Antonio Tabet: Flamengo se comunica muito mal, passa uma imagem péssima
Antonio Tabet é conhecido pelo trabalho no Porta dos Fundos, mas tem uma relação antiga com o Flamengo, do qual se tornou torcedor na infância por influência do pai e atuou entre 2015 e 2018 como vice-presidente de comunicação do clube rubro-negro, com seu trabalho marcado pelo aumento dos números nas redes sociais e na Fla TV, canal no Youtube.
Na primeira parte da entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, Tabet fala sobre a sua ligação com o Flamengo, o trabalho que desenvolveu na comunicação rubro-negra, as dificuldades de trabalhar alheio a questões políticas internas, além de criticar a forma como o clube hoje se comunica com o seu próprio torcedor.
"Todo mundo acha que entende de comunicação, todo mundo acha que entende de marketing no clube de futebol e aí você vê isso refletindo em outros clubes. No Flamengo, a gente até conseguiu blindar isso direitinho, não sei hoje como está, aparentemente, não, eu não concordo com a maneira como a comunicação do Flamengo é feita hoje em dia, eu acho que o Flamengo se comunica muito mal, passa uma imagem péssima", diz Tabet.
"Péssima, pode ver que não raro você vê as pessoas falando que 'nossa, o Flamengo era o mais querido e agora não é e tal'. Eu acho que o Flamengo podia se posicionar de um jeito mais democrático, mais popular, mais de acordo com a sua torcida", completa.
Tabet diz que o problema não é apenas do Flamengo, mas dos clubes brasileiros em geral, citando até o caso no qual o responsável pela comunicação de um clube era dentista e que muitos clubes tratam como se comunicação e marketing fossem 'perfumaria'.
"Muita gente considera que comunicação e marketing hoje ainda são perfumaria, os caras acham que isso é mais irrelevante. Evidente, é mais irrelevante que o futebol, que é o carro-chefe do clube, nunca vai ser mais relevante que o futebol, mas tem uma relevância filha da puta e os caras não entendem isso", afirma.
"Eu lembro que tinha um clube, eu não vou dizer qual é porque não cabe, mas tinha clube do Brasil, clube grande, gigante, da Série A, que o vice-presidente de comunicação do clube era um dentista. O cara era dentista, de consultório, dentista era que trabalhava de vice de comunicação. Quem é que atendia no consultório dele era o Raul Gil?", ironiza.
Durante seu trabalho na comunicação do Flamengo, ele afirma que precisou organizar todo o departamento, rever as posições nas quais estavam os funcionários de então, além de procurar modelos de equipes esportivas que eram modelo na comunicação para fazer com que o clube da Gávea aumentasse o engajamento, além de alterar a forma de falar ao seu torcedor, inclusive com um perfil mais debochado nas redes sociais.
"O que a gente fez foi entender quais são as tendências do mundo, o que dá certo, o que dá errado, o que o New England Patriots faz no canal deles no Youtube? Isso é legal? É legal. A gente consegue adaptar? Consegue adaptar. O que a gente podia fazer que é a cara do Flamengo que ninguém faz? É uma música? É isso? É aquilo? Em entrevistas com os jogadores, vamos ser mais informais, vamos falar mais a língua das pessoas? Vamos ser um pouco mais debochados? Eu não vejo problema nisso", conta.
"Tem gente que odeia, mas eu quando cheguei lá, eu pedi para o perfil do Flamengo ser um pouco mais cáustico, ser um pouco mais provocativo quando ganhava um jogo, quando dava uma zoada, porque isso causa engajamento. Eu entendo que tem gente que fala assim 'não, seriedade e tal', mas eu não concordava e quem estava lá assinando era eu, quem estava com a caneta era eu, então eu pensava de um jeito, quem quiser, que pense de outro. Então eu mudei isso e deu muito certo", conclui.
O Dividida vai ao ar às sextas-feiras, às 10h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.
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