Rival do SPFC na Copinha já foi ajudado por vaquinha de comunidade no Orkut
Adversária do São Paulo na segunda rodada da Copinha, na noite de hoje (8), no Anacleto Campanella, a Desportiva Perilima carrega em quase 30 anos de trajetória tantas curiosidades que poderiam escrever a história de um clube com o dobro da idade. O episódio talvez mais peculiar seja do dia, em 2009, no qual uma comunidade de fanáticos por futebol alternativo no Orkut arrecadou dinheiro para tentar salvá-lo da extinção, e ainda patrocinou a camisa do time.
Para contar o caso, vale um breve contexto da fundação do clube até aquele ano. Criada em setembro de 1992 por Pedro Ribeiro Lima, que empresta as iniciais de seu nome para sua fábrica de sordas —um biscoito doce típico do Nordeste— e para o clube de Campina Grande (PB), a Perilima começou como um time amador, pelo qual atuavam os funcionários da fábrica de Seu Pedro. O time só se profissionalizaria seis anos depois, quando passou a atuar pela segunda divisão do Campeonato Paraibano, e estrearia na elite em 1999.
Dali em diante, "a mais perigosa de Campina", como era conhecida a equipe, experimentou o descenso e o acesso em várias oportunidades nos anos seguintes. A Segundona estadual possuía de dois a três clubes àquela época, então subir para a primeira não era das tarefas mais árduas.
Entretanto, no início de 2009, com dívidas e sem o auxílio oferecido pelo governo estadual aos clubes da elite, a Perilima não tinha condições para jogar a segunda divisão.
Foi nesse momento em que um dos membros da comunidade Futebol Alternativo, na extinta rede social, criou um tópico para avisar ao grupo, que já conhecia a história de Pedro e sua agremiação. Os participantes decidiram, então, criar o blog "Ajude a Perilima!" e uma conta bancária para arrecadar fundos.
A quantia de cerca de R$ 1.500, obtida até maio de 2009, ajudou a equipe a atuar em mais algumas partidas naquele ano, e, com a sobra arrecadada, os organizadores da campanha fizeram os uniformes para a equipe atuar, dessa vez, com o patrocínio da Futebol Alternativo —a sigla FA, acompanhada pelo código da comunidade— nos braços da camisa.
"As vendas das camisas também ajudaram o time. A princípio, o "Ajude a Perilima!" não era pra comprar camisas. Era só dar o dinheiro para ajudar o time. A história da camisa veio depois. As ideias foram surgindo no meio da história. Quando vimos o Seu Pedro com a camisa do time, foi um dos tópicos recordistas de comentários, contando Orkut e Facebook", conta Sérgio Oliveira, membro da comunidade e hoje apresentador da FA TV, ao podcast Revista Série Z.
A Perilima ainda passaria por altos e baixos nos anos seguintes, chegando a estar fora do futebol profissional, mas só garantiu a sobrevida naquele ano graças ao apoio dos membros da Futebol Alternativo.
Em 2018, a Águia de Campina passou a ser gerida por Jailton Oliveira, seu atual presidente, sob um modelo de gestão empresarial, e Pedro deixou o comando do clube, que teve mudanças em seu escudo e uniforme. Nas últimas três temporadas, a equipe figurou na elite do futebol paraibano, mas caiu para a segunda divisão após a campanha do ano passado.
Pedro Ribeiro Lima, o craque de um gol só
Fundador do clube e dono de uma das mais tradicionais fábricas de sordas da região, na zona sul de Campina Grande, Seu Pedro não se contentou e começou a atuar por sua própria equipe em 1999. Porém, foi somente após oito anos que o presidente, treinador e atleta da Águia de Campina marcou seu primeiro gol, de pênalti, diante da tradicional Campinense.
O feito histórico não poderia ser contra um goleiro qualquer. Campeoníssimo pelo Palmeiras nos últimos cinco anos e hoje sem clube, Jailson era o arqueiro da Raposa em 2007. O placar —uma sofrida goleada por 5 a 1— foi só um detalhe, já que o único gol da Perilima naquela partida, aos 35 minutos do segundo tempo, foi também o único da carreira profissional de Pedro, à época com 58 anos.
"A torcida do time adversário me ovacionou. Futebol, você sabe como é. Essas coisas engrandecem e tornam o futebol mais interessante", contou o autor do marcante gol ao UOL Esporte em 2016.
Outro nome ilustre que vestiu a camisa do clube foi Marcelinho Paraíba, meia-atacante campeão por São Paulo e Grêmio. A primeira passagem ocorreu entre 2018 e 2019, e a segunda em 2020, quando se aposentou.
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