Covid-19 e miocardite: Qual é a relação entre doenças de lateral do Bayern
O lateral Alphonso Davies foi afastado dos treinos do Bayern de Munique após ser diagnosticado com miocardite, uma doença rara que inflama o coração e aparece com maior frequência em pacientes que tiveram covid-19.
A miocardite é uma inflamação da camada média da parede do coração e pode ser causada por uma infecção viral. A doença tem prevalência de apenas nove casos a cada 100 mil pessoas (portanto em 0,009% da população), mas em pacientes que tiveram covid-19 esta taxa sobe para cerca de 150 casos a cada 100 mil -portanto 0,146%, um risco quase 16 vezes maior do que para quem não contraiu covid-19. Os números são dos EUA, de um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência ligada ao Departamento de Saúde norte-americano.
"A miocardite permanece rara em pacientes com ou sem covid-19. No entanto, a covid-19 é um fator de risco forte e importante para miocardite, e este risco varia com a idade", diz o relatório do CDC, que aponta risco ainda maior para crianças e adolescentes até 16 anos e para adultos e idosos com mais de 50.
O estudo analisa a procura por consultas por miocardite em mais de 900 hospitais dos EUA: em 2020 este número foi 42% maior do que no ano anterior, e os picos correspondem exatamente aos picos de casos de covid-19. A maioria dos pacientes diagnosticados com as duas doenças as teve no mesmo mês, mas ainda é incerta qual exatamente é a consequência da covid-19 que desencadeia a miocardite com frequência maior do que o normal.
No caso de Alphonso Davies, o técnico Julian Nagelsmann já avisou que ele não estará disponível "nas próximas semanas", mas tranquilizou os fãs do lateral canadense pois a doença "não é tão dramática". A expectativa é que o jogador se recupere do quadro e volte a jogar normalmente, ainda que a previsão para o retorno não tenha sido divulgada.
Fake news sobre vacina e miocardite
A correlação entre covid-19 e miocardite tem sido usada para boatos e desinformação, principalmente quanto à vacinação de crianças contra o coronavírus. Vacinas da Pfizer e Moderna contra o coronavírus de fato parecem aumentar a incidência da inflamação, mas este risco é cinco vezes menor do que contrair a covid-19 em si. Em resumo, quem tem covid-19 tem muito mais chance de ter miocardite do que quem se vacina.
Nos EUA, entre uma e duas crianças a cada 100 mil são diagnosticadas por ano com miocardite. Segundo o CDC, este número tem sido ligeiramente maior na população de 5 a 11 anos vacinada contra covid-19 no país —foram 12 casos em 8,6 milhões de crianças—, mas o risco é muitas vezes maior para as crianças que contraem a covid-19 em si, entre as quais a miocardite é 30 vezes mais comum do que para as que não se infectam.
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