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De onde vem o dinheiro do Palmeiras para investir no mercado

Diego Iwata Lima

De São Paulo

01/01/2022 04h00

O Palmeiras não está ansioso para queimar seu orçamento com contratações. Assim como em 2020, o clube não pretende retomar a rota de altos investimentos que foi sua filosofia durante a vitoriosa passagem do diretor Alexandre Mattos pela Academia de Futebol.

A ideia do Alviverde é investir pouco e certeiramente, apostando na manutenção de sua base. Foi norteado por este princípio que o Palmeiras trouxe, até o momento, o atacante Rafael Navarro, ex-Botafogo, o goleiro Marcelo Lomba, que estava no Internacional, e o meia e volante colombiano Eduard Atuesta, que vinha atuando pelo Los Angeles FC.

Um outro centroavante, de mais peso que Navarro, e um zagueiro canhoto, lacuna no elenco, seguem como alvos do clube. A tendência é que o atacante a ser trazido, assim como a maior parte de outras contratações, se encaixe no padrão "atleta jovem com potencial de revenda futura". Mas, assim como com Lomba, 34, que foge do perfil, o zagueiro que o Palmeiras quer deve ser mais experiente.

Patrocínio, premiações e direitos de TV engordam o caixa

Para efetivar estas contratações, além do patrocínio da Crefisa e da FAM, empresas da presidente Leila Pereira, que rendem cerca de R$ 120 milhões anuais, o Palmeiras recebeu R$ 126 milhões em premiações totais pela participação e conquista da Copa Libertadores de 2021.

A premiação da Libertadores, exceto pelo valor da final, no entanto, foi sendo paga ao clube a cada fase superada. E, deste modo, foi sendo empregada nos gastos recorrentes. Apenas o montante de R$ 84 milhões, relativos à premiação pela conquista, entra integralmente na conta alviverde. Mesmo assim, certamente já tem finalidade definida, ainda que uma parte possa ser convertida em novos atletas.

Por ser credor de sua própria patrocinadora devido a um imbróglio com a Receita Federal, o Palmeiras abriu mão dos R$ 12 milhões a que teria direito como bônus pela conquista, no contrato com a Crefisa, o que diminui um pouco o orçamento. Por outro lado, isso certamente indica que o fluxo de caixa do clube é saudável e que os pagamentos de dívidas estão equalizados.

O Palmeiras também celebrou no dia 29 (terça-feira), um contrato com as Organizações Globo para venda dos direitos de transmissão dos jogos da equipe para canais fechados.

O acordo, com suas variáveis por número de jogos exibidos e correções monetárias, renderá ao clube cerca de R$ 50 milhões anuais —R$ 23 milhões/ano a mais do que o Alviverde recebia da Turner, com quem tinha vínculo até 2024, encerrado na atual temporada por decisão unilateral da empresa norte-americana.

Esse montante se soma aos cerca de R$ 100 milhões/ano que o clube já recebe da emissora carioca pela venda dos direitos de transmissão em TV aberta e pay per view, perfazendo R$ 150 milhões por temporada, R$ 500 milhões em três anos.

Clube quer abrir caminho com novas vendas de atletas e estádio cheio

O orçamento do clube para 2022, já aprovado pelo Conselho Deliberativo, tem previsão conservadora: superávit de R$ 14 milhões, redução de gastos com o elenco na ordem de 11% e R$ 133 milhões em vendas de jogadores.

O Palmeiras também espera, com a volta definitiva da permissão de público nos estádios, chegar a arrecadar algo próximo dos R$ 61,3 milhões que amealhou com bilheteria de jogos em 2019, por exemplo. Os estádios cheios também devem fazer com que o Avanti volte a crescer.

O Allianz Parque, como acontece desde novembro de 2014, também voltará a ter papel decisivo na geração de caixa alviverde, com a retomada de shows e outras atividades que ficaram em suspenso com a pandemia e que aos poucos ressurgem.

Desde o início da temporada 2021, o Palmeiras tenta negociar uma de suas revelações das categorias de base, mas nunca teve uma proposta satisfatória. Contudo, tem nas mãos um alto potencial de geração de receita, já que Gabriel Menino, Patrick de Paula, Danilo, Gabriel Veron, Renan e Wesley não deixam o Palmeiras por menos de 15 milhões de euros cada —R$ 95 milhões, arredondando.

O clube já conseguiu negociar 50% do centroavante Miguel Borja com o Junior (COL), por US$ 3,5 milhões (R$ 19,5 milhões), e ainda tenta encontrar destino para Lucas Lima e Luiz Adriano, ambos fora dos planos do Palmeiras para o próximo ano.

Os três jogadores têm altos vencimentos, e suas saídas trariam um bom respiro para o Alviverde. Felipe Melo, Willian e Jaílson, que pelo tempo de casa e prestígio tinham salários consideráveis, já deixaram o elenco.