Vasco mexe no orçamento, prevê superávit maior, mas buraco no caixa cresce
O Conselho Deliberativo aprovou, ontem (17), por maioria, a proposta orçamentária do Vasco para 2022. O rito foi concretizado após a diretoria atualizar o documento apresentado aos conselheiros, já que havia erros reconhecidos pelo vice-presidente de finanças, Adriano Mendes.
Ao todo, a diretoria fez nove alterações, que envolveram projeção de receitas, de fluxo de caixa e do montante que é preciso ser captado no mercado para fazer a roda girar em 2022. Com os ajustes, a projeção de superávit do clube no ano aumentou de R$ 33,8 milhões para R$ 57 milhões. Isso é dentro do campo contábil, que é diferente de quanto entra nos cofres do clube durante a temporada e pode prever receitas que serão recebidas de forma parcelada. Mas, para fins de caixa, o problema aumentou: a defasagem foi de R$ 62 milhões para R$ 73,4 milhões.
O retrato mais fiel do cenário no Vasco está no fluxo de caixa. Para resumir, depois de verificar o quanto entra de dinheiro no caixa neste ano e quanto de contas/dívidas que o clube tem para pagar, veio a projeção de um buraco de R$ 73,4 milhões.
Para amenizar esse problema, o clube precisa turbinar a captação. E isso pode acontecer de diversas maneiras, como com uma boa performance desportiva e de bilheteria ou um melhor desempenho em marketing. Se a corda apertar, a solução pode ir ao mercado em busca de algum empréstimo.
Ajustes informados pela diretoria no novo orçamento de 2022:
1 - Aumento de R$ 10 milhões em direitos de transmissão (luvas). Segundo o clube, foi necessária a mudança para cumprir as normas contábeis em relação a um dinheiro recebido em 2016. Logo, não quer dizer que entrarão, na prática, mais R$ 10 milhões nos cofres do clube. Esse é um ajuste de lançamento contábil.
2 - Adição de R$ 3,2 milhões nos direitos de transmissão, por causa do Carioca. O clube disse ter atualizado a premissa considerando a negociação em curso para a edição 2022. O efeito líquido no superávit e no fluxo de caixa foi de R$ 2,9 milhões.
3 - O clube tinha lançado em 2022, equivocadamente, honorários de negociação com a CEDAE. A dívida foi contraída em 2021, logo, entra no balanço de 2021. Com isso, houve uma redução de despesas na casa de R$ 1,3 milhão e isso ajuda a aumentar o superávit. No entanto, como o pagamento efetivamente ainda não aconteceu, ele continua previsto no fluxo de caixa de 2022.
4 - O clube aumentou a previsão de verba necessária para acordos e rescisões para reformulação do elenco atual. Isso gerou um efeito de R$ 6 milhões de despesas a mais no caixa.
5 - Os contratos de venda de Arthur Salles e Talles Magno preveem bônus de performance. O Vasco esperava que a maior parte dos pagamentos viesse em 2021, mas isso não se concretizou. A projeção de R$ 9 milhões foi jogada para 2022, no item "repasse de direitos federativos" e tem impacto contábil e de caixa.
6 - O Vasco esperava receber em novembro R$ 7 milhões líquidos do Boavista, de Portugal, pela venda de Nathan Santos. Essa perspectiva passou para 2022 e afeta o caixa positivamente.
7 - O Vasco prevê que receberá pelo menos R$ 4 milhões referentes ao patrocínio master da Caixa, que estampou o uniforme em 2017. O dinheiro está preso porque o clube não tem Certidão Negativa de Débito (CND).
8 - Pagamentos em atraso na casa dos R$ 20 milhões, que o clube planejava quitar em 2021, mas, sem dinheiro, precisou empurrar para 2022, o que aumenta o volume de contas a pagar no ano. Logo, asfixia ainda mais o caixa.
9 - Houve ajuste nos valores previstos com salários, encargos e benefícios no futebol, outros esportes e administrativo. O montante é de R$ 7,8 milhões a mais a pagar no ano.
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