'Mãe da Copinha' cozinha para o time e cuida até da comissão técnica
"Toque de mãe" é o que faltava para o time de Assu, do Rio Grande do Norte, cravar seu nome na Copa São Paulo, que começou no dia 3 de janeiro e vai até o dia 25, aniversário da capital paulista. É o que diz Júnia Freitas, 42, mãe do principal jogador da equipe, DW, que marcou um golaço contra o Palmeiras na semana passada. Foi o único do time, contra seis alviverdes.
Apesar da derrota, o gol de DW foi uma consagração para o Assu após três dias de viagem para chegar em São Paulo. O trajeto será o mesmo na volta, que começa hoje (11), depois da partida contra o Real Ariquemes —às 13h, em Diadema (SP). "A Copinha é uma vitrine", afirma Júnia, que saiu do Recife para acompanhar mais um sonho do filho, de 18 anos.
O que Júnia não planejava era ganhar mais de uma dezena de filhos —não só os atletas, mas também a comissão técnica do time ficou sob os cuidados da mãezona. Em São Paulo, ela se tornou a cozinheira oficial do grupo, e foi Júnia quem tratou da gripe forte que pegou todo o elenco do Assu com a mudança brusca de temperatura.
"Quando chegamos à sede, os meninos estavam cansados. Três dias de viagem, pensa só? Percebi que faltava um toque maternal nos cuidados com aqueles garotos. Na hora, já decidi cozinhar. Enquanto eles tomavam banho, fiz um panelão de macarronada. Comeram que é uma beleza! Fiz suco, e aí pronto. Desde esse dia, me tornei cozinheira do time. Mas nada oficial, não, foi a primeira vez. Mas acho que agora vai ser sempre assim", conta Júnia, que sempre apoiou o filho no sonho de ser jogador de futebol.
Nem sempre foi fácil: David Washington, o DW, já marcou ponto em diversas cidades brasileiras. A família mora no Recife, e, aos oito anos, ele começou a treinar no Sport. De lá, foi para o Náutico. O menino fez um teste no Grêmio no começo de 2020, que não foi para frente devido à pandemia de coronavírus. Do Rio Grande do Sul, foi para Teresópolis e, depois, voltou para fazer parte do elenco do Nacional, de Porto Alegre. DW fez teste no Brasília, em São Paulo, mas foi para o Tupi, em Minas Gerais, time pelo qual disputou o campeonato mineiro sub-20 —e marcou seu primeiro gol no profissional. DW começou a jogar no Assu em julho do ano passado.
Desde pequeno, ele diz que quer ser jogador. Eu, como mãe, não poderia brecar isso."
A cada chegada e partida, era Júnia quem estava por perto. "Não podia ficar, mas sempre o levava. Deixava ele no alojamento e ia embora. Doía demais, era só ele sair de perto que eu desabava de chorar. Parecia que o mundo ia acabar. Mas eu não chorava na frente dele porque não queria que ele se preocupasse comigo. Queria que ele vivesse o sonho que tinha".
A mãe de todos
Assim que o time chegou a São Paulo, pouco antes da virada do ano, tanto os jogadores como a comissão técnica do Assu começaram a apresentar sintomas gripais. A mudança brusca no tempo —mesmo em dezembro, chovia e fazia frio— derrubou o elenco. Mas Júnia estava lá.
"Cuidei de todo mundo, até da comissão técnica. Fiz mel com limão misturado com um remedinho para gripe e vitamina C. Cuidei da alimentação, para que ficassem mais fortes e melhores rápido. Não demorou muito para que começassem a se recuperar, graças a Deus", conta.
Para o Ano-Novo, Júnia se prontificou a cuidar da ceia. "Muitos meninos no time nunca haviam saído de perto dos pais, ainda mais em uma época familiar como o Ano-Novo", explica. "Por isso, decidi preparar algo para que eles sentissem menos saudade de casa. Fiz creme de galinha e salpicão; refoguei o arroz, bem temperadinho, e foi uma festa. Eles jantaram e se divertiram. Claro que sentiram falta da família, mas nós também formamos uma".
Homenagem à mãe
O gol de DW, no finzinho do jogo contra o Palmeiras, foi uma surpresa bonita para a mãe. Além de ter visto o filho marcar em uma partida tão difícil —e não qualquer gol, mas um golaço—, foi presenteada com um coraçãozinho na comemoração do atleta. "Ele disse que foi uma demonstração de gratidão a mim e ao pai dele. Foi muito emocionante, ele é um menino de ouro".
O Assu volta para Rio Grande do Norte nesta terça. Para Júnia, mais três dias dentro do ônibus não são nada perto "da vitrine que é a Copinha". "É o sonho de cada um que está ali. Não é fácil chegar onde a gente chegou, então por mais difícil que seja a viagem, tenho certeza de que todos estão muito felizes pela oportunidade".
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