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ANÁLISE

Demétrio: ONG de Léo Moura recebeu mais verba que confederações olímpicas

Do UOL, em São Paulo

11/01/2022 14h26

Uma reportagem publicada no último fim de semana pelo jornal O Estado de S. Paulo, revelou que o Instituto Léo Moura, ONG do ex-jogador com passagens por clubes como Flamengo e Grêmio, foi a recordista de verbas da Secretaria Especial do Esporte entre 2020 e 2021, recebendo R$ 41,6 milhões para projetos de escolinhas de futebol, valor superior à soma do orçamento público das oito maiores confederações olímpicas brasileiras.

No UOL News Esporte, o jornalista Demétrio Vecchioli detalha por que a ONG de Léo Moura chama a atenção, apontando que ela serve para captar verba para a empresa Costa & Moura, de propriedade do ex-jogador e como funciona a arrecadação por meio de verbas públicas.

"Como empresas não podem receber recursos públicos federais, ele monteou uma ONG que no fundo é a mesma empresa, é o mesmo telefone, o mesmo gerente, o mesmo endereço, o mesmo e-mail, e essa empresa passou a receber verbas públicas com dinheiro do Luiz Lima (PSL-RJ), que é um deputado federal do Rio de Janeiro, ultrabolsonarista e que foi nadador. Ele começou passando verbas pequenas, R$ 2 milhões, até que passou a R$ 15 milhões por ano", conta Demétrio.

"Pelo orçamento secreto, alguns parlamentares passaram a gastar mais dinheiro do que isso e é um dinheiro que não é rastreável, por isso é chamado de orçamento secreto e vem do orçamento secreto grana para o Léo Moura, dado pelo Luiz Lima e pelo ex-presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP). Com um único convênio no Amapá, o Léo Moura recebeu R$ 14 milhões, ele vai montar 20 núcleos de escolinhas de futebol, mantendo para ficar lá por um ano", completa.

Em uma consulta a um treinador que trabalha com projeto voltado para crianças carentes no futebol, o jornalista afirma que houve a indicação de que há exageros nos projetos apresentados pela ONG.

"Eu conversei com um velho conhecido, o Pupo, ele é técnico da seleção brasileira de futebol social, o trabalho dele é montar uma seleção brasileira de jovens carentes e ele me falou que custam R$ 200 mil para manter uma escolinha. R$ 41 milhões é mais do que o orçamento público destinado às oito maiores confederações olímpicas brasileiras somadas, a Confederação de Vôlei ganha R$ 7 milhões", diz Demétrio.

"Para que 16 apitos? 16 sacos de bola. Um campinho de futebol tem duas traves, cada projeto tem oito redes de traves. Tem 70 camisetas de técnico para dois técnicos, por que precisa de 70 camisetas? São coisas que é muito claro que é superdimensionado e é superdimensionado de propósito porque o Léo Moura faz isso há muito tempo e aí vai um monte de dinheiro público que poderia ser investido em formação de atletas, poderia estar sendo usado em alto rendimento", conclui.