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No Equador x Brasil, Tite revive aposta em camisa 9 jovem: de Jesus a Cunha

Matheus Cunha, atacante da seleção brasileira - Lucas Figueiredo/CBF
Matheus Cunha, atacante da seleção brasileira Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro

27/01/2022 04h00

Um jogo Equador x Brasil, uma necessidade de encontrar um dono para a posição de centroavante e uma aposta em um jovem. Esse roteiro já aconteceu na primeira partida de Tite como técnico da seleção brasileira e, cinco anos e meio depois, volta a se repetir, hoje (27), às 18h (de Brasília), em Quito. Se a tacada de 2016, que se mostraria certeira ao menos nos dois anos seguintes, envolveu Gabriel Jesus, a chance da vez está nos pés de Matheus Cunha.

A busca por melhores soluções ofensivas para o Brasil nesses meses que antecedem a Copa do Mundo do Qatar passa muito pela definição de quem será o centroavante. Hoje, a disputa está muito aberta. Inclusive, Cunha e Gabriel Jesus se tornaram concorrentes de uma lista que tem ainda Gabigol, Roberto Firmino, Richarlison e até Pedro, de quem Tite é admirador confesso.

Pelo conceito que o técnico da seleção tem de futebol, a ideia é trabalhar com um jogador aberto em cada lado, um articulador — que hoje será Coutinho, mas geralmente é Neymar — e um atacante mais centralizado.

Matheus Cunha foi titular pela primeira vez contra a Argentina, no empate por 0 a 0 que agradou o treinador, apesar da falta de gols. Tite já repetiu que, se tivesse algum vencedor em San Juan, teria que ser o Brasil. Gabriel Jesus, por sua vez, alterna entre a ponta direita e a faixa central do ataque, mas está devendo. O último gol pela seleção foi em julho de 2019, na final da Copa América. Contanto jogos nos quais ele entrou em campo, são 17 partidas de jejum.

Quanto ao "experimento" de Tite, há algumas diferenças sensíveis no momento em que a chance vem para Cunha e Jesus. Gabriel, à época, tinha 19 anos e ainda estava no Palmeiras, em um processo de maturação anterior ao momento atual de Cunha e só se transferiria ao fim daquele ano para o Manchester City. Matheus está com 22 anos e é um jogador já forjado no futebol Europeu: saiu do Coritiba para o Sion, da Suíça, destacou-se no RB Leipzig e posteriormente no Herta Berlin antes de desembarcar no Atlético de Madrid.

Em termos de seleção, ambos tiveram histórico na base e foram campeões olímpicos: Jesus é da geração de ouro da Rio 2016, enquanto Cunha foi titular do ataque na conquista em Tóquio 2020.

Parece paradoxal que o melhor ataque das Eliminatórias, com 27 gols em 13 partidas, viva essa indefinição na frente. A formação da vez, que tem Cunha, Vini Jr na esquerda e Raphinha pela direita, vai na linha do desejo de Tite de dar sequência para avaliar melhor o desempenho dos jovens.

"Do meio para trás se mantém, do meio para frente está se mostrando. Não vejo como ideia de futebol dois atacantes centrais e dois atacantes fixos onde existe lacuna no meio. Eu penso futebol com jogadores de lado que flutuem e organizem ou de frente que exerçam uma função criativa. Atacar é com quantos a gente chega, não quantos a gente tem", explicou o treinador.

No time espanhol, não dá para dizer que Cunha deslanchou. Mas entra com frequência nos jogos. No mais recente, contra o Valencia, sábado passado, fez um gol e deu uma assistência. Na temporada, são 24 jogos, cinco gols e três assistências, com 721 minutos em ação.

No City, Gabriel Jesus tem mais do que o dobro do tempo em campo: 1.509 minutos, distribuídos em 25 jogos. Só que os números não são expressivos, pois anotou seis gols e somou nove assistências na temporada.

Quando Tite apostou em Jesus, lá trás, não quis saber de idade. Valia o momento: Gabriel estreou com dois gols e não perdeu a titularidade até a Copa da Rússia. Só que recuperar esse status vai depender do insucesso da aposta atual de Tite, a começar por mais um jogo em Quito.

FICHA TÉCNICA:

EQUADOR x BRASIL
Competição
: Eliminatórias da Copa do Mundo, 15ª rodada
Local: estádio Rodrigo Paz Delgado (Casa Blanca), em Quito-EQU
Data/hora: 27 de janeiro de 2022, quinta-feira, às 18h (de Brasília)
Árbitro: Wilmar Roldán (Colômbia)
Assistentes: Alexander Guzman e Jhon Leon (ambos da Colômbia)
VAR: Leodan González (Uruguai)

EQUADOR: Alexander Domínguez; Angelo Preciado, Torres, Hincapié e Estupiñán; Gruezo, Caicedo, Allan Franco e Ayrton Preciado; Estrada e Enner Valencia. Técnico: Gustavo Alfaro

BRASIL: Alisson (Ederson); Emerson Royal, Éder Militão, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Fred e Philippe Coutinho; Raphinha, Vinicius Júnior e Matheus Cunha. Técnico: Tite