente dos nomes que saíram. Aí, entre saídas e entradas, o clube tem redução importante. E a gente tem procurado soluções, transferências definitivas ou empréstimos, com o Grêmio no limite. Se tiver que suportar uma parte das remunerações, que seja o menor valor possível."

Redução da folha salarial com as saídas já realizadas

"Entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões."

Acordo para rescisão de Alisson, que assinou com o São Paulo logo depois

"Na prática, embora sejam negócios tratados de forma independente, houve uma correlação entre as operações com o São Paulo pelos atletas Orejuela e Bruno Alves. Isso também levou ao comum acordo com o Alisson. O término do vínculo do Alisson com o Grêmio precisa ser interpretado de forma mais abrangente do que o puro e simples acordo para a rescisão. O Grêmio terá um valor a pagar para o Alisson, remanescente do contrato, mas um valor muito inferior ao valor que ele teria direito a receber ao longo do contrato com o Grêmio. E o clube deixará de pagar outras verbas nas contratações com o São Paulo. O negócio, quando interpretado de forma mais abrangente, se mostra mais saudável às finanças do clube."

Folha salarial projetada para a Série B

"Em um contexto de Série B, a folha precisa ser ajustada de maneira expressiva. O ajuste deve ser para um patamar entorno de R$ 8 milhões, conforme apresentado e aprovado pelo conselho deliberativo do Grêmio."

Qual valor total de"folha paralela", pelos acordos de rescisão, e folha salarial

"Eles [acordos de rescisão] devem se encaixar dentro deste valor (folha salarial), com possível variação no valor total. O ajuste da folha de salários está sendo feito periodicamente a partir das negociações. Tudo depende da nossa efetividade em realizar acordos de saída. Se conseguirmos realizar acordos de saída como idealizamos, acreditamos que o valor da folha seja suficiente para absorver os acordos de saída."

Ajuda de bancos no início do ano para pagar contas

"Já temos todo planejamento financeiro para o ano de 2022. A cada trimestre vamos atualizar o planejamento financeiro, à medida que assuntos não planejados ocorram, surjam, mas posso assegurar que ao longo do primeiro trimestre, se conseguirmos, concluir todas as previsões de receitas e negócios, não deveremos recorrer às instituições financeiras."

Resumo do ano de 2022 do Grêmio nas finanças

"Será um ano extremamente desafiador, do ponto de vista financeiro. Isso pelo volume de perda de arrecadação, tanto nos direitos de TV quanto aspectos comerciais, como venda de produtos em lojas e eventualmente em quadro social. E também pelo clube ter proposto no orçamento um redirecionamento global do clube, com medidas fortes para redução de despesas operacionais. Para que a gente consiga concentrar 100% dos recursos para o futebol profissional, prioritariamente, e secundariamente, para a base. Ou seja, o futebol e a base, que tem sido provedora do clube, serão dos dois setores privilegiados com esforço de todas as áreas para reduzir despesas."