Como Alexander Medina muda perfil de comando estrangeiro do Inter
Alexander Medina é quarto estrangeiro a comandar o Inter desde 2020. O 'Cacique', anunciado no fim do ano passado, assume a equipe para buscar os títulos que nenhum dos outros conseguiu. E com perfil de trabalho distante de seus antecessores mais recentes.
Estudar o trabalho de Alexander Medina não é perceber apenas suas peculiaridades no campo. O treinador é, como muitos outros, apegado ao futebol ofensivo e costuma montar suas equipes voltadas ao gol. Mas também trata o jogo, em suas diferentes fases, de maneira que pouco lembra Aguirre e Ramírez, e remete minimamente a Coudet.
Trabalho fora de campo
Desde Eduardo Coudet, Medina será o primeiro a ter uma pré-temporada inteira para trabalhar. Segundo apurou a reportagem do UOL Esporte, suas atividades de campo remetem exatamente ao que fazia 'Chacho' no CT Parque Gigante. Medina é detalhista, gosta de atividades com intensidade, trocas de bola rápidas, até mais do que o argentino.
Em relação a Ramírez, por exemplo, a mudança é bastante grande. O espanhol é de outra escola de treinadores e adota um tom mais "professoral". Não foram poucas as vezes que suas atividades tinham duração maior no vídeo do que no campo de jogo. Eram longas sessões de apontamento de erros e correções para aprimoramento do "jogo de posição" que carregava como bandeira. Tal conduta desagradava os jogadores, que preferiam o gramado ao recurso visual para trabalhar.
Em relação a Aguirre, o perfil também muda. Ainda que o ex-técnico do Inter fosse ligado aos treinamentos de campo, sua metodologia era mais 'tradicional' e adaptada às necessidades de cada partida.
Coudet, por exemplo, quando não podia levar os jogadores ao campo de jogo para treinar em razão das restrições impostas pela pandemia de covid-19, tentava usar uma lousa durante os treinos físicos na academia para seguir passando informações ao grupo. Este cenário de "trabalho ao extremo" também é presente no dia a dia de Medina.
Bola rolando, e uma nova conduta
Com a bola rolando, Medina se distancia de qualquer dos antecessores. Comparando com Coudet, seu time fica menos tempo com a bola e ataca de forma diferente. Os laterais, muito ofensivos com o atual técnico do Celta, participam do jogo de forma diferente: mais na construção das jogadas do que no ataque. Medina até costuma utilizar um zagueiro como um dos laterais para soltar os homens de meio.
Enquanto Coudet montava a equipe com dois centroavantes — ou atacantes de área — Medina prefere um jogador de imposição física centralizado, com outros dois atacantes que se aproximam dele na conclusão das jogadas. Sua linha defensiva costuma jogar bastante alta e os volantes são autorizados a passar da linha da bola para procurar os melhores espaços de criação. Obviamente, não ao mesmo tempo. Sua formação depende dos atletas disponíveis, podendo ser um 4-2-3-1, 3-4-3 ou 4-3-3.
Colocado lado a lado com Ramírez e Aguirre, de novo a mudança é brusca. O espanhol apoiava as ações do time em superioridades numéricas, procuradas ao longo do campo. Assim, sua equipe apostava sempre numa saída curta, tentando ter mais jogadores na zona de bola do que o rival. Evitava lançamentos e ia, com toques laterais, buscando espaços para ter mais atletas do que o oponente em condições de trabalhar a bola.
Medina, por sua vez, usa o centroavante como pilar para uma saída mais direta. Quando busca a construção desde o início, tem por objetivo atrair o adversário para abrir caminho aos jogadores de frente.
Em relação a Aguirre, a maior mudança é no posicionamento da linha defensiva. Com o último técnico do Colorado, o quarteto de trás e até mesmo o meio-campo, quando o time não tinha posse de bola, recuavam bastante para proteger sua meta. Medina é especialista na utilização da "regra de impedimento", com a defesa atuando avançada a fim de pressionar o oponente e deixar o atacante que busque a profundidade "fora do jogo".
Relação com grupo
No contato com jogadores, Medina carrega fama de formar "uma família". É respeitado e elogiado nos clubes pelos quais passou. Não tão diferente de Aguirre, que tinha na boa relação com os atletas um dos pilares de sua construção de time. Já Coudet era um treinador que teve alguns problemas com a direção da época graças aos repetidos pedidos por reforços. Ramírez, por outro lado, não teve dificuldades ao entender o momento do Inter e a escassez de jogadores, mas desagradou o grupo por ter personalidade "mais fechada" e falar pouco com os jogadores.
O comando de Medina expõe a exigência ao extremo. É um treinador que cobra muito e incentiva o jogador a buscar aperfeiçoar suas capacidades e, principalmente, não desistir nunca de atacar.
Com apresentação prevista para dia 11, quando o Internacional inicia a temporada 2022, o uruguaio iniciará sua trajetória em Porto Alegre repleto de expectativas. Com vínculo até o fim do ano, a renovação eventual dependerá de objetivos alcançados. Entre eles um título, algo que o Colorado não tem desde 2016.
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