Antonio Tabet mudou o escudo do Flamengo: 'a cada camisa vinha de um jeito'
Do UOL, em São Paulo
28/01/2022 10h55
Antonio Tabet teve uma passagem que deixou marcas importantes como vice-presidente de comunicação do Flamengo, como a elaboração de um novo escudo e a padronização de peças que mudavam constantemente. Mas para isso, ele enfrentou resistência dentro do clube, além de precisar contornar tentativas de jeitinhos de pessoas que queriam ter o escudo remodelado antes mesmo de seu lançamento oficial.
Na segunda parte da entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, Tabet conta que o incomodava o fato de a cada novo lançamento de camisa do Flamengo o escudo ser desenhado de uma forma diferente e descobriu que não havia um manual de marca que padronizasse a apresentação do símbolo do clube.
"O que me incomodava como torcedor é que eu via que toda vez que o Flamengo lançava uma camisa nova, aquele CRF vinha de um jeito, como eu gosto de dizer, e eu falo palavrões, eu falo assim 'à la caralha?, o escudo vinha de qualquer jeito. Era o CRF mais aberto, mais fechado, as linhas eram mais grossas, menos grossas, tinha hora que os caras faziam a perninha do R arredondada com uma curva gigante, hora que fazia reto, era uma zona, era o retrato do Flamengo, da zona que era o Flamengo?, diz.
"Aí eu cheguei lá e falei assim ?vem cá, a gente tem um manual de marca do Flamengo??. Não tinha um manual de marca. Não tinha manual de marca, tinha um rascunho do escudo que alguém tinha feito no início dos anos 1990 e que mesmo assim não era respeitado, ninguém pegava, ou seja, os fornecedores de material esportivo do Flamengo ou de licenciamento do Flamengo, faziam o CRF de acordo com o designer deles lá, o cara pegava um escudo do Flamengo, uma referência na internet qualquer, ele refazia e fazia do jeito que fosse?, completa.
O humorista contou com a ajuda de dois designers para identificar ajustes no escudo e então precisou enfrentar a resistência contra a mudança no escudo de diferentes formas dentro do Flamengo.
"Começou a rolar aquele bochicho, 'vão mudar o escudo do Flamengo'. Aí começa de novo a encheção de saco política dentro do clube, teve gente me atacando nas redes sociais, falando assim 'esse cara já quer mudar, quem ele pensa que é para mudar o escudo do Flamengo?' Tem gente que reclama, de novo a tatuagem, o cara tinha tatuado o escudo antigo e ele não quer que mude porque o que importa é a tatuagem dele, o cara não quer que mude, ele é mais importante, entendeu??, ironiza.
"Encheram o meu saco para caramba e aí foi um pé no saco para mudar esse escudo porque em determinado momento eu me vi na frente do Conselho Deliberativo do Flamengo, fazendo uma apresentação lá para 400 pessoas, explicando a mudança do escudo, o processo, o que o Flamengo ia ganhar com isso, que o escudo do Flamengo não estava mudando para um círculo azul ou que não tinha uma faixa diagonal com uma cruz de malta, que não era nada disso. Eu estava explicando isso para 400 pessoas e em algum momento sendo inquirido por algumas com perguntas completamente ignorantes por gente que não entende nada do assunto", completa.
Apesar de todos os problemas enfrentados, Tabet afirma que hoje se reconhece que a modernização do escudo foi um acerto de seu período na vice-presidência de comunicação. Ele também afirma que se voltasse a cuidar da comunicação do clube, promoveria novas mudanças nos escudos do clube da Gávea.
"Volta e meia eu pensava ?cara, o que eu estou fazendo aqui? Por que eu estou aqui? Eu podia estar com meu filho, vendo uma série'. Eu pensava isso de verdade, mas eu fui até o fim e eu consegui, a gente mudou o escudo e hoje não há uma pessoa que não reconheça que foi um trabalho muito bem feito e quando vê o escudo antigo fica até incomodada, a pessoa vê o escudo antigo na televisão e fala 'pô, mas o escudo aí está errado', porque agora já se acostumou com olhar novo porque há pequenas diferenças", diz Tabet.
"É aquela velha história, Deus está nos detalhes e a gente mudou esses detalhes do escudo do Flamengo e ficaram muito bons. Se eu voltasse um dia para a comunicação do Flamengo, eu iria propor criar um escudo novo, mantendo esse que está aí hoje, mas ia criar um escudo novo para, sei lá, para usar nas redes sociais ou nos e-Sports, fazer alguma coisa porque eu acho que o Flamengo, de novo, é uma potência e que não olha para bolas que estão constantemente quicando e que amanhã pode ser tarde demais", conclui.
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