Tabet conta como virou VP do Flamengo: 'a comunicação estava uma zona'
Quem vê o Flamengo como protagonista nos dias atuais muitas vezes não se lembra qual foi a realidade do clube há uma década, quando as dívidas se acumulavam, a estrutura era precária e a desorganização era uma marca. Esta situação começou a mudar a partir de uma restruturação completa da qual Antonio Tabet foi chamado para fazer parte assumindo o cargo de vice-presidente de comunicação.
Na primeira parte da entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, Tabet fala das dificuldades no início pela situação na qual estava o departamento de comunicação do Flamengo, com funcionários em funções que não eram as deles e distante de um canal moderno com o torcedor pelas redes sociais.
"Quando eu cheguei no Flamengo, a comunicação do Flamengo estava uma zona. Uma zona inacreditável, as prioridades eram completamente outras e isso não era culpa dos funcionários que lá estavam. Era um ciclo vicioso, resquício ainda daquele Flamengo do passado que, infelizmente, não tinha sido mudado pelo vice-presidente que lá estava e que agora está lá de novo", diz Tabet.
"As prioridades eram falar com uma determinada rádio do Rio de Janeiro. As redes sociais... ninguém olhava para as redes sociais do Flamengo, o canal do Flamengo no YouTube era vergonhoso, um canal de iniciantes em uma faculdade era melhor. Eu fiz um trabalho de RH praticamente, eu cheguei no Flamengo, sentei com cada um dos funcionários, do estagiário ao gerente da área e falei assim 'o que você quer fazer? Você está no lugar certo? Você está fazendo a coisa que você gosta?' e eu percebi que estava todo mundo no lugar errado", completa.
Para organizar as redes sociais e a TV do Flamengo no YouTube, Tabet procurou profissionais que já faziam a função e apresentavam bons resultados em outros clubes brasileiros, levando o clube rubro-negro de figurante a protagonista nos canais de comunicação.
"Eu trouxe o Arnaldo Hase, que fazia a TV Palmeiras e a TV Santos, os canais de clubes com maior audiência na época. Contratei o Ricardo Taves, que era o cara que tocava as redes sociais do Corinthians, que eram as redes sociais que estavam na frente e era um cara que fazia muito bem. O Taves já estava de saco cheio lá do pessoal do Corinthians, o Arnaldo Hase tinha uma empresa que podia cobrir o Flamengo. Contratei os dois sem ultrapassar o mínimo orçamento que a gente tinha. Foi muito orgânico porque o Flamengo é um fenômeno", conta.
"O engajamento que o Flamengo tem, o número de torcedores, as necessidades deles. O Flamengo é impressionante como ainda hoje ele é uma força mal utilizada e a prova disso foi que a gente teve uma subida meteórica e com um time que não ganhava nada. A gente ganhou um carioca enquanto eu estive lá. Em determinado momento, o Flamengo, que era o sexto, sétimo, oitavo, em algumas redes sociais até nem existia, foi crescendo tanto que foi botando todo mundo para trás no Brasil e em um ranking de crescimento no mundo o Flamengo ficou em terceiro, perdia só para o Real Madrid e para o Manchester City", completa.
Antonio Tabet também teve de encarar o preconceito devido ao fato de ser humorista, além do tratamento de cobrança por ter uma função importante dentro do Flamengo, situações que causaram desgaste durante sua passagem pela vice-presidência.
"As pessoas acham que quando você assume um cargo, pelo menos no Flamengo é assim, você assume um cargo de vice-presidente, as pessoas acham assim 'agora está ganhando né? Está recebendo quanto? R$ 150 mil por mês para ficar palpitando e indo uma vez por semana no Flamengo'. Não é, você não ganha, eu não ganhei R$ 1 do Flamengo, não ganhei nada, o que eu ganhei do Flamengo foi camisa. Quando o Flamengo mudava de camisa, eu ganhava uma camisa do Flamengo na minha casa, foi isso o que eu ganhei para ser vice-presidente do Flamengo", diz.
"Você perde muita coisa, você perde tempo, é um estresse filha da puta, as pessoas não têm noção de como é estressante você ser dirigente de um clube de futebol, ainda mais um clube que demanda atenção, tempo e que tem a cobrança do Flamengo. No meu caso, eu ainda enfrentei esse tipo de preconceito, da hipocrisia de uma parte da imprensa, uma parte até das pessoas que estavam ao meu redor, porque se era difícil para elas acreditar que o cara do Porta dos Fundos poderia ser vice-presidente", conclui.
O Dividida vai ao ar às sextas-feiras, às 10h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no YouTube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.
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